Quando duas adolescentes começam a notar os obstáculos.

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TW: Cena de homofobia no meio do capitulo, leia com cautela.

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"Então, como andam as coisas com Rebecca?"

"O quê?" Sarocha se vira para o pai com olhos amedrontados.

"Rebecca... sua amiga." Sr. Chankimha repete, um pouco confuso pela aparente surpresa de sua filha.

"Ah, sim." Sarocha suspira em alívio. "Tudo bem, estamos bem."

"Bom." O homem sorri contente. "Ontem ela pareceu bem mais confortável do que a primeira vez que foi na nossa casa."

"Suponho que sim." Sarocha concorda. "Ficamos mais próximas desde a primeira vez." Ela vira o rosto para a janela do carro, não querendo que seu pai veja seu sorriso estúpido.

"Isso é bom." Sr. Chankimha assente algumas vezes, permanecendo em silêncio enquanto faz uma curva para adentrar a rua da escola e segue reto por alguns segundos. "Sabe, agora que você... faz parte de um grupo, tem uma melhor amiga... e coisas desse tipo, acho que eu deveria falar com você sobre drogas, festas... relações sexuais."

"Por favor, não." Sarocha já leva sua mão até a trava da porta do carro, não gostando nada do caminho que a conversa está tomando.

"Sarocha, eu entendo que é desconfortável falar sobre isso, mas precisamos. Já pensou se você se descuida em uma festa e acaba fazendo coisas das quais se arrependerá depois?" Sr. Chankimha tenta induzir sua filha para a conversa.

"Sim, pai. Eu tenho plena consciência de que atos possuem consequências." Sarocha diz. "E eu não preciso de uma aula sobre... tentações da adolescência, tudo bem?"

"Eu só me preocupo, porque até uma garota centrada e madura como você pode ser levada a caminhos precipitados, por causa de, você sabe... hormônios." Sr. Chankimha está tão desajeitado quanto Sarocha no meio da conversa.

"Ai, meu Deus..." Sarocha se vira de costas para o pai e rapidamente deixa o carro. "Por favor, diga para a mamãe que você já me falou tudo o que queria, porque com ela seria dez vezes pior."

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"Como andam as notas?" Sr. Armstrong já vai direto no que lhe interessa.

"Razoáveis." Rebecca não mente, sorrindo desdenhosamente quando o pai estreita os olhos na sua direção.

"Tara não costumava te ajudar? Por que eu não a vejo lá em casa mais?" O homem pergunta.

"Eu estou tentando me esforçar sozinha." Agora, Rebecca mente.

"Hm..." Ele murmura, não engolindo muito bem a desculpa. "E aquela garota que foi na nossa casa algumas semanas atrás? Ela é inteligente?"

"Sarocha? Muito. Talvez até mais do que Tara." Rebecca reflete.

"Você deveria pedir ajuda para ela." Sr. Armstrong sugere.

"Pai, minhas amigas não são professoras particulares." Rebecca revira os olhos. "Eu prefiro me divertir com elas do que ficar pedindo favores."

"Diversão..." Sr. Armstrong balança a cabeça negativamente. "Diversão não te leva a lugar nenhum. Falando nisso, eu e sua mãe ainda estamos pensando em um castigo para aquela festa onde você se divertiu tanto que acabou chegando uma hora mais tarde."

Rebecca de repente se lembra da festa, do quarto, de Nat, estando certa de que aquilo não é sua definição de diversão.

"Espero que essa diversão sua não tenha te levado a fazer nenhuma besteira." Ouvindo o pai, Rebecca não pode deixar de engolir em seco, se sentindo nervosa pela possibilidade, mesmo que seja baixa, de seus pais descobrirem sobre o ocorrido na festa.

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