Fogo e Sangue

Sem rumo

Minha situação na vizinhança não era uma das melhores. Todos que assistiram à aquela cena em que eu fazia Gerard sangrar, me condenaram.
Coitados! Nem imaginam quem é o verdadeiro Gerard.
Aquela tarde foi a pior da minha vida. Eu estava deitada conversando com Susan pelo celular, até que ouço alguém bater na porta. Ouço a voz da minha mãe falando com outra voz grave e aparentemente simpática. Até que ouço uma palavra que me faz paralisar: juizado.
Levantei e encostei na porta para ouvir melhor:
- Os moradores do bairro relataram uma acusação de agressão da sua filha, Constance, contra Gerard Smith, um senhor médico do hospital local, procede? - sua voz era séria e ao mesmo tempo convincente.
Típico de quem tem lábia.
- Sim, realmente aconteceu, mas ela tinha motivos para isso - minha mãe me defendeu.
- Isso não vem ao caso agora... - naquele momento eu não aguentei e interrompi a conversa.
A cada dia que se passava parecia que eu perdia cada vez mais rápido a paciência.
Abri com força a porta a ponto dela fazer um barulho alto:
- Como isso não vem ao caso agora? O que aquele psicopata enfiou na cabeça de vocês? Ele é doente, vocês que são tão inteligentes não perceberam? Ele quer me matar!
Entendam isso!
Eles olhavam para mim fixamente. Depois o oficial olhou para o outro homem atrás dele e retornou o olhar para mim:
- Por acaso a senhorita tem ideia do que você tá falando? O senhor Gerard é um médico bastante influente, qual o motivo dele mentir a tal ponto?
- Posso saber o que ele falou pra vocês? - queria saber o que ele armou para mim.
- Que você o agrediu! Chamou ele de velho demente e que ele só queria saber se você estava bem. Por acaso, você é muito mal criada não?
Eu não estava acreditando que aquele velho demente falou aquilo.
- Não aguento mais ficar aqui no meio de tanta mentira - vou em direção à porta. O oficial não sai da frente da porta.
- Pode me dar licença? - pedi 'educadamente'.
- Você não pode sair! - ele respondeu.
- Se não é por bem, vai por mal então.
Tento chutar sua perna, mas ele foi mais rápido. Ele agarra minha perna e me joga no chão enquanto olha para minha mãe.
Me levanto. Precisava ser mais rápida. Tento socar sua cara mas ele pega em meu punho e faz um movimento que dói.
Ele não parecia ser um oficial do juizado.
Tento um último golpe enquanto minha mãe pedia para parar. Dou uma cotovelada em seu nariz, mas ele agarra meu braço, enquanto ele tenta me machucar eu uso o joelho contra sua barriga. Ele se contraí e eu soco seu nariz. Ele segura no homem atrás dele.
Saio de casa correndo ainda de pijama, sem rumo. Não sei o que faço agora.