Quando uma adolescente sente que se tornou um fardo.

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Rebecca olha para Sarocha de um jeito apavorado e aperta os braços dela quando escuta a voz de sua mãe. Imediatamente, Sarocha tira as mãos dos bolsos de sua namorada e pega as mãos dela, sentindo-as suar frio.

"É minha mãe..." Rebecca sussurra, mesmo tendo certeza de que Sarocha sabe.

"Eu sei." Sarocha aperta um pouco as mãos de Rebecca. "Você não precisa ir até lá se não quiser." Ela assiste sua namorada olhar para a saída da cozinha de um jeito aflito e molhar a garganta seca.

"Eu acho melhor eu ir." Rebecca se decide. Ela assiste Sarocha assentir com a cabeça e segurar uma de suas mãos enquanto segue para fora da cozinha.

"Ah, Rebecca, aí está você!" Sra. Armstrong suspira em alívio ao ver a filha. "Eu estava morrendo de preocupação."

Rebecca cessa os passos e segura a mão de Sarocha com força, parando logo na saída da cozinha e ficando distante de sua mãe.

"Desculpa... eu deveria ter avisado que iria sair." Rebecca quase sussurra, não tendo certeza de que sua mãe conseguiu lhe escutar.

Parada na porta, segurando a maçaneta, Sra. Chankimha olha bem para a filha, e depois para Rebecca, analisando bem os semblantes apavorados das adolescentes.

"Rebecca, está ficando tarde, vamos para casa." Sra. Armstrong levanta o braço, e com a mão, gesticula para que sua filha se aproxime.

"Eu vou dormir aqui hoje." Rebecca dá um passo para o lado e meio que se esconde atrás de Sarocha, ainda segurando a mão dela.

"Outro dia, tudo bem? Você já passou o dia todo aqui. Vamos embora." Sra. Armstrong mantém um tom calmo e continua gesticulando com a mão.

"Não... deixa eu ficar aqui." Rebecca implora, sentindo o dedão de Sarocha deslizar pelas costas de sua mão, tentando lhe acalmar.

"Rebecca, por favor..." Sra. Armstrong suspira de um jeito cansado e tenta mais uma vez. "Outro dia. Hoje você precisa voltar comigo."

"Não, se eu voltar você não vai me deixar sair de novo." Rebecca olha para Sra. Chankimha de relance e depois abaixa a cabeça, sem ter coragem de olhar para a mãe.

"Eu não estou com paciência para isso..." Sra. Armstrong murmura entredentes. "Rebecca, você vai terminar essa palhaçada agora e voltar para casa comigo." Ela comanda em um tom mais firme.

"Ela não quer ir para casa." Sra. Chankimha decide intervir.

"Tudo bem, mas eu não estou pedindo." Sra. Armstrong diz. "Ela é minha filha. Você acha mesmo que pode me impedir de levar minha filha embora?"

"Se ela está sendo abusada e ameaçada dentro da própria casa, sim, eu posso." Sra. Chankimha também engrossa a voz.

"Pois saiba você que eu nunca encostei um dedo nela. E nem o pai." Sra. Armstrong argumenta.

"E quem foi que disse que agressão física é o único tipo de abuso que existe?" Sra. Chankimha dá um passo para frente e assiste a mulher mais velha fuzilar seus olhos.

"Eu não lhe devo satisfações sobre isso. Rebecca –"

"O que está acontecendo?" Sra. Armstrong rapidamente se vira quando uma voz masculina pergunta logo às suas costas. "Com licença." Sr. Chankimha passa bem ao lado de Sra. Armstrong pela porta e adentra a casa, se posicionando ao lado da esposa e olhando de relance para Rebecca e Sarocha. "O que houve?"

"Nada demais, eu só vim buscar minha filha." Sra. Armstrong responde. "Rebecca, vamos. Agora."

"Não. Deixa eu ficar aqui... por favor." Rebecca morde o lábio inferior depois de falar, tentando controlar o tremor deles.

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