Capítulo 7

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Maitê

Saí do hospital hoje cedo, passei 5 dias em observação e cuidados médicos. Prometi para mim mesma que nunca mais faria aquilo mas quando algo afeta minha autoestima eu sei que a qualquer momento eu posso reviver esse pesadelo.

Meus pais conversaram comigo e decidiram aumentar as sessões de terapia para 4 vezes na semana, concordei em não esconder nenhum medicamente que pudesse servir de munição para episódios assim.

Heitor me visitou todos os dias, nos beijamos no primeiro dia que fiquei no hospital e eu sinceramente fiquei confusa. Eu não sei o que ele quer ou se fez aquilo por dó, culpa ou pena de mim.

Ele se preocupou comigo mas não demonstrou nenhum outro sinal de que queria ficar comigo e isso me deixou com uma pulga atrás da orelha.

Estou no meu quarto repassando o conteúdo que perdi da faculdade, eu amo cursar Artes Visuais e pra mim é como se eu estivesse em casa quando falo sobre arte mas hoje eu não consigo me sentir confortável, estou inquieta e preciso conversar com Heitor.

Desbloqueio meu telefone e mando uma mensagem pra ele.

Eu: Oi, será que podemos conversar hoje?

De imediato meu telefone toca com sua resposta

Heitor: Oii, claro. Aconteceu alguma coisa?

Eu: Tá tudo bem, só preciso conversar algumas coisas com você.

Heitor: Ok, mas não pode falar pro seu pai que vai sair comigo. Podemos ir para a minha casa ou você prefere um lugar mais afastado?

Eu: Dou um jeito nisso, podemos ir pra sua casa, a conversa não vai demorar pra não te atrapalhar. ;)

Heitor: Você nunca me atrapalha, te pego as 20h.

Senti um frio na barriga quando li a última mensagem. Eu estava ansiosa para me encontrar com ele, avisei meus pais que iria sair com Cami e combinei de confirmar que eu estava com ela caso meus pais ligassem.

Coloquei um vestido branco com flores amarelas e coloquei meu all star branco, penteei meu cabelo, passei um perfume doce e peguei minha bolsa.

Eu não tinha esperança de que fosse acontecer nada mas estava vestindo uma langerie da qual não era acostumada a usar, é melhor me prevenir do que passar vergonha usando uma calçola de vó.

Heitor: Cheguei, já ta pronta?

Recebi a mensagem mas não respondi, desci e me despedi dos meus pais.

Quando sai avistei o carro preto com os vidros filmados sendo impossível de ver algo dentro. Abri a porta e entrei.

Uau... ele estava lindo, como sempre. Usava uma camisa social preta com os dois primeiros botões abertos mostrando parte do seu peitoral definido.

- Oi - dei um beijo na sua bochecha rapidamente e coloquei o cinto de segurança.

- Você tá linda - viro pro lado e vejo ele me olhando por completa.

- O-obrigada, você também esta muito bonito. - por que eu sempre gaguejo perto dele? meu deus!

Ouvimos algumas musicas no caminho, sua casa não era distante da minha, foi um trajeto de 15 minutos. Quando chegamos ele abriu a porta para mim e eu vi o casarão que ele morava.

Entramos e eu fiquei encantada com a beleza de dentro, os móveis em tons de preto cheios de luxo. Eu nunca tinha vindo aqui então foi bem surpreendente saber onde ele vive. Heitor era podre de rico, assim como meu pai e nenhum deles media esforços para esbanjar o luxo que poderiam proporcionar.

Senti sua mão nas minhas costas me guiando até a cozinha e fiquei encantada com a mesa posta com um prato muito bonito no centro da mesa, o cheiro estava ótimo, além disso havia uma garrafa de vinho e duas taças.

- Nossa, você quem fez? - nesse momento estou provando o melhor fricassê do mundo, e um gemido sai da minha boca.

- Sim, aprendi com a minha mãe quando era mais novo mas o dela era mil vezes melhor.

Comemos e tomamos o vinho e conversamos cobre algumas coisas bobas do dia a dia. Contei pra ele sobre a minha faculdade e como amo seguir esse profissão, depois disso fomos para a sala.

- Então... o que queria conversar? - ele pergunta se sentando ao meu lado no sofá.

Suspirei fundo e pensei tentando escolher as melhores palavras do mundo para descrever o que estou sentindo agora, durante o jantar percebi o quanto estava gostando dele.

- Eu estou extremamente confusa com essa nossa relação, em alguns momentos eu te pego olhando pra mim como se fosse me comer viva mas as suas ações dizem o contrario... - dou uma pausa olhando nos seus olhos - Olha Heitor, eu sei que completei 18 anos agora e pra você eu sou uma criança mas eu tenho sentimentos por você há um tempo e desde que nos beijamos sinto que isso tem se aflorando ainda mais dentro de mim. Eu não quero me magoar e nem me iludir pensando que podemos ter alguma coisa. Eu quero saber Heitor, você gosta de mim?

Meu coração dispara assim que solto a última frase, tenho medo da resposta mas é melhor eu saber agora do que perder meu tempo me iludindo com uma pessoa que não quer nada comigo.

O silêncio tomou conta do lugar e vejo Heitor massageando suas têmporas, em seguida ele levanta e anda em círculos pela sala.

- Desde que nos beijamos eu prometi que jamais pensaria em você novamente mas foi impossível. Eu não consigo tirar você da cabeça e... - ele pausa - eu sinceramente não sei se podemos ter um relacionamento, isso é novo demais pra mim. Não tenho boas experiências com relacionamentos e não sei se estou preparado para um.

- Já entendi, acho melhor eu ir embo.. - senti meus olhos lacrimejarem mas segurei o choro quando Heitor se pôs na minha frente bloqueando a passagem.

- Podemos ir devagar, seu pai e seu irmão jamais me aceitaria na família. Eu não consigo parar de imaginar você me beijando um minuto se quer... Ah garota você esta mexendo comigo todo dia, eu me sinto culpado por pensar na filha do meu melhor amigo do jeito que penso, mas eu não consigo me controlar.

Ele cola nossos lábios e me puxa pela cintura me deixando na ponta dos pés e colada ao seu corpo, sinto suas mãos apertando meu quadril e nosso beijo fica cada vez mais rápido e quente. Seu perfume forte preenche meu nariz e me afasto.

- Não vai ser fácil mas se você estiver disposto a tentar, é isso que eu quero Heitor. Eu quero ficar com você, eu ja tenho idade suficiente pra decidir o que quero da minha vida.

- Farei isso por você. - ele diz me dando um selinho.

Nosso "encontro" foi bom, conversamos sobre o que queríamos pro futuro e sobre nossas profissões, contei pra ele sobre o meu problema de autoestima e também esclareci tudo sobre a overdose de 2 anos atrás. Confesso que sempre que tocava no assunto com a minha família era algo difícil de se conversar mais com ele fluiu de uma maneira inexplicável.

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Flame - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora