Gizelly
–- Vá embora!.- Ordenou Jaqueline.
Eu nem mesmo me movi, continuei deitada no divã do seu consultório olhando um ponto aleatório no teto. Havia uma mancha ali que estava me incomodando, ou talvez eu acreditasse que seria aquilo que estava me deixando inquieta.Mas, se eu estivesse no meu escritório ou na minha casa aquele pontinho no gesso não estaria me irritando.
- Gi.
- Hm.
- É, serio, eu tenho um paciente daqui a pouco você, você precisa ir.
- Já viu aquela mancha no teto?
Jaqueline não me respondeu, o que me
obrigou a encará-la.Minha amiga estava sentada em sua poltrona me olhando com uma sobrancelha erguida.
- É sério, tem uma mancha ali.- Apontei.
Ela nem piscou, mas seus olhos tinha uma curiosidade irritante.- Ok, você tem dez minutos.- Afirmou impaciente. - E eu vou te colocar pra fora.
- Sabe que não conseguiria.- Rebati.
- Não me desafie Gizelly.
Bufei e voltei a olhar o teto. Minha cabeça estava dando voltas e mais voltas há duas semanas. Desde que levei Rafaella ao hospital para cuidar do seu pulso depois que se machucou ao cair.
- É a Rafa.
- O que tem ela?.- Perguntou-me confusa.
- Ela tem um filho.
- Não sei se você sabe, mas geralmente quando se transa sem camisinha é provavel de acontecer. E mulheres dão a luz a cada minuto, isso não é uma surpresa.
- Ele tem anemia falciforme.- Contei tentando não me irritar com as respostas dela.
- Isto não é legal.
- O que é?.- Perguntei curiosa. - Eu dei uma pesquisada no assunto, mas sou lerda demais as vezes.- Bufei.
- Não é algo dificil de se entender.- Replicou Jaqueline. - É uma doença hereditária, os glóbulos vermelhos sofrem alterações adquirindo um formato de foice. Assim, rompem os glóbulos e causam anemia. E não tem cura, a não ser que o paciente consiga que seu corpo aceite a doação de medula.
Cheguei a estremecer em pensar em tudo o que Rafa e seu filho sofreram.
- Crianças não deveriam ter doenças.- Resmunguei.
- Concordo.- Disse Jaque – Anemia falciforme é muito cruel, são muitas crises de dor, infecções e machucados que não curam facilmente.
Fiquei calada tentando absorver aquela informação.
Precisei de muito esforço para não sair praguejando pelo consultório da minha amiga.
- Agora.- Começou Jaqueline – Fico muito surpresa que você não tenha investigado a vida dela antes de contratá-la. Não é isso que faz com todos?
Bufei, sabia que ela não deixaria passar aquele assunto.
No entanto, com Jaqueline não adiantava esconder nada. Ela tinha uma inteligencia irritante e não desistia com facilidade.
- Quando a questionei sobre o porquê de mudar a escolha de trabalho, e porquê de voltar a excercer a função depois de tantos anos parada.- Calei-me por um segundo. - Bem, ela não hesitou em contar que sofreu violencia doméstica, que depois de anos calada estava na hora de fazer alguma coisa.
- Confiou nela.
- Sim, não precisei me esforçar muito para ver que era sincera.
- Mas ainda não respondeu a minha pergunta.
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Quando o amor acontece (Girafa) G!P (CONCLUÍDO)
FanfictionSinopse O pior dos machucados são as cicatrizes, elas estão ali para te relembrar constantemente da dor que sofreu, de como sangrou, e principalmente, para mostrar que deve ter cuidado para que isto não aconteça novamente. Rafaella Kalimann estava a...