Rafaella
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Vinte longos dias se passaram e cada um deles me trouxeram alguns anos há mais. Porquê as mães tem que passar por isso? A ansiedade era como uma bola de basquete entalada na minha garganta. Eu queria chorar o tempo todo, ás vezes de felicidade e alivio e outras de puro pânico. E ainda assim, tive que engolir toda aquela emoção descontrolada para não assustar meu filho.De assustada já bastava eu!
Embora isso tivesse me motivado o suficiente para me recuperar e ter consultar marcadas, uma vez a cada seis meses com um cardiologista. Fiquei aterrorizada em saber que meu coração parou, por duas vezes, mesmo que tenha sido por causa da hemorragia interna causada pela pancada durante o acidente.- Mamãe?
Olhei para meu menino deitado em sua cama de hospital, ele já tinha recebido a transfusão. E eu estava perdida entre uma oração e um pensamento distante, esperava que Deus me perdoasse por me distrair tanto.
- O que foi meu amor?.- Perguntei preocupada.
- Queria um chocolatinho.- Murmurou sonolento.
Sorri.- Eu também.- Ajudaria a aplacar minha ansiedade.
Estava com medo de que rejeitasse a medula. E realmente apavorada do que poderia acontecer caso seu corpo não aceitasse a transfusão.
Fiquei vigiando ele dormir por horas, conferindo se respirava, se sua temperatura estava normal, se seu coração batia. Mal vi a noite passando e antes do amanhecer minha mãe apareceu e me expulsou do quarto alegando que eu deveria ir embora descansar. Não seria hoje que eu faria isso, mas sai em busca de um café.
No entanto, não fui muito longe, nem mesmo dez passos. No quarto ao lado, estava Gizelly. Eu a tinha visto antes do procedimento cirurgico e nem sei quantas vezes agradeci por sua atitude tão nobre.
Bati de leve na porta e entrei.- Graças a Deus.- Resmungou ela deitada de lado. - Não aguento mais os roncos desse idiota.
Júlio primo dela estava jogado no sofá e ele não roncava, somente respirava alto. Como se estivesse tão cansado que até mesmo seu sono fosse exaustivo. Ele dormiria por horas, mas não se sentiria descansado. Senti pena dele.
- Como você está?.- Perguntei baixinho ao me aproximar.
- Cansada.- Suspirou. - Porquê chamei o Júlio? Igor seria muito mais silêncioso.
- Voce está rabugente.- Sentei ao seu lado na cama.
Analisei seu rosto na penumbra do quarto e além das olheiras que combinava com as minhas, tinha uma preocupação espreitando seus olhos castanhos lindos por sinal.
- O que foi?.- Sussurrei.
- Como está o Théo?
- Dormindo.- Sorri. - E sem nenhuma rejeição ao seu enorme milagre.
- Bom, pelo menos um de nós está dormindo.- Brincou. - Voce não fechou os olhos não é mesmo?
- Não, mas acredito que você deva fechar os seus olhos e dormir.- Enfatizei.
- Com aquela britadeira ali?.- Ela questionou mal-humorada.
- Ele não faz tanto barulho assim Gizelly..
Gizelly bufou impaciente e com muita lentidão se afastou na cama, abrindo um espaço na sua frente. Franzi o cenho confusa.- Fique quieta, ainda está se recuperando.- A repreendi o mais baixo que consegui para não acordar Júlio.
- Venha, se deite.
- O quê?.- Arregalei os olhos.
- Está pálipda como um fantasma e exausta, deite-se aqui.- Abriu as cobertas.
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Quando o amor acontece (Girafa) G!P (CONCLUÍDO)
FanfictionSinopse O pior dos machucados são as cicatrizes, elas estão ali para te relembrar constantemente da dor que sofreu, de como sangrou, e principalmente, para mostrar que deve ter cuidado para que isto não aconteça novamente. Rafaella Kalimann estava a...