Capitulo 12

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Gizelly
-
Eu estava impressionada com a beleza da simplicidade.

A casa ficava no centro da propriedade, um único andar de paredes brancas e janelas azuis, sendo cercada por varandas com redes e bancos de madeira. Um cercado mais a frente tinham três cavalos muito bem tratados dentro, logo atrás um pequeno estábulo. Na lateral um grande canteiro de horta e ao fundo árvores frutiferas.

Quatro cachorros com cara de bobos pulavam ao nosso redor. Théo tentava dar atenção a todos eles, mas os animais estavam animados demais. Precisei segurá-lo duas vezes para não cair no chão. Rafa até tentou afastar os cachorros, mas acabou ganhando algumas lambidas e até um abraço dos dois maiores deles.

- Saiam!.- Ordenou uma voz firme.

Os quatro pararam no mesmo instante e se afastaram com comando duro que receberam. Um senhor, alto e magro demais, de cabelos brancos como a neve caminhava na nossa direção segurando um chapéu de palha na mão direita. Ao seu lado, uma pequena senhorinha de lenço nos cabelos, pés descalços e usando um vestido florido. Ela sorria com grande aleagria e caminhava rápido na direção de Rafa.

O abraço mostrou como estavam com saudades e felizes em se verem. Foi algo bonito de se ver. Théo não ficou muito feliz com a forma que sua bisavó a agarrou, mas lhe deu um beijo gentil em sua bochecha enrugada.

- Gizelly, esses são meus avós, Maria da conceição e Manuel Luiz.

- É um prazer conhêce-los.- Apertei a mão de seu avô.

- Seja muito bem vinda moça bonita.

- Obrigada.
Dona Maria me agarrou como fez com Théo. Rindo, retribui seu carinho, mas tive que me abaixar bastante, já que ela era bem baixinha. Apesar de franzina, demonstrou ter braços fortes ao me abraçar.

- Sinta-se em casa minha filha.- Tinha emoção em sua voz. - E obrigada pelo que fez por nosso menino.

- Foi um prazer.- Garanti. - E obrigada por me receber em sua casa.

- Onde está o cabitinho?.- Interrompeu Théo. - Queio ver, bisa.

- Depois.- Respondeu Rafa. - Primeiro vamos entrar e lavar as mãos, depois que você tomar café, você ver o cabritinho.

- Mas…

- Eu disse depois!

Tentei não rir, Rafaella me lembrava da minha mãe quando me respondia. Quando usava aquele tom, era praticamente impossivel desobedecê-la. Théo tinha um olhar teimoso, mas não ousou sequer contradizer sua mãe.

Seguimos juntas pela laeteral da casa e entramos na cozinha pela porta dos fundos, mas antes parei para olhar ao redor. O quintal na parte de trás também tinha canteiros de horta e um cercado com uma boa mistura de aves. Fiquei impressionada por não ter mau cheiro, era limpo para tantas galinhas e patos e… bem o que era aquilo? Um peru?

- Venha menina.- Chamou dona Maria.
Ri, adorando ser chamada de menina. Não me lembrava da última vez que alguém me chamou assim.

- Claro.- Sentei no banco de madeira e fiquei maravilhada com a mesa cheia. - Isto é bolo de milho?

- Sim, bolo de milho com coco. Você gosta?

- Sim, é um dos meus preferidos.- Respondi.

- Fico feliz por isso. - Quer café?

- Por favor rs.

A mesa estava cheia de pães e bolos, tinha certeza que foram todos feitos ali, no forno e fogão a lenha que ficava no fundo na cozinha. Eu sei que deveria me envergonhar por ter experimentado quase tudo, fui até onde meu estômago permitiu enquanto escutava a conversa animada entre eles. Até parcipei das discussões, mas entre uma mordida e outra, estava tudo uma delicia.

Se minha mãe me visse naquele momento, deixaria minhas orelhas queimando de tanto puxar pelo o que ela diria ‘’ minha falta de educação na mesa.’’ O que eu poderia fazer? Não é todo dia que se encontra uma comida caseira tão boa.

Depois dali seguimos para o cercadinho onde estavam as cabras. Seu Manuel se apressou em separar o filhote e o trouxe até o bisneto. Théo estava tão animado que ficava dando pulinhos no mesmo lugar.

- Ele é tão lindo vovô.- Comentou Rafa.
Ela não me enganava, apesar de tentar esconder, parecia tão ansiosa quanto o filho.

- Venha, brinque com ele, mas tenha cuidado. - Disse seu Manuel.

- Tá bom.- Respondeu Théo.
Entrou no cercado e passou as pequenas mãos pelo filhote. O cabritinho estava tão animado quanto o menino, ambos pulavam agitados.

- Qual nome dele?.- Perguntei.

- Ainda não tem um nome.- Respondeu o senhor Manuel.

- Posso chamá-lo de canela?.- Perguntou Théo entre uma gargalhada e outra.

Observei mais de perto o filhote, ele tinha manchas marrons, em tons de canela, pelo corpo. O que explicava a opção de nome indicado por Théo.

- Então, agora ele tem um nome.- Disse Seu Manuel.- Ele se chamará canela.

Rafa chamou minha atenção ao segurar minha mão e entrelaçar nossos dedos. Franzi a testa para ela e apertei sua mão.

- Quer dar uma volta?.- Perguntou.

Olhei para Théo, sentia a necessidade de saber se ele ficaria bem. Ou talvez devessêmos levá-lo conosco.

- Não se preocupe Gi. Ela riu baixinho. - Ele vai apertar esse filhote por horas e meu avô sempre fica de olho nele.

- Podem ir tranquilas minhas filhas.- Seu Manuel disse.

- Tudo bem então!.- Deixei que ela me puxasse.

Seguimos por uma trilha que ia por entre as árvores de frutas e não me surpreendi quando ela parou em uma delas.

- Gosta de acerolas?.- Perguntou sem me olhar enquanto colhia algumas do pé.
Peguei uma fruta na árvore, analisei se estava boa pra comer.

- Já tomei suco, mas nunca comi a fruta assim.- Respondi e mastiguei a fruta.
Fiz uma careta, era azeda.

- Está uma delicia.- Disse ela antes de cuspir as sementes e pegar mais algumas.

- Vou ficar com a opção do suco mesmo.- Resmunguei jogando as sementes fora.
Ela me olhou com um ar bem curioso.

- Suco?

- Sim, ué. Prefiro o suco do que a fruta.

- Voce é muito chata isso sim. Eu prefiro a fruta do que o suco.- Deu de ombros.- Amo esse azedinho.

Como se eu não tivesse percebido né?! rs.

- Dispenso.

- Então colha algumas para mim, vou comendo enquanto caminhamos até o rio.- Pediu.

Fiz o que ela pediu, enchi minhas mãos de acerolas das mais vermelhas que encontrei.

Rafa não sabia se colhia ou se comia, mas ela fazia os distraidamente. Esperei por ela, observando cada um dos seus movimentos e lutando para não ficar com cara de idiota.

Voltamos a caminhar em alguns minutos, ela estava comendo as acerolas que tinha colhido e as que estavam em minhas mãos.

Não demorou muito para chegarmos ao rio, e as frutas já haviam acabado. Era de se admirar a água cristalina, as árvores fazendo sombras e as pedras grandes nas bordas. Mas o que mais me encantava era o chão tomado por flores do campo, uma mistura bonita de cores.

Mas nada comparado a beleza da Rafaella.

Sentamos em uma pedra coberta, eu precisava de uma pausa do mundo, do trabalho, das obrigações. Eu conseguia respirar com tranquilidade longe de tudo e perto da Rafaella. Sorri animada e deitei com as mãos dobradas atrás da cabeça enquanto olhava o azul bonito do céu e a deusa maravilhosa ao meu lado.

- Rafa?.- Sai do meu transe ouvindo alguém a chamar.

- Voce? O que faz aqui?.-  Rafa respondeu um tanto surpresa e eu senti um leve incômodo  me atingir..

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Volto logo!🙃

Quando o amor acontece (Girafa) G!P (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora