Pela primeira vez na vida, Sarocha não está interessada em sua leitura. Ela tentou se concentrar em seu livro, mas a cada vibração do celular, desesperadamente checava se era uma mensagem de Rebecca, mas nunca era.
Sarocha não necessariamente troca mensagens com ninguém, então tudo o que ela recebe são mensagens do grupo de sua classe da escola. E hoje, parece ser uma piada cruel ver que a maioria das mensagens são fotos enviadas por Tara, consistindo dela tirando fotos de Rebecca quando a última está dispersa demais para perceber.
Depois de fechar o seu livro e colocá-lo de volta na prateleira, Sarocha se deita de bruços, com o queixo por cima das costas da mão, e encara seu celular, ansiando pelo momento em que uma ligação de Rebecca chegará.
Mas não chega. Sarocha esperou, esperou... e esperou. A noite caiu, ela tomou seu banho, jantou, estudou, fez tudo o que normalmente faz, mas nada de mensagem ou ligação de Rebecca.
Já preparada para dormir, Sarocha decide deixar seu celular em cima do travesseiro desocupado, já que a cama é muito grande para ela apenas. Fica imaginando por que Rebecca não cumpriu sua promessa. Será que ficou ocupada demais? Algo sério aconteceu? Ela se esqueceu? Não... Rebecca não esqueceria.
Ao longo da tarde e noite, Sarocha foi constantemente atingida por uma pontada de determinação e pegava o celular, pronta para enviar uma mensagem para Rebecca, mas sempre desistia antes de escrever a primeira palavra.
Coragem nunca foi seu forte. Tomar uma iniciativa é algo complicado para quem se encaixa muito bem dentro da covardia. Rebecca é mais corajosa do que ela, por isso, é melhor deixar que ela tome as rédeas. Sarocha só precisa saber o que aconteceu para impedir Rebecca de falar com ela.
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"O que você faria?" Nam pergunta.
"O quê? Se o mundo estivesse acabando?" Rebecca faz uma pergunta que é basicamente retórica. "Eu acho que me despediria de todo mundo que amo." Ela dá de ombros.
"Ah... sério. Tão brega." Nam revira os olhos.
"Tudo bem, o que você faria, então?" Rebecca pergunta.
"Eu sairia pelada pela rua." Nam dá risada quando Rebecca quase cospe a água que tinha na boca.
"O quê? Por quê!?" Rebecca não consegue entender a loucura de sua amiga.
"Por que não?" Nam responde com outra pergunta. "Ei, Noey!" Ela chama sua amiga, que adentra a sala bem no meio do assunto. "O que você faria se hoje fosse seu último dia na Terra?" Ela observa Noey se sentando ao lado de Rebecca.
"Hm... uma coisa bem louca," Noey diz. "Tipo roubar tudo o que eu sempre tive vontade de ter ou comer." Ela se alegra quando Nam gosta de seu desejo.
"Vocês são loucas?" Rebecca está indignada com as respostas das duas.
"Provavelmente." Noey responde. "Mas meu psicólogo diz que não."
"Você tem um psicólogo?" Rebecca arqueia uma das sobrancelhas. "Por quê?"
"Ei, isso é confidencial!" Noey aponta um dedo ameaçador na direção de Rebecca. "Eu sou uma mulher muito atarefada, tudo bem? Muitos problemas na cabeça que preciso organizar."
"Atarefada?" Rebecca ri, debochando do que sua amiga disse. "Você fica inventando receitas porque não tem nada para fazer."
"Não, senhora." Noey discorda. "Eu invento receitas porque tenho uma mente genial."
"Você tinha que provar algum dia desses." Nam incentiva. "São muito boas... apesar de que algumas quase me fizeram terminar no hospital." Ela estremece só de lembrar.
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Aquilo que se encontra quando não se está procurando.
RomanceRebecca sente que está ficando louca desde que os pensamentos começaram a consumi-la. Não gostou de perder sono, mas amou imaginar a mão de Sarocha junto da sua, e seus braços sendo capazes de envolver o corpo que é maior do que o seu. Enquanto imag...