Quando coisas estranhas começam a acontecer.

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Nota inicial:

Me perdoem e me notifiquem a qualquer erro, boa leitura!!

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A escola é um lugar barulhento, especialmente no horário de almoço. Sarocha tenta o seu melhor para fugir do caos. Ela sempre leva seu almoço para o lado de fora da cafeteria, achando uma boa sombra debaixo da árvore que possui alguns ramos de flores do lado, o cheiro lhe agrada. Deixar seu livro no chão sempre lhe causa um leve sofrimento, é por isso que ela costuma comer rapidamente, apenas para poder tomar o livro em suas mãos o quanto antes e prosseguir com sua leitura.

Enquanto Sarocha mergulha no mundo do livro que lê, Rebecca roda pela cafeteria como se estivesse adentrando o local pela primeira vez. A sua tentativa de fugir de Nat ou qualquer outra pessoa que sabe do ocorrido na festa está se tornando algo muito estressante. Rebecca está se arrependendo de ter imaginado tanto como seria ter um grande segredo que tira seu sono. Sua cabeça vira de um lado para o outro, falhando em encontrar uma mesa vazia. Quando seus olhos encontram a janela que dá a visão para o pátio externo da escola, um sorriso se abre em seus lábios.

A leitura está tomando a total atenção de Sarocha, seus dentes mordem a parte interna de sua bochecha repetidamente e ela não nota uma figura se aproximando e fazendo mais sombra na sua frente. Rebecca coça a garganta discretamente, sorrindo quando Sarocha olha para cima com um dos olhos fechados, tentando se proteger da claridade da manhã. O contato visual, dura por apenas cinco segundos, pois Sarocha logo volta a atenção para sua leitura. Estranhando o comportamento de Sarocha, Rebecca deixa seus ombros caírem enquanto franze as sobrancelhas. Ela ignora o óbvio desinteresse da outra garota em relação à sua presença e se senta ao lado dela, também apoiando as costas no espesso tronco da árvore.

"Eu posso me sentar aqui, com você?" Rebecca pergunta, apesar de já ter se sentado. Sarocha apenas olha de relance para a garota ao seu lado e assente levemente. Rebecca tem um cheiro agradável e seu tom de voz é prazeroso de se ouvir, isso é importante para Sarocha, visto que ela sofre de misofonia e hiperosmia. Os cientistas provavelmente a considerariam uma raridade se tratando de percepções sensoriais, uma pessoa que possui hipersensibilidade auditiva e olfativa.

O silêncio toma o ambiente por alguns minutos, Sarocha concentrada em seu livro e Rebecca em seu almoço. Mal sabe Sarocha que sua paz está fadada a terminar assim que Rebecca terminar de comer.

"Eu estou tentando fugir do Nat..." Rebecca comenta enquanto fita a página do livro que Sarocha lê. "E outras pessoas."

Sarocha volta a assentir, desta vez, sem tirar os olhos de seu livro. Isso faz Rebecca se lembrar da noite da festa, quando ficou no quarto com Sarocha, tentando puxar conversa, mas falhando miseravelmente, pois a outra só estava interessada no livro que lia.

"Você é muito tímida?" Quando Rebecca se deu conta, a pergunta já havia deixado sua boca.

"Como?" Sarocha entendeu a pergunta, só quer mesmo saber de onde ela veio.

"Você não fala muito e está sempre sozinha..." Rebecca olha para baixo, temendo que suas palavras possam ofender Sarocha.

"Eu acredito que não muito." Sarocha responde. "Eu apenas prefiro ficar sozinha e falar somente quando preciso." Ela espera Rebecca murmurar para que possa voltar à sua leitura.

O silêncio toma as duas estudantes novamente, e as manias começam a transbordar, Sarocha mordendo o lado interior da bochecha e Rebecca estalando os dedos. O som incomoda Sarocha imediatamente e, sem nem mesmo perceber, ela coloca sua mão por cima das mãos de Rebecca, surpreendendo a mais baixa.

"Não faça isso." O tom de Sarocha é rígido e os olhos, fuzilantes.

"Desculpa." Rebecca não pode negar que ficou um pouco amedrontada com o olhar frio que recebeu.

Aquilo que se encontra quando não se está procurando.Onde histórias criam vida. Descubra agora