Mais um

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Não podia deixar que aquela careca machucasse minha mãe! Pensei.
Estava eu, minha mãe e aquela estranha careca que eu vi no último pesadelo. Todas de frente à outra. Ela conseguia migrar o olhar entre mim e minha mãe, como se quisesse fazer...
Ela puxa uma faca do vestido e a posiciona contra o pescoço de minha mãe enquanto puxa ela, numa só ação.
Eu não agi. Achei estranho, pois tudo de útil naquele momento era agir.
Não economizei esforços quando ouvi a lâmina roçando a pele suave de mamãe. Avançei sobre ela.
PLAFF!
Novamente, como faíscas, ela some. E o pior, com minha mãe!
Entrei em desespero e já não conseguia respirar.
- Filha! - tudo o que eu queria ouvir ela aquela voz.
Acordo.
Eu estava em casa. Deitada, como de costume, na cama.
- Eu só quero uma, pelo menos uma explicação do que aconteceu hoje? - minha mãe parecia confusa - Por acaso está praticando judô ou qualquer uma dessas lutas com pernas, que eu não saiba?
- Mãe...
- Constance você machucou aquele médico que estava lhe ajudando. Sem falar na poça de sangue no corredor daqueles pobres seguranças... - interrompi.
- Mãe eu não estava gostando daquele lugar, e aquele médico... não me parecia confiável e nem que ele queria meu bem.
Mentiroso...
- Filha que mal há naquele senhor? Ele foi muito gentil comigo... - interrompi outra vez.
- Mãe! Eu não gostei dele! E outra, ele me machucou também, apertou meu braço com força, como se eu fosse filha dele...
Me irritei rapidamente.
- Preciso falar com David e com o Ni... com o David apenas! - minha mãe não sabia que eu conhecia Nick. Não sei nem se ela sabia quem ele era - Volto mais tarde!
- Nananinanão! Mocinha você acabou de voltar de um hospital com uma febre altíssima, 'tá doida'? O melhor que você faz é ficar em repouso! Vou pegar um suco com bastante vitamina pra você!
Enquanto minha mãe virava, eu saia de fininho pela porta da frente.

Chegando na Instituição eu me dou de cara com David - que exclusivamente hoje usava um boné bege:
- Precisamos conversar com Nick, agora! - David nem hesitou, apenas segurou na minha mão e fomos.
Já chego abrindo a porta e despejo tudo à ele de uma maneira bem resumida:
- GERARD SMITH!
- Gerard Smith é o nome do meu amigo desaparecido - ele relembrou inocentemente - bons tempos aqueles que nossos únicos brinquedos eram kit de cientista. Ei, mas como você sabe o sobrenome dele, eu nunca falei pra...- ele ri, mas eu logo o interrompo.
- GERARD! Ele tá vivo!
- Hãn? Como? Mas...? Calma, conta direito isso... - Nick fica confuso.
- Eu fui pro hospital, estava muito quente com uma febre muito alta, e ele estava lá me medicando e fazendo exames. Se ele não desconfia, ele já sabe... - tentei ser o mais direta possível - E... quando ele falou que queria meu bem, eu sabia... sabia que ele estava mentindo. Eu corri de lá, tive que bater literalmente em dois seguranças.
- O que Gerard estaria fazendo num hospital? Ele fez medicina, mas nunca gostou tanto como gostava de ser cientista. E, porque ele não me procurou?
- NICK! - grito - E se ele já saber?
Encaro Nick com nervosismo. Percebi que estava pensativo.

Fogo e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora