Fogo e Sangue

Constance

Não sei por onde começar, talvez pelo meu nome. Ok! Me chamo Constance, Constance Silverless e tenho 16 anos. Hã... meus pais, ok.

Meus pais são donos de uma instituição que cuida de crianças que sofrem de leucemia. As vezes me pergunto: com tantas doenças no mundo, por que eles escolheram a leucemia. Muitas crianças, hoje, morrem por ebola e tal, mas eles escolheram a leucemia e abraçaram a causa.

Enfim, eles sempre me deram amor de sobra, mas não foram pais tão presentes na minha vida, afinal, eles doaram parte de suas vidas para uma instituição que hoje é reconhecida internacionalmente e blá blá blá. O fato dela ser reconhecida internacionalmente não a faz ser importante. Meus pais apenas fizeram uma parceria com um grande homem de negócios de Ruanda, o que torna internacional, mas nem um pouco importante.

Não que eu menospreze o trabalho deles e seus esforços, é que eu só vi uma notícia de um garoto daqui que venceu a leucemia e hoje é neurocirurgião, mas isso é tão antigo que nem se quer lembram que nossa instituição existe. A propósito - caramba como eu poderia esquecer - nosso instituto se chama "Elise" por causa do nome de mamãe. Ok!

Hoje fazem 3 dias que eu completei meu décimo sexto ano. Não teve nenhuma festa, mas fiquei feliz porque mamãe e papai, além de vovó e vovô e Susan, minha melhor amiga, estavam presentes no jantar em minha homenagem. Eu comi o que eu mais amo.

Sunday com cobertura de morango. Hummm...

Meus pais são muito ocupados e eu compareço a instituição às terças e sextas para ajudar. Lá, eu monto os pratos do refeitório e limpo todas as mesas. Eu nunca gostei de lá, porque nunca me imaginei na situação daquelas crianças - até porque sou vaidosa demais pra abrir mão do meu cabelo cor caramelo com uma mecha vermelha escondida atrás de algumas outras mechas.

Sempre fui mandona e sempre gostei de subir em árvores desde que me conheço por gente. Parece até contraditório: uma garota vaidosa gostar de fazer coisas de menino, o que é sinônimo de sujeira. Nunca reclamei da minha vida, mas ela mudou de maneira súbita e rápida, quando um menino novo chegou à instituição. A partir daí, eu não me reconheço mais.