Fogo e Sangue

1° vez

Passado alguns dias depois da notícia do reaparecimento de Gerard, Nick levou eu e David pra um lugar.
- Esse lugar... Ahh - suspirou enquanto olhava pra longa imensidão do campos verde a sua frente.
Era realmente um belíssimo lugar. As árvores pareciam dançar em meio ao odor ruim da poluição que, ali parecia não alcançar. O sol não era o mesmo. Sua luz naquele lugar era serena e nos fazia lembrar que nosso mundo é perfeito - ou não...
- O que viemos fazer aqui? - perguntei, curiosa.
- Este foi o último lugar onde eu Elie e minha filha passamos o último fim de semana juntos. Depois da morte de Elie eu não tive coragem de trazer minha filha aqui. Foi aqui onde nos conhecemos, sempre contava essa história pra ela... - ele para, leva a mão ao rosto e enxuga com as costas da mão uma lágrima que ameaçava rolar pela sua face. - Mas eu não vim aqui pra falar disso, e sim pra mostrar algo...
Naquele momento lembrei da cena dos amigos de infância se abraçando, enquanto eu via a frieza no olhar de Gerard. Era a mesma frieza que eu vira nos olhos de Nick quando ele matou aquela senhora. Não gosto nem de lembrar...

***

Nick ainda tentava raciocinar a maneira de Gerard estar vivo. Ele senta, olha pra mim e para David e finalmente retoma o olhar fixo ao chão de sua sala. Depois de alguns minutos, ele se levanta e começa:
- Preciso vê-lo! - assentiu com segurança no que dizia.
Fui em casa correndo pegar uma muda de roupa. Mamãe como sempre, nem me percebeu.
Levamos Nick até o hospital em que eu estava. Ao chegar lá, as pessoas começaram a me olhar como se eu fosse uma foragida. As notícias correm rápido aqui ou esse "povo" é observador demais?
Entramos. Gerard parece ter aprendido a lição. Na entrada havia quatro seguranças, dois em cada lado. Os quatro vieram em minha direção já dando um comando pelo seu "radinho". Não sei o nome disso!
Dois deles me pegam pelo braço enquanto Nick tenta explicar todo o mal entendido. Gerard aparece na minha frente, mas, seu olhar foi na direção de Nick.
Gerard dá um, dois, três, quatro passos à frente até se aproximar de Nick. Os dois se abraçam.
Olhando dessa maneira, até parece que a amizade deles foi forte e bonita mas, Gerard olha pra mim, friamente e de lado, por mais simples que fora, eu vi um sorriso maléfico brotar de su boca. Não conheço Gerard pra saber o qual mal ele seja. Talvez seja tudo uma ilusão da minha cabeça. Não! Eu não me enganaria assim de tal maneira, tem alguma coisa nesse Gerard...
Caminhamos até uma sala, todos nós. A porta se fecha e Nick começa a perguntar sobre tudo o que aconteceu com Gerard e gerar ao mesmo tempo, especulações sobre como ele conseguiu estar ali - típico de um cientista.
- Senti sua falta também Nicholas - eu tinha medo daquela voz falha. Como nenhuma outra, aquela era peculiar.
Nicholas?
- Eu sempre soube que você não tinha ido pra sempre! O que aconteceu? - Nick perguntou ansioso.
- É realmente uma longa história. Teremos todo o tempo pra conversar, mas agora tenho uma reunião importante com os diretores do hospital sobre a segurança do local - ele olha pra mim rigorosamente, e eu desvio o olhar apertando com mais força a mão de David - Preciso ir...
- Mas, quando podemos nos ver, Gerard, eu quero... - Gerard bate a porta.
- Pra um grande amigo, Gerard está se saindo muito bem! - faz algum tempo que não sou irônica.
- Há algo de errado. Ele nunca foi assim. Nunca me tratou dessa maneira, ele nunca...nunca... - interrompi.
- O fato é: esse é mesmo o Gerard, seu amigo de infância?

***

Nick se abaixa e retira da sua mochila suja e velha jogada na grama, uma arma. Uma pistola pra ser mais específica. Não manjo essas parada de calibre então esquece...
- Você não é mais a mesma agora Constance. Precisa se proteger. Vocês precisam. - ele me entrega a arma e eu olho para os reluzentes olhos de David que agora está expressionalmente animando - Vamos começar? Sugere Nick.
Eu seguro a arma meio sem jeito e com cautela.
- É a primeira vez que pego em uma arma - ressalto.
Talvez seja a primeira de muitas. Algo me diz isso.