Paraíso

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Já era manhã e o táxi havia nos deixado num vilarejo bem distante d cidade. Andamos por mais alguns quilômetros numa estrada de terra estreita. Ao lado havia um grande e lindo campo, que se estendia além do horizonte. Olho para Nick, que parece contemplar a beleza já vista antes. Olho para David, que parece cansado.
- Está bem? Parece pálido - perguntei.
- Só estou exausto. Aliás, todos estamos - ele responde enquanto passa a mão na testa para enxugar o suor.
Andamos mais um pouco até encontrar uma pequena casa com uma chaminé.
Nick para em frente à porta, respira fundo, e bate.
Uma bonita senhora com xale e trança em seus cabelos brancos abre:
- Nicholas? Meu filho é você? Ai meu Deus, eu não acredito nisso! - a mulher abraça Nick e acaricia seu rosto.
- Mamãe, esses são Constance e David. Pessoal, essa é minha mãe Carmen. Eles podem ficar aqui por alguns dias? Quem sabe semanas? - Nick pergunta com um tom que parecia prever a resposta.
- Que jovens lindos! Claro que sim filho, vai ser um prazer! Essa casa precisava de visitas. Entrem queridos, fiquem à vontade. Tirem as mochilas e bolsas e coloquem ali no canto da sala. Vou preparar um café para nós.
A mãe de Nick foi bem atenciosa e parecia alegre pela nossa chegada.
Sentamos no sofá enquanto ela nos servia água. Nick se levanta e vai de encontro à uma porta. Ele a abre:
- Você nunca muda nada de lugar aqui, não é mãe? - ele pergunta de costas para nós.
- E nunca vou mudar Nicholas. O café tá quase lá. Fiz biscoitos também pessoal - ela falava de maneira muito simpática.
Olho ao redor e resolvo sair para conhecer o local. O imenso campo é muito belo e ótimo lugar pra pensar.
É muito bom sentir o vento em seu rosto sem se preocupar se o que você faz é errado ou não. Abro os braços e começo a correr. Corro com os olhos fechados sem medo de cair ou me machucar.
Quando eu paro me deparo com uma miragem. Era lindo.
Um riacho. Não sei bem o que era, mas era fabuloso. Me aproximo e me vejo no reflexo da água transparente. Eu tinha de experimentar aquele lugar.
A sensação de liberdade era tamanha, que esqueço de tudo ao meu lado - no caso só tinha árvores, era o que eu achava.
Tiro a blusa e pulo. A água estava maravilhosa. Nunca me senti tão feliz por algo tão bobo. Não era um riacho qualquer, era onde eu podia descarregar o peso da minha mente, de tudo o que eu fiz até agora.
Nado o quanto posso, até que...
Ouço um ruído vindo de alguns arbustos.
Saio da água.
Aproximo até que:
- Oi! - um menino pula do arbusto. Era loiro e usava um macacão de velho. Ele estava olhando para meu sutiã molhado. Com o susto eu dou uma cotovelada em sua cabeça.
Ele desmaia.

Fogo e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora