Capítulo 30

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Heitor

Viro o rosto não conseguindo olhar o que ele vai fazer, quando se deita sobre o corpo indefeso da minha mulher meus olhos ardem como se tivessem facas atravessando os.

Ouço um estrondo e a porta se abrindo. O irmão da Maitê arremessa Hugo no chão e só consigo ver seus braços se movimentando e o barulho dos socos.

Minha garota vem até mim desesperada e com lágrimas nos olhos.

- Heitor... meu Deus - ela se ajoelha e tira a fita da minha boca e desamarra meus pulsos.

A única coisa que consigo fazer agora é tomar em meus braços e protege-la de todo o mal.
J
- Ai... - ela se afasta e põe a mão na barriga - Tá doendo. - ela me olha e balança a cabeça em negativa.

Seus pais correm em nossa direção, ela se põe sentada na cama e levanta o vestido dando uma visão de uma pequena quantidade do vermelho escorrendo em suas coxas grossas.

Não, não, não!

Me nego a pensar nisso

Minha filha está bem.

Não vai acontecer nada.

Olho para o seu rosto e sua expressão de dor e desespero e aperto suas mãos em um gesto de conforto.

Algumas horas depois

O médico entra na sala onde minha menina está dormindo tranquilamente na cama de hospital, a cena aperta meu coração.

Quando chegamos aqui ela foi encaminhada para a sala fazendo alguns exames e simplesmente capotou, os médicos disseram que era normal e em situações de estresse era comum acontecer um leve desmaio e o cansaço tomar conta do corpo

Os pais de Maitê e o irmão dela levantam na mesma hora que eu quando vimos o homem de jaleco branco caminhar até nós.

- Como ela está? E a minha filha está bem? - pergunto e ouço meus sogros e cunhado o bombardeando

- Se acalmem... - o médico pede mas é quase impossível manter a calma - Ela e a criança estão bem.

Nossos suspiros de alívio inundam o quarto branco do hospital, parece que um peso foi tirado das minhas costas.

- Teremos que tomas alguns cuidados daqui em diante, ela passou por uma situação estressante? - pergunta e apenas assentimos. - Foi um verdadeiro milagre elas estarem bem.

Ele bate em meu ombro e prossegue.

- Acredito que ela acorde em breve então peço que mantenham a calma e aguardem do lado de fora.

Mesmo relutante concordamos e aguardamos na sala de espera.

Os minutos pareciam horas, parecia que eu estava há uma eternidade sentado nessa cadeira.

- Estou preocupado demais com a minha filha para perguntar que caralhos estava acontecendo naquele quarto. - Emanuel me encara - Assim que ela acordar e eu tiver certeza de que ela está bem, você e eu teremos uma conversa muito séria.

Não tenho muito o que dizer e apenar concordo com a cabeça abaixando meu olhar.

Dois dias depois Maitê recebeu alta do hospital, estou trabalhando em casa e cuidando dela para ter certeza de que ela ficará bem.

Depois do baile Hugo sumiu, imediatamente contratei pessoas para procurá-lo e quero que achem por que dessa vez ele não vai pra cadeia. Vou garantir ele já direto para o inferno.

Maitê anda estranha e com medo, sinto isso pois até mesmo quando eu a toco ela se reseta por um momento.

Maitê

Estou com medo, passei por um momento aterrorizante. Não consigo deixar de pensar naquele homem maldoso em cima de mim pronto para fazer coisas horríveis comigo e com minha filha.

- Amor, deixa que eu te ajudo - Heitor aparece em minha frente e toma a caixa de papelão da minha mão.

- Que droga Heitor, eu consigo fazer isso sozinha - grito e ele me olha assustado - Você está me tratando como se eu fosse uma criança, eu consigo lidar com uma simples caixa de papelão. 

Ele coloca a caixa em cima da cama e vem em minha direção.

- Meu bem... - ele pausa quando eu me afasto dele - precisamos conversar.

Sinto meu coração de apertando diante do seu olhar preocupado e confuso.

Ele se senta na cama e eu me sento em suas coxas ficando de lado olhando diretamente seus olhos.

- Me desculpa é que... - não aguento e desabo, as lágrimas rolam e não param.

- Shhh, tudo bem amor. Pode chorar - ele me abraça e meu rosto é encaixado em seu peito.

Pela primeira vez desses últimos dois dias eu me sinto segura.

Enxugo as lágrimas e começo a falar.

Desabafo tudo o que tem dentro de mim.

- Não sei se vou me sentir segura sabendo que ele está por aí e a qualquer momento pode aparecer e... - engulo o choro - em alguns meses nossa filha estará nos nossos braços e eu tenho medo de que ele possa fazer algo contra ela. Eu não quero viver assim meu bem...

- Eu prometo meu amor, ele não vai mais chegar perto de vocês. Você se sentiria mais segura se mudássemos de casa? Podemos mudar de cidade ou de país... - eu o corto.

- Eu gosto daqui Heitor, me sinto em casa e...minha família está aqui. - ele assente e beija minha testa.

- Me perdoa por tudo, eu fui falho com você. Não devia ter deixado você sozinha no baile. - o tom de arrependimento consome sua voz.

Fecho os olhos e balanço a cabeça.

- Não foi sua culpa, talvez eu não deveria ter insistido em fazer uma festa pra você sabendo que você não gosta dessas coisas.

- Por favor, não fale isso. Estava tudo perfeito, eu sou grato por ter você na minha vida. - ele se aproxima dos meus lábios e da um selinho rápido - Desde que você chegou minha vida fez sentido, meus dias ficaram mais alegres e minha vontade de viver aumentou. Quando descobri que iria ser pai meu coração se preencheu como nunca havia sido preenchido Maitê. Eu te amo.

Meus olhos estão molhados e só consigo abraça lo diante de tal declaração.

- Me desculpa por estar distante esses dias, eu só estava com medo e a partir de agora não quero mais pensar nisso.   

A noite chego e pela primeira vez eu consegui relaxar.

Estamos abraçados na nossa casa, na televisão meu namorado assiste uma de comédia enquanto comemos pipoca.

- Meu deus... - digo sentindo minha barriga de mexer - tá mexendo.

Ele se endireita, parando de comer e olhando pra minha barriga exposta.

- Aqui - aponto em um lugar específico - tá vendo?

- Ela tá mexendo amor. - ele diz colocando a mão na minha barriga.

É um movimento leve mas perceptível, as ondulações na minha barriga fazem meu coração palpitar.

É a primeira vez que ela mexe e uma emoção sem tamanho cresce dentro de mim. Meus olhos estão lacrimejando de tanta felicidade.

- Oi meu amor, aqui é o papai. - ele se aproxima da barriga e começa a conversar - A mamãe não para de chorar por você mexeu e o papai tá tão feliz e orgulhoso de você.

- E o seu papai tá com os olhos brilhando aqui também. - digo e seu olhar encontra o meu.

- Você me faz o homem mais feliz do mundo. - ele se deita ao meu lado acariciando minhas bochechas.

Ficamos deitamos observando Cecília se mexer algumas vezes e por fim caímos no sono.

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Flame - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora