Quando uma adolescente consegue sentir um pingo de paz em meio a todo seu caos.

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Rebecca deixa a casa de Sarocha sem a menor intenção de voltar para a sua, então ela decide voltar para a festa de Heidi, na esperança de ter pelo menos a certeza de que Nam não está ainda pior. Olhando para o chão enquanto caminha, a cada vez que sua perna direita toma a frente e fica completamente no seu campo de visão, Rebecca consegue ver a marca que a boca de Sarocha deixou na parte interna de sua coxa, e ela tem vontade de adiantar seu choro que certamente chegará mais tarde.

Assim que alcança a casa de Heidi, Rebecca encontra a porta já fechada, mas não trancada. Ela gira a maçaneta e tenta não fazer nenhum barulho quando se depara com Heidi e mais duas outras garotas cochilando no sofá. Ela pisa na ponta do pé até arrastar a porta de correr de vidro que dá para o espaço onde fica a piscina.

Seus olhos caem na piscina, que já vazia, mostra alguns copos plásticos flutuando em sua superfície. Caminhando para onde Nam estava com o grupo de pessoas, Rebecca encontra duas delas deitadas em cadeiras de praia, em profundo sono, olha em volta, mas não avista sua amiga.

Alguns barulhos distantes e abafados que parecem ser tosses e gemidos de agonia chamam a atenção de Rebecca, e ela roda por todo o espaço até encontrar o banheiro que fica do outro lado da piscina. A porta está fechada e ao abri-la lentamente, Rebecca precisa força-la um pouco porque existe algo travando a abertura.

É o pé de Nam, e quando finalmente consegue abrir a porta para olhar dentro, Rebecca precisa se virar de costas e tirar um segundo para se preparar. Ela coloca ambas as mãos nas cinturas e sopra o ar, piscando várias vezes para espantar as lágrimas.

"Meu Deus..." Rebecca se abaixa ao lado de Nam, que está deitada de bruços no chão sujo do banheiro, com uma toalha molhada cobrindo sua cabeça, a qual é cuidadosamente removida pela mão de Rebecca.

Se ajoelhando no chão, Rebecca puxa Nam pelos ombros e deita a cabeça dela em cima de suas coxas, sentindo os tremores do corpo magro e frágil que está segurando. "Nam..." Rebecca chama por sua amiga, que consegue abrir os olhos muito vagamente e guiá-los para cima.

"Ei... Becbec." Nam sussurra e força um sorriso.

"Você consegue se levantar?" Rebecca pergunta e tenta puxar Nam, mas em vão. "Eu preciso te levar para casa."

"Não... casa não." Nam volta a fechar os olhos. "Aqui é melhor." Nam se refere ao chão molhado e sujo.

"Deixa eu te levar para a minha casa então." Rebecca diz.

"Não, não, não..." Nam balança a cabeça contra as coxas de Rebecca enquanto choraminga.

"Nam," Rebecca grunhe e se esforça para sentar Nam e apoiar as costas dela na parede, logo depois levantando a cabeça dela com as mãos. "Olha nos meus olhos, você está sentindo alguma coisa?"

Rebecca espera até que Nam abra os olhos novamente e lhe encare com uma expressão morta nos olhos, balançando a cabeça negativamente enquanto ri de um jeito desolado. "Não, nada... eu não sinto nada." Ela continua a rir enquanto sente as lágrimas se acumulando em seus olhos, e assiste Rebecca lhe olhar de um jeito confuso e desesperado.

"Vamos sair daqui," Rebecca insiste em tirar sua amiga do local sujo. "Você consegue ficar de pé?"

"Ah..." Nam dá alguns socos na coxa de Rebecca e solta um ganido agonizante. "Me escuta, Rebecca!" Ela desaba em um choro alto e desolado e continua a socar a coxa de Rebecca, mas de tão fraca que está, está certa de que sua amiga não sente mais do que um formigamento. "Me ajuda..." O choro engole o resto da frase de Nam, e ela coloca a cabeça contra o peito de Rebecca, sentindo os braços dela envolvendo seus ombros.

Nam encolhe os braços entre seu corpo e o de Rebecca enquanto não faz nada para conter suas lágrimas de completo desespero. "Me ajuda, por favor..."

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