David Blasst

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Acordei cedo, me arrumei como de costume – coloco sempre minha tiara vermelha – e fui pra escola, onde só tenho Susan como amiga. Susan é espontânea e alegre. Tem cabelo loiro claro que batem nos ombros. Ela ama desenhar enquanto houve as maravilhosas músicas depressivas de "4th Day of Rock", uma banda latina com ritmos estranhos e letras melancólicas. Enfim, quando voltei da escola passei na casa de meus pais e ouvi-os falando que iriam resolver a papelada para colocar David Blasst na instituição.

Tudo seria absolutamente normal se eu não percebesse que a expressão nas caretas de meus pais fossem pálidas e assustadas. É como se quisessem abrigar um monstro na instituição que no futuro iria destruir suas vidas. Como sou entrometida, perguntei:

- Quem diabos é David Blasst, que vocês tanto falam?

- Mais respeito Constance! Ele é uma criança com leucemia – diz mamãe.

- Por favor, Lisa, uma criança de 14 anos? – falou papai debochadamente.

Papai sempre foi diferente de mamãe porque seu bom humor prevalece todas as vezes que ele abre a boca. Seus olhos azuis foram uma maneira de conquistar mamãe e algo que sempre invejei, e que infelizmente não herdei dele.

Mamãe é mais rígida e sempre pegou no meu pé pra que eu estudasse mais, o que será praticamente impossível porque o que ainda me prende na escola é Susan e meus pais. Aliás, eu odeio ler! Sempre levei em consideração de que não precisaria estudar porquê iria administrar a instituição de meus pais.

Enfim, David Blasst, segundo mamãe era um garoto rico com leucemia que perdeu os pais num acidente de avião e que morava com a tia gananciosa desde então. O grande problema é que seus pais morreram pobres, falidos e quando e tia dele descobriu ela teve um infarto, resultado: ela também bateu as botas. Infeliz futuro, pobre e com câncer! Com tudo o que mamãe me disse eu não poderia sentir outra coisa senão pena dele. Afinal, ficar pobre é duro, ainda mais com câncer e órfão...

Acho que entendi as caretas pálidas de meus pais ao tocar no nome de David.

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