Reação

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Tento parecer normal.
Quase impossível.
Não conhecia Gerard, mas pelo que sabia, ele foi dado como desaparecido. Como depois de anos ele reaparece do nada? Neste momento lembrei das palavras de Nick "e se cair em mãos erradas...você..." Meu pensamento é interrompido com a mão fria de Gerard tocando no tubo enterrado em minha veia:
- Precisamos fazer mais alguns exames com você...
Tinha a impressão de que ele era muito fechado. Será que ele quer o meu bem?
- Pra quê todos esses exames? - perguntei nenhum pouco suspeita.
- Ora, para confirmar aquilo que quase estou acreditando... - gelei.
Apenas uma pergunta e eu iria começar a agir:
- O que você quer comigo?
- Constance, eu só quero o seu bem! - acho que ele não sabia que eu sabia que ele estava mentindo.
Arranquei os vários tubos presos ao meu corpo e levantei da maca com certa agressividade. Minha mãe tentava me conter, mas eu não queria mais ficar ali.
- Ei ei ei, onde pensa que vai mocinha? - retrucou Gerard, apertando meu braço com força.
Respondi:
- Me proteger!
Dei uma cotovelada em seu abdômen próximo do esterno. Ele deu dois passos para trás tentando conter a dor. Abro a porta e, com um olhar me comunico com minha mãe. Ando com certa rapidez seguindo as placas de orientação que indicavam a saída - o hospital era pequeno, porém com mais seguranças que o normal.
O grito de Gerard fez acordar aqueles gigantes parados contra as paredes dos corredores. Dois desses homens me barram: não tive outra reação a não ser reagir!
Pulei no chão na esperança de que o tecido fino da roupa do hospital fosse me ajudar a deslizar - "tô" assistindo filme demais!
Sinto a mão pesada dos dois me carregar pelo vestido - foi muito rápido, enquanto eu olhava para o chão ainda acreditava em esperanças de sair dali - uma em cada lado.
Me debatia, até que eu golpeio um deles com meu pé em sua cara. Ele gritou e caiu com tudo no piso branco do hospital. O outro depois de assistir aquele pequeno show, me puxou com força e levantou a mão ameaçando um tapa. Cuspi nos seus olhos e, enquanto atordoado eu jogo meu tornozelo na sua orelha. Ele cai de bunda olhando para a mão coberta de sangue.
Levantei depressa e corri até a saída. Pessoas me olhavam com faces amedrontadas e outras impressionadas. Saio do hospital com a roupa de paciente e corro o mais rápido que posso até chegar em casa.
Me senti livre - com os cabelos ao vento - e ao mesmo tempo presa. À aquela altura do campeonato eu já teria caído de cansaço ou falta de ar, mas o que eu sentia apenas era a respiração forte.

Fogo e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora