Meu Marido

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 Aziraphale ficou maravilhado quando viu seu prometido chegar no altar. Uma fragrância subiu dominando o ambiente ao seu redor. Era como uma lareira quente, não, era um pouco diferente, no meio tinha um gentil perfume.

Incenso. Sim. O cheiro era como um incenso gentil.

Ele lembra de sentir o mesmo cheiro na cerimônia do templo.

Quando entregou seu presente... uns minutos depois sentiu o mesmo cheiro subir.

Isso fez ele pela primeira vez olhar para o lado e querer ver o seu prometido.

Apenas conseguiu ver uma silhueta esbelta e misteriosa o olhando de volta.

O cheiro foi rápido, mas chegou em seu nariz sensível.

Ele sentiu que estava sendo indelicado e apenas voltou a olhar para frente. Era como olhar para algo proibido e ele se sentiu um péssimo noivo por isso.




Porém agora, a fragrância estava lá, para quem quisesse sentir.


O príncipe Crowley andava imponente pelo altar.

Suas lindas e longas pernas apareciam entre as fendas do seu belo vestido. Seu largo tórax estava sendo apertado pelos cordões de ouro que iam até seu pescoço, suas jóias não eram nada comparado aos seus olhos penetrantes. E seu cabelo era vermelho como a chama mais ardente que não parava de queimar.

Aquele lindo príncipe despertou o interesse de Aziraphale.

Seus olhos se afirmam sem perceber e ele não queria deixar de olhá-lo.
Era como se sua lua fosse seu próprio sol.



Ele estava cada vez mais perto, até que Aziraphale sente nos olhos do seu prometido que tinha algo errado.

Certo, acho que Aziraphale deve ter irritado seu prometido sem perceber.

Ele suspira triste, queria olhar mais, mas vai respeitar o tempo.

Ele fecha os olhos e decide olhar para frente.

Toda a cerimônia Aziraphale sente que seu lindo prometido está com raiva dele por algum motivo.

Não conseguia entender, até escondeu como pôde sua essência na tentativa de ser respeitoso.

Mas nada parecia agradá-lo. Dava para sentir no seu cheiro sua irritação.


Quando Aziraphale olha para seu prometido novamente tenta lhe dar um olhar gentil e tranquilizador.


Aziraphale queria respeitá-lo como se estivesse mostrando seu limite e lhe dá seu espaço.





Aziraphale antes mesmo de conhecer o príncipe Crowley já queria tentar ser um bom marido para ele.





- (Esse ingrato desgraçado.) - Ele ainda lembra de Bellz sua cunhada rosnando para ele. Ela reclamava pela terceira vez essa semana sobre seu marido Gabriel. - (Escute bem, meu cunhado.) - Ela cospe com seu sotaque russo. - (Quando encontrar o seu noivo, não seja um babaca inútil com o seu irmão.)

- (Gabriel tenta o que pode.) - Aziraphale fala suspirando enquanto tomava o seu chá. O cheiro do outro alfa subiu no seu rosto. - (Cunhada, seu cheiro. Relaxe um pouco)

Casamentos entre dois alfas sempre era difícil, mas como Gabriel era o herdeiro ao trono precisaria de filhos fortes, nada era mais garantido do que gerar um alfa forte do que o cruzamento entre dois alfas.
Mesmo sendo um casamento difícil, Gabriel e Bellz faziam parecer pior ainda.

- (O que pode meu ovo.) - Ela fala soltando mais fragrância. As empregadas betas ficam um pouco nervosas e Aziraphale dá sinal para elas irem embora. - (Só você teve a decência de aprender russo, nem mesmo isso ele foi capaz de fazer.)

- (Eu só fiz isso por meu tempo livre. Gabriel tem muito o que aprender para ser um bom rei no futuro)

- (E que tal um bom marido?) (Não é como se tivesse sido prometido ontem, fomos prometidos desde criança e você, seu perfeito desgraçado, descobriu a dois meses que vai ser noivo e já aprendeu a língua do seu noivo.)


Aziraphale suspira olhando para o chá.

- Escute cunhado. - Ela fala em ingles. - Seja bom, lembre-se que seu noivo vai vir de outro reino. Ele só terá você para cuidar dele.








Isso martelou na cabeça de Aziraphale. Ele deu um sorriso tranquilizador para seu lindo príncipe enquanto deixava as gotas do seu sangue sair na água sagrada do altar.



Sua promessa duraria a sua vida inteira.


Ele protegerá e respeitará Crowley até o fim da sua vida.

- Aziraphale. - Gabriel o chama.
- Hn?
Ele, Miguel e Uriel, sua irmã mais nova, ficam lhe dando uma bronca enquanto Bellz que acompanhava o marido aprovou.





Crowley ficou olhando o seu marido de longe enquanto seus irmãos falavam com ele.

- (O que achou?) - Um perguntou. - (Eu achei ele decente.)
- (Aprender nossa língua não é qualquer coisa.)
- (E ele ainda falou em dialeto antigo. Nem mesmo eu sei falar assim)


- (Ele deve ter aprendido só para "decorar" essa promessa. Não deve falar de verdade.) - Crowley respondeu sorrindo. - (E mesmo se não gostasse, não ia mudar nada.)


Seus irmãos olhavam para ele e depois se olharam.


A trombeta tocou falando que a cerimônia encerrou.


O Rei e a Rainha deste reino saíram primeiro.



- (Príncipe Crowley) - A voz gentil fez ele olhar novamente para Aziraphale. - (Podemos?)
Ele coloca a mão no peito e dá uma leve curvada em respeito. Nenhum momento ele ofereceu sua mão ou lhe pediu para segurá-lo. Apenas queria conduzi-lo para o caminho.

Seus olhos azuis claros eram celestiais e seu sorriso era como um anjo.


Crowley sem falar nada resolveu andar na frente enquanto seu marido o seguia.

Príncipe Aziraphale era quase como um servo seguindo seu mestre em vez de seu marido.

Seus braços estavam para trás e seu sorriso era impecável.

Isso aborrecia Crowley ao mesmo tempo que o deixava por alguma razão feliz.


Quando chegaram à porta viram que abaixo da escadaria tinha uma carruagem os esperando.


Esse maldito sol irritou os olhos de Crowley de novo.

Aziraphale parece ter notado que tinha algo estranho, então se pôs na frente descendo uns degraus.

Ele ofereceu o braço em vez da mão, sua mão mesmo estando enluvada podia ser demais para Crowley, foi o que ele pensou.


Pensando um pouco, Crowley coloca a mão no seu braço sentindo as fibras grossas de seu terno.

Eles desceram a escada sem problemas.

Quando chegaram na carruagem Crowley soltou Aziraphale e entrou primeiro.

Um cavalheiro do lado ofereceu sua mão, mas Crowley ignorou subindo sozinho.

Aziraphale fez o mesmo e se sentou na sua frente.

A porta fechou.


Era a primeira vez que eles ficaram sozinhos.


Aziraphale suspirou e deu um sorriso calmo.

- (Demorará um pouco para chegarmos ao castelo. Peço sua paciência.) - Ele olha para a janela fazendo Crowley olhar junto. - (Tem muitas pessoas lá fora querendo ver o seu rosto, Príncipe Crowley, por isso a carruagem tem que ir um pouco mais devagar do que o normal.)

Tinha uma multidão lá fora acenando para a carruagem.

- Você não precisa falar minha língua, sabe disso, certo? Eu sei a sua. - Crowley fala, isso fez o sorriso de Aziraphale murchar e seus ombros baixarem.

Por alguma razão Crowley se sentiu culpado.

- Desculpe, Príncipe Crowley. Não quis ser desrespeitoso. Sei perfeitamente que é excelente em inglês. - Ele não fala mas nada, apenas evita de olhar Crowley e olha novamente para a janela.

Aziraphale, sem confiança nenhuma, se culpou. Ele não sabia o que fazer para que o lindo príncipe ruivo se sentisse bem. Seu temperamento parecia um tanto limitado e ele não queria deixa-lo chateado. 
O silêncio se manteve até o castelo.



Aziraphale ofereceu seu braço e Crowley segurou.


Eles andaram até o banquete que estava sendo preparado para eles.





Eles estavam sentados lado a lado em dois tronos feitos para eles.

Todos ao seu redor ficaram brindando e festejando em uma festa que parecia uma mistura de inglesa com árabe.

Tudo era lindo e o cheiro das comidas pareciam boas.


Uma ômega com um longo vestido azul chega correndo e se curva cumprimentando os dois.

- Olá cunhado, Olá irmão! Olá, Olá~

-Oh sim. - Aziraphale fala sorriso como se tivesse esquecido. - Príncipe, essa é minha adorável irmã mais nova, seu nome é Muriel.

Crowley a encarava. Seu cheiro era como margaridas no sol.

Seu olhar parecia tão inocente quanto o de seu irmão.

- Olá, princesa. - Crowley diz.


- Irmão. Hoje temos tortas de mirtilos.

- Hmm - Aziraphale solta um som como se tivesse apreciado. - Guarde um pedaço para mim, sim?
- Eu vou.

Ela sai correndo animada, era uma jovem ômega, tinha apenas 18 anos.


- Sua irmã mais nova? - Crowley pergunta apenas para puxar conversa.

- Oh sim. - Ele vira para ele e suspirou sorrindo. - Eu tenho 4 irmãos. Gabriel e Miguel são mais velhos e Uriel tem 20 anos de idade.
- Todos alfas?
- Oh... Sim, infelizmente só temos a adorável Muriel de ômega. - Ele fala olhando para o lado que ela correu. Aziraphale se culpava por não entender sua irmã completamente por conta disso.
- Eu tenho 11 irmãos contando comigo. - Crowley fala.
- Oh sim, a madilha real dos olhos dourados é bem famosa. - Aziraphale fala como se fosse um fã.

- Meu pai tem um harém de 3 esposas, minhas duas madrastas resolveram ficar no nosso país junto com meu irmão mais velho, o herdeiro do trono.
- Deve gostar muito de sua familia. - Aziraphale olha como seu marido falava com amor da sua família, nunca ele falou tanto quanto agora. Parecia feliz falando deles.

Crowley conseguiu avisar alguns dos seus irmãos de onde estava e os outros conseguiu ouvir suas altas gargalhadas.

- São uns pestinhas. - Ele fala sorrindo sem perceber.
- Oh sim. - Aziraphale parecia interessado. - Os pestinhas sempre são os mais adoráveis. não é mesmo, Príncipe Crowley?

- Por que fica me chamando assim?
- Ora, assim como? Príncipe Crowley? É seu nome, não?

Crowley sabia, mas se sentia estranho sempre que seu nome saía da boca daquela pessoa.

- Oh sim! - Aziraphale bate no braço do seu trono se lembrando. - Como pude esquecer? Na sua cultura, não é normal chamar seu companheiro pelo nome, certo? Me perdoe, fui inconveniente. Do que prefere que te chame? Marido?

- Hn. - Crowley não sabia o que responder.



Imaginou por alguma razão aquele gentil alfa o chamando.

"Marido" Ele pensa em Aziraphale o chamando com um sorriso.

"Príncipe Crowley" Ele diz enquanto beijava sua mão.

As suas imaginações foram demais para ele.




- Eu não pensei nisso. Como você quer ser chamado?

Aziraphale fica envergonhado e olha para baixo.

- Bo-bom. - Um pouco da sua fragrância escapa fazendo Crowley ficar atento. Ele tenta cheirar para tentar reconhecer, mas logo ela desaparece novamente.

Aziraphale não queria que seu lindo príncipe soubesse de como sempre sonhou em chamar o seu companheiro de nomes carinhosos.

"Querido" "Docinho"
"Meu bem" Era os prediletos dele, mas ele sabia que era um desrespeito para um príncipe.


- Me-Me chame do que preferir. - Ele fala virando o rosto e em seguida olhando novamente para seu marido. - Tenho a impressão que gostaria de qualquer coisa.

- Você gosta de doce? - Crowley muda de assunto dramaticamente, mas Aziraphale não se importou.

- Oh, sim. Gosto da grande maioria, e você?

- Hn... Prefiro vinhos.
-Oh céus! Vinhos são sempre bons. - Aziraphale chama um servo com a mão. - Nos traga alguns petiscos e uma garrafa de vinho, por favor.

O servo se curva e sai.

- Por que fez isso? Já, já teremos que ir. - Crowley perguntou sem entender.

Aziraphale não era bobo, ele sabia bem para onde eles teriam que ir em breve.

- Oh, ninguém vai culpar a gente se ficarmos um pouco mais, não? E eu realmente adoraria provar um pouco daquela torta de mirtilo também.

Aziraphale dá um sorriso meio travesso.

E Crowley se sente animado por alguma razão.



"Fofo" Crowley pensou.

Ele acha o seu marido um tanto fofo. 

Good Omens - OmegaverseOnde histórias criam vida. Descubra agora