Capitulo 19

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Rafaella
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Ela só me deu um minuto para organizar minha mesa e pegar a bolsa antes de me arrastar para fora do escritório.

Claro que antes ordenou que minha secretária cancelasse o que restava na minha agenda.

Ainda estava me sentindo confusa, desorientada, mas sem tempo para colocar os pensamentos em ordem.
Fugi dela o dia todo, e não me envergonho disso. Eu estava com raiva e muito decepcionada, sem contar que todos meus medos e ansiedades explodiram em mim como uma bomba relógio.

Contudo, de uma coisa eu deveria me constranger, sobre não lhe dar uma oportunidade para conversarmos. E
isto nos causou muito estresse, em mim por evitá-la e nela por tentar me encontrar. Vê-la invadir minha sala com toda aquela fúria mal contida, quase me partiu ao meio de tanto
medo.

Por um momento, acreditei ter errado no meu julgamento a respeito dela e me vi no passado enquanto lidava com meu ex marido sem o menor controle.

Cheguei muito perto de proibi-la de se aproximar de mim, mas quando ficou pálida e se sentou sem parar de
falar tudo o que tinha acontecido, cedi.

Gizelly jamais me machucaria fisicamente, eu acreditava fielmente nisto, e quanto à discussão... bem eu sabia que ela era bom de briga quando lhe dei liberdade.

— Você está muito quieta.- Disse ela ao meu lado no carro.

— Só pensando.

— Eu deveria me preocupar?.- perguntou.

Seu rosto ainda estava pálido, mas tinha a mesma curiosidade cativante no olhar.

— Não.- Respondi tranquila. — Não vai ser fácil, não é mesmo?

— O quê?

— Esse relacionamento.
Sua mão envolveu a minha.

— Eu tenho um bom temperamento, mas não aceito uma derrota facilmente.- Disse com suavidade. — Mas nunca vou mentir ou te agredir. Percebi a ênfase que deu. — Você só tem que brigar de volta quando eu fizer alguma besteira.

Depois de hoje, parecia fácil fazer exatamente isto que ela me disse.

— Como abrir a porta pra sua ex e tomar medicamento errado?.- Provoquei.

— Em questão a Paolla minha ex, creio que ela não vai me proucurar mais. E quanto ao remédio, você reclama com a minha mãe.

— Ainda mora com ela?.- Perguntei curiosa.

— Não me julgue por isto.- Pediu. — Eu não sou uma solteirona que mora com a mãe.

Rimos juntas.

— Nunca disse que era.- Brinquei.

Ela deu de ombros como se não se importasse caso eu tivesse dito.

— Depois que meu pai faleceu ela ficou muito sozinha.- Contou. — Eu disse que queria comprar outra casa, uma
sem lembranças, e isso lhe deu um propósito quando ela tomou as rédeas.-Sorriu. — Juro que ficaria feliz com um quarto e um banheiro, mas no final acabei comprando uma
mansão.- Balançou a cabeça. — Ela não fica muito comigo.- Explicou. — Prefere viajar, e só aparece quando está triste.

— E misturar medicamentos.- Completei em um tom de brincadeira.

Gizelly suspirou.

— Você não vai esquecer isto, não é?

— Não depois de ter me arrumado toda para o meu primeiro encontro, depois de anos sem sair.

— Parece justo.- murmurou.

Quando o amor acontece (Girafa) G!P (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora