Aquilo que se encontra quando não se está procurando.

Quando, pela primeira vez, dois corpos se fundem em um.

Nota inicial:

Hoje é o meu aniversário, então acho que podemos comemorar com esse capítulo... Espero que gostem, e se contenham nos comentários!!

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Caminhando em total silêncio, Sarocha olha para cima, mas tem dificuldade de apreciar o céu escurecido que esconde a luz solar. Ao seu lado, Rebecca olha para o chão, tomando cuidado para não pisar em nenhuma rachadura. Ela enviou uma mensagem para sua namorada, pedindo que se encontrasse com ela, pela tarde, perto do rio Chao Phray.

Enquanto caminham na direção do lugar onde sempre ficam, Rebecca percebe algo diferente. Geralmente, Sarocha discretamente estica a mão para segurar seu mindinho, mas hoje, ela não está se importando com isso.

Assim que alcançam a árvore, elas se sentam em silêncio. Sarocha abraça os joelhos e vira o rosto para observar o rio e Rebecca puxa um pouco da grama sob seus pés, rasgando-as enquanto cruza as pernas.

"Meu pai vai morar em Ayutthaya." Rebecca diz para quebrar o silêncio. "E... ele chamou Mew e eu para morarmos com ele."

"E o que você disse?" Sarocha continua com o rosto virado para o outro lado.

"Mew aceitou na hora, e eu não disse nada." Rebecca responde. "Na verdade, eu disse que iria pensar."

"E você pensou?" Sarocha pergunta.

"O quê?" Rebecca ri da pergunta. "Eu disse que iria pensar apenas para não dizer um não bem na cara dele. Sarocha, eu não vou me mudar daqui. Minha mãe está aqui, minhas amigas... e você."

"Você se aproximou muito dele nestas férias, não foi?" Sarocha finalmente vira o rosto para olhar sua namorada.

"Foi." Rebecca sorri, os olhos ainda focados na grama que seus dedos rasgam. "Foi a primeira vez que ele teve um interesse real em mim. Sabe... das coisas que eu gosto, dos meus problemas, e não as coisas erradas que eu faço."

"Hum..." Sarocha consegue abrir um leve sorriso, contente por saber que Rebecca conseguiu se aproximar do pai. Ela deita a cabeça por cima dos joelhos e observa sua namorada rasgando as folhas de grama.

"Você já pensou que..." Sarocha hesita um pouco, e encara um pouco os olhos de Rebecca quando a última olha na sua direção. "Pode ser mais fácil morar com ele?"

"Como assim?" Rebecca franze as sobrancelhas.

"De vez em quando você deve pensar que, se estivesse namorando com um garoto, tudo seria mais simples. Em Ayutthaya, seria assim... mais simples." Sarocha explica.

"Eu não acredito nisso." Rebecca ri em incrédulo. "Você acha mesmo que eu penso nisso?" O tom de Rebecca revela que ela se sente ofendida.

"Eu sei que você pensa, Rebecca." Sarocha insiste, mas Rebecca balança a cabeça negativamente e volta a olhar para baixo, pegando mais um pouco de grama para rasgar.

"Tudo bem. Mas você também pensa." Rebecca diz.

"Mas a diferença é que eu quero fazer algo sobre isso." Sarocha argumenta e recebe apenas o silêncio por parte de Rebecca.

"Rebecca, olha para mim." Sarocha pede, e espera Rebecca teimosamente terminar de rasgar as folhas de grama antes de olhar na sua direção. "Você pode fazer do jeito que eu fiz. Comece contando para a sua mãe."

"Eu não posso. Ela não aceitaria." Rebecca nega com a cabeça.

"Mas como você pode ter tanta certeza?" Sarocha pergunta.

"Eu conheço a minha mãe, Sarocha." Rebecca diz antes de, mais uma vez, desviar os olhos para baixo. Ela volta a puxar a grama, agora, rasgando-a com mais força.