Quando uma adolescente tem a primeira "conversa" e o primeiro desentendimento.

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Nota inicial:

Atualização rapidinha. Espero que gostem. :)

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Assim que adentra o quarto, Sarocha se joga de cara na cama. Ela está exausta. Não por ter andado muito, mas porque realmente não está acostumada a deixar a casa, ou se exercitar, ou ao menos movimentar seu corpo quando não precisa. Ela perdeu a conta do número de estabelecimentos que adentrou desde que começou a procurar um emprego. Mas, uma hora ou outra, acredita que alguém ligará. Pode demorar um pouco, visto que ela é uma adolescente com nenhuma experiência.

Pelo menos, fazer a procura diária é um jeito dela se manter ocupada. Já faz três dias que Rebecca deixou a cidade, e elas não se falaram desde que a última ligou para avisar que havia chegado bem. Rebecca está muito ocupada, e Sarocha entende. O que aconteceu na noite em que Rebecca ligou está sempre pairando por sua mente, mas ela não faz nada sobre isso. Sarocha sente que, na primeira vez que for sentir esse tipo de prazer, deve ser com Rebecca.

Já faz certo tempo que ela tem notado o retraimento por parte de Rebecca, que tem medo de passar dos limites. Sarocha está certa de que a iniciativa terá que partir de sua parte. Porém, existe o grande problema de colocar a teoria em prática.

Após um longo suspiro, as mãos de Sarocha se apoiam na cama para que ela possa impulsionar o corpo para cima e se levantar. Ela fica inerte por alguns segundos, e depois olha para sua mesa, onde descansa o livro que Rebecca lhe deu e o relógio, indicando que a hora do jantar se aproxima.

Sarocha imagina se seu pai está em casa. Ela gosta de conversar com ele, porém, precisa entrar em um assunto que deve ser discutido com a sua mãe, pois existem dois problemas: seu pai não sabe sobre seu namoro com Rebecca, e provavelmente não conseguirá tirar todas as suas dúvidas.

Então ela desce as escadas, vasculhando os cômodos até encontrar sua mãe na cozinha. "Papai não chegou?" Sarocha inicia a conversa, se sentando na frente do balcão e assistindo sua mãe andar de um lado para o outro.

"Ainda não." Sra. Chankimha murmura, aparentemente concentrada em sua tarefa.

"Hm..." Sarocha emudece, sem saber como iniciar o assunto que deseja.

"Já que você desceu, venha aqui me ajudar." Sra. Chankimha estica uma faca para Sarocha, que se levanta lentamente e vai até a pia, lavando as mãos antes de pegar a faca e começar a cortar os legumes em cima da tábua.

"Mãe," Sarocha olha de relance para a mulher, que arqueia as sobrancelhas, incentivando-a a prosseguir. "Você acha que... existe uma idade adequada para fazer... certas coisas quando se está namorando?"

"Certas coisas?" Sra. Chankimha provoca, mesmo enxergando o rosto de sua filha ganhando de dez a zero de um pimentão.

"É. Você sabe..." Sarocha não tira os olhos dos legumes que corta em cima da tábua.

"Eu tenho uma ideia," Sra. Chankimha diz. "Mas você precisa especificar de qual coisa está falando."

"Você sabe..." Sarocha murmura. "Acha que existe uma idade certa para perder a virgindade?"

"Ah... então, a coisa é sexo." Sra. Chankimha comenta, mesmo que já soubesse. "Eu acredito que é algo muito subjetivo. Apesar de que, o mais comum, em termos de média, é perder na sua faixa etária." Ela explica.

"É, disso eu sei bem." Sarocha diz, pois o assunto é muito discutido na escola, todo o papo que diz 'se você ainda é virgem, é um perdedor' e, infelizmente, Rebecca foi mais uma vítima da falácia.

"O que você acha?" Sra. Chankimha pergunta.

"Eu não sei." Sarocha dá de ombros.

Um silêncio se instala entre as duas, e Sra. Chankimha olha de relance para a filha, estando certa de que existe algo faltando para encerrar a conversa.

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