Anos atrás
———————Sentindo a macia areia da praia enquanto caminhava descalço Cézar observava tudo a sua volta, observava pessoas jogando vôlei, conversando, nadando e surfando, para a cabeça do garoto era muita informação, ainda mais com tantas pessoas, afinal, estão em Copacabana, um lugar que era muito visitado pelos turistas.
- Cézar! - Aos poucos ele sai do transe e encara o pai confuso. - Tá no mundo da lua? Vamos para o restaurante!
- Eu gostaria de nadar um pouco..
- Outro dia, vim a negócios Cézar, quando você for adulto entenderá e não irá me questionar!
- Então por quê me trouxe? - Richard puxa a orelha de Cézar e o encara impaciente. - Ai!
- Não me responda! - Ele solta Cézar. - Vamos! - O homem o guia até dentro do restaurante aonde um homem engravatado com uma taça de vinho branco na mão o esperava.
Cézar observa as expressões do pai, é surpreendente o quão bom ator ele era, um grande sorriso forma nos lábios de Richard, que cumprimenta o empresário com uma voz simpática muito diferente daquilo que ele sempre ouve dentro de casa.
— Como vai Richard! - O homem de cabelos negros e pontudos o cumprimenta.
— Tudo ótimo,William LeBlanc. - Cézar ergue as sombrancelhas surpreso, não era um nome comum, certamente ele fixaria esse nome em sua mente.
Eles se sentam em uma das mesas reservadas de frente para o mar, William pega uma pasta, muito provavelmente algo relacionado ao trabalho.
o garoto entendiado apoia seu rosto em sua mão e revira os olhos enquanto escuta a conversa dos adultos, negócios, ações e dinheiro não era algo que ele se interessava, então só lhe restava observar o ambiente a sua volta.
Ele estreita os olhos quando vê algo brilhando na calça do investidor.
— O quê foi Cézar? - O homem arqueia uma das sombrancelhas, o acionista que estava junto com ele encara Cézar curioso.
— O senhor William também gosta de invenções? - O homem sorri com escárnio.
— Não.. tecnologia não é pra mim.
— Então por quê trabalha com o meu pai? - Questiona Cézar, o homem sorri nervoso e logo o responde.
— Sei que será uma empresa que andara para frente, as pessoas gostam de tecnologia.
— Entendo.
— Por quê a pergunta repentina? - Questiona seu pai com uma de suas veias a mostra no pescoço, sinal que estava irritado.
— Vi algo brilhando na calça dele.. achei que seria mais um daquelas pedras que o senhor usa para suas invenções. - Richard franze o cenho enquanto fuzila William com o olhar.
— Algo brilhante meu filho?
— É.. bem ali! - Aponta para o lugar que o viu.
Pov Cézar
Após eu fazer tal ação vejo o homem a minha frente pegar de seu bolso algo que não consigo reconhecer, mas brilhava quando o sol batia contra ele. Olho para meu pai que estava com uma expressão apavorada. Não consigo ouvir mais nada além de um barulho muito alto que faz minha cabeça doer, fico alguns segundos sem escutar absolutamente nada. Fecho meus olhos e ponho minhas mãos em minha cabeça.
Quando abro meus olhos vejo meu pai caído no chão. Isso é hora de tirar uma soneca? Depois eu que não consigo me comportar em locais públicos. Logo vejo as pessoas que estavam naquele restaurante correndo e gritando, logo encaro o lugar que aquele homem alto estava e não o vejo, desço da cadeira e mexo meu pai para acorda-lo.
— Pai! - Continuo o mexendo mais ele não acordava. — Todos já foram embora! Vamos logo!
Depois de alguns minutos o mexendo e o chamando eu desisto, quando eu encaro minhas mãos elas estão cobertas por sangue, encaro meu pai que estava com a pele branca.. tão branca quanto a minha.
— Pai.. - é a única coisa que consigo dizer antes que alguém tampe minha visão e me carregue para fora do restaurante.
[...]
Estou denovo desse local branco e entendiante, o cheiro não é muito agradável mas já estou acostumado com o cheiro do álcool em gel, encaro o tio Manoel que parecia triste mas tentava disfarçar, os adultos realmente não sabem disfarçar, olho tudo ao meu redor e me deparo com uma enfermeira indo em minha direção.
— Boa noite garoto pendlenton. - Diz com uma voz simpática enquanto me entrega um saquinho. — Seu pai estava com isso no bolso.. achei que seria prudente lhe entregar.
— Não moça! Devolva a ele, papai certamente ficaria furioso ao descobrir que toquei em seus cristais
A enfermeira e o tio Manoel se entreolham, pareciam conversar silenciosamente.
— Não poderei fazer isso.. seu pai virou uma estrelinha meu bem. - A enfermeira acaricia meu cabelos enquanto eu a olho inconformado, como uma mulher formada em medicina seria tão burra ao ponto de me dizer tal absurdo?
— O quê? Isso é impossível! - Esbravejo enquanto aperto os cristais. — Papai não pode virar um astro de plasma, ele não emite luz própria e..
— Chega Cézar! - Manoel me Repreende. — Vamos para casa, obrigado doutora!
— Denada senhor. - A mulher caminha para dentro daquelas salas brancas e nada aconchegantes.
— Viu o absurdo que ela falou? Pra entrar na medicina não é necessário estudar astronomia?
— Vamos embora garoto.
— Não! Antes quero falar com o papai!
— A Luísa está te esperando, vamos logo. - Ele pega em minha mão e me guia até o lado de fora do hospital.
— Ah.. a Luísa?
— Ela mesmo, vamos. - Ele me guia até o carro e partimos para sua casa.
No meio do caminho não paro de pensar na bronca que irei receber ao chegar em casa, já é tarde! Papai não iria admitir isso.. mas já que estou com o senhor Manoel irei me acalmar.. ele é um adulto.. bem, eles dizem que sempre tem razão.. mas tenho uma opinião que não pretendo compartilhar.
Tempo atual
————Mais uma vez estou no único lugar que sinto paz, esse lago que tantas vezes já nadei com meu pai quando mamãe estava viva. Seguro firmemente o cristal que me trazia horríveis lembranças, estou pronto para joga-lo na água quando a voz doce e alta de Luísa se faz presente no local.
— Cézar! - Ela fica ao meu lado ainda de pé. — Vamos logo! Papai está te chamando para jantar.
— Ah sim. - Sorrio sem graça enquanto guardo o cristal em meu bolso. Luisa ajuda a me levantar.. mesmo não precisando e seguimos até sua casa.
Enquanto jantamos encaro Manoel com afeto, certamente ele era um pai melhor que Richard.. não sei o quê seria meu futuro sem tê-lo por perto, Luísa também me ajudou a passar o luto quando finalmente entendi o quê tinha acontecido com Richard, enquanto dou uma garfada no delicioso arroz a piamontese que Antônio fez encaro Luísa, suas bochechas rosadas e seu sorriso que iluminava todo o ambiente faz meu coração aos poucos derreter, Um sorriso bobo surge em meus lábios quando seu rosto fica ainda mais vermelho ao notar que eu a encarava indiscretamente.
Terminamos o jantar e seguimos cada um para seu quarto, pego o maldito cristal e o guardo a sete chaves, recentemente descobri seu valor e não pretendo ser roubado.
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Meu Querido colega de classe 🌻|°• luotto
FanfictionLuisa e Otto tinha um vínculo muito forte desde o ensino fundamental. o quê sera que a vida adulta e o futuro os aguarda.