Capítulo 15

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Cézar é encaminhado para um reformatório próximo, por sorte não estava em um estado deplorável.

— Vista isso. - O homem segurava uma camisa branca de mal costura. — depois vá para seu quarto. - Diz sério.

Cézar assente com a cabeça, vai até o banheiro apertado e um pouco sujo e se veste. Ele respira fundo e vai até quarto. Era pequeno, haviam beliches, uma total de quatro e sete garotos que conversavam e gargalhavam com escárnio. Cézar se senta na cama de baixo de uma das beliches.

— Olha quem vem ai! - O garoto de braços fortes e cabelos pintados de branco desce da beliche.

Cézar revira os olhos, já podia imaginar o quê esse cara faria.

— Calma ai loirinho! - Ele sorri. — Não vamos fazer nada. - O garoto direciona o olhar para os meninos em cima da beliche. — Pelo menos não por enquanto.

— Acha que me intimida? - A feição do garoto fica séria.

— Como é garoto? - Ele segura Cézar pelo colarinho da camisa, fazendo ele se levantar. O garoto engole a seco e se afasta, Cézar era visivelmente muito mais alto que ele.

— Caralho! - Um dos garotos que estava em cima da beliche, braços fortes, cabelo rapado e ombros largos começa a gargalhar. — O garoto é alto! Você se fudeu vicente.

— Dá um tempo Giga. - Ele revira os olhos e cruza os braços. — Com o tempo ele irá entender como aqui funciona. - Ele olha Cézar de cima a baixo. — Qual o teu nome loirinho?

Cézar não responde nada, apenas arruma a sua cama e coloca seus pertences em cima dela.

— O gato comeu a sua língua? - Ele e Giga se entreolham. — Vamos levar ele pro quarto 242.

Um dos garotos de pele pálida e cabelos castanhos arregala os olhos.

— Tá louco cara? Ele vai morrer! - Vicente se aproxima do garoto com as mãos nos bolsos e uma expressão fria.

— Quer ir junto com ele? - Ele nega com a cabeça. — Foi o quê eu pensei, Giga! - O garoto de braços fortes pega Cézar pelo braço, quando faz menção em arrasta-lo é atingido por um chute em seu estômago.

— FILHO DA PUTA! - O garoto coloca a mão na região machucada.

Vicente retira um canivete de seu bolso, pega Cézar pela nuca e roça a lâmina do canivete em sua garganta.

— Você está dando muito trabalho.. - Ele passa a lâmina mais a fundo, fazendo um corte superficial na garganta do garoto. — Por quê não colabora? Assim você não irá morrer.

Cézar serra os olhos em direção ao garoto de cabelos platinados. A íris azul do garoto se escurece, sua feição fica quase que irreconhecível. Ele pega o pulso de Vicente e pressiona a lâmina mais ainda contra sua garganta, fazendo seu sangue escorrer pela mão de Vicente.

— Você não tem coragem. - Sua voz grossa ecoa pelos ouvidos do garoto que arregala os olhos.

Vicente franze as sobrancelhas confuso, " ele é um louco suicida?" Pensava o garoto.

— O quê?

— Você é um covarde! - Ele pressiona ainda mais o pulso do garoto, resultado mais tarde em um hematoma.

Vicente olha em cima do ombro de Cézar e avista um dos garotos do quarto 242, a presença dele era forte, assim como sua força.

— Fique tranquilo. - Vicente se solta de Cézar e guarda o canivete no bolso. — Ele tem coragem. - Com um manear de cabeça ele aponta para o grande garoto que se aproximava deles.

Cézar arregala os olhos, ele era muito maior que Cézar, além de Algumas tatuagens por seu corpo e um porte físico exagerado.

— Você tá fudido. - Sussurra Vicente antes de sair para o refeitório.

O garoto pega Cézar pelo colarinho, fazendo ele quase levitar.

— Temos carne nova no pedaço. - Ele sorri com escarnio.

Mais dois garotos surgem, cada um segura um dos braços de Cézar, o arrastando para o quarto 242.

Os gritos e gemidos de dor do garoto ecoavam pelo quarto, ninguém se quer pararam para ajudar ou muito menos avisar um adulto.

                           (......)

Cézar caminha em passos desajeitados até seu quarto, a maioria dos garotos ainda estavam acordados quando o viu.

— Puta que pariu.. - Um dos garotos arregala os olhos ao ver o estado de pendlenton.

Vicente arqueia as duas sobrancelhas e desce da beliche, indo de encontro a Cézar que estava encolhido no chão.

— Ei loirinho. - Ele estende a mão em direção a Cézar que logo se afasta e protege o rosto com as mãos.

— NÃO CHEGA PERTO DE MIM! - Os olhos expressivos e marejados do garoto refletiam medo e tristeza, fazendo Vicente parar sua mão no ar e sentir sua garganta se apertar.

Vicente dá alguns passos para trás assustado com a reação do garoto. Ele vira sua cabeça em direção aos garotos que ainda estavam acordados. Logo ele volta sua atenção para Cézar, apesar da penumbra da noite ele pôde ver o quão roxos e inchados seus braços e pernas estavam, além da camiseta branca que estava em um tom marrom por causa do sangue além de estar rasgada.

Ele recua para trás e volta a subir na beliche, alguns dos garotos cochicham em seu ouvido, deixando o garoto de cabelos platinados ainda mais assustado.

                              (.....)

Luísa passa a maior da parte cabisbaixa, não tinha encontrado Cézar nas aulas de biologia muito menos no recreio. Passou a maior parte da aula de história com uma dor angustiante em seu peito.

Ela estava de saída quando esbarra em Sérgio, sua feição preocupada deixou Luísa assustada.

— Está tudo bem Sérgio? - Luísa olha o garoto de cima a baixo.

— Luísa.. - Lágrimas começam a escorre em seu rosto, Luísa arregala os olhos.

— O quê foi? - Ela segura em seu ombro tentando acalma-lo.

— Você não soube? - Fala em meio a soluços.

— Soube o quê? - Sérgio pega na mão de Luísa e a conduz até uma cadeira, se sentando em outra de frente a ela.

— O Cézar.. - Sua voz embargada deixa Luísa ainda mais angustiada.

— O quê tem ele? - Sua pupila dilatada e sente seu peito se apertar. — O QUÊ TEM ELE SÉRGIO?

Sérgio engole a seco, limpa suas lágrimas e encara o olhar intenso de Luísa.

— Ele foi para o reformatório. - Diz quase que em um sussurro.

Os olhos esverdeados de Luísa se arregalam, sua boca fica meia aberta enquanto suas lágrimas salgadas desciam por ela. Luísa sente seu chão desabar. O quê? O Cezar? O quê ele fez? Ele está bem? Milhares desses pensamentos passavam por sua cabeça, ela inclina sua cabeça para trás tentando respirar.

— Luísa? - Sérgio se levanta em um pulo ao ver o estado da garota. — QUE DROGA.

Acabou que Sérgio levou Luísa até a enfermaria, a garota não conseguia respirar direito, seus batimentos cardíacos estavam acelerados até demais, ela tomou um calmante e foi descansar em seu dormitório.

Sérgio sabia que tinha que terminar aquela conversa com Luísa, mas não seria nada fácil contar o quê estava acontecendo com o garoto naquele infernos chamado reformatório.

  

Meu Querido colega de classe 🌻|°• luotto Onde histórias criam vida. Descubra agora