Capítulo 28

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O trabalho o cansava, ainda mais depois do divórcio com sua esposa, mas mesmo com toda a correria que era gerenciar uma empresa de tecnologia ele sempre passava em sua padaria favorita, pegava seu sanduíche de peito de peru com rúcula que, a propósito, era seu preferido, e o levava.

Nesse dia Vitor não foi diferente, pegou o sanduíche colocou no caixa e separou a quantia de dinheiro exata para pagar o valor do pão, seu olhar vai para a nova atendente, os cabelos pintados de em um tom clarinho de rosa, e olhos azuis grandes e expressivos.

— Ainda continua 10.50? - ele pergunta encarando a atendente, a mulher não respondeu sua pergunta por quê estava concentrada em embalar o sanduíche.

Vitor morde o interior da bochecha e repete mais uma vez.

— O sanduíche ainda custa 10.50? - Dessa vez sua pergunta é em um tom mais alto.

A mulher novamente não o responde, coloca o sanduíche na sacolinha e entrega pra ele.

— Perdão, mas você está brincando com a minha cara? - Ele pergunta em um tom irritado.

A mulher inclina a cabeça e apenas nega com a cabeça.

— Então por quê não responde a pergunta? Esse sanduíche ainda é 10.50? - seus olhos estavam serrados.

A mulher fica na ponta dos pés, olha para o sanduíche e confirma com a cabeça.

Ele suspira tentando não perder a paciência.

— Vocês vendem croissant?

Ela confirma com a cabeça.

— Quais o sabores? — Ele fica levemente incomodado por ela não respondê-lo, mas resolve deixar esse assunto de lado.

Ela pega uma plaquinha e escreve " Temos o tradicional, o de chocolate branco, o de chocolate preto e o com açúcar por cima" e mostra a plaquinha pra ele.

Ele lê a placa e a encara enquanto analisava suas expressões, ele dá um breve sorriso e concorda com a cabeça.

— Vou querer o tradicional, por favor. — Ele encara ela curioso com tal comportamento.

Ela pega um croissant com o pegador, coloca em um saquinho e o fecha, e entrega pra ele logo em seguida.

Ela pega a plaquinha de novo e escreve " Tudo deu 25.76"

Ele concorda com a cabeça e entrega uma nota de vinte e outra de dez, ele espera pelo troco um pouco apressado.

A mulher devolve o troco pra ele e pega algumas moedas, mas sem querer as deixa cair e se abaixa para pegá-las, nesse movimento Vitor pôde ver com clareza seu aparelho auditivo fixado na orelha.

Ele sente sua respiração falhar por um momento e espera ela se levantar, ele recebe o troco em moedas e as coloca no bolso da calça.

" Tenha um bom dia " a mulher escreve na plaquinha e mostra para ele.

Seus olhos cinzentos ganham um tom mais vivo e ele sorri levemente.

— Pra você também. — Ele dá uma leve inclinada de cabeça, pega as sacolas e vai em direção a porta mas derrepente para, ele olha para a atendente e resolve voltar até ela.

A mulher percebe sua aproximação e encara ele com os olhos fixos.

— Desculpa a pergunta mas... - ele hesita por um momento tentando buscar as melhores palavras. — Você é surda?

A mulher faz um sinal de " sim" com a cabeça com casualidade, Vitor suspirou aliviado por ela não acha-lo grosseiro.

— Outra pergunta... - Ele encara fixamente seus olhos. — Você.. consegue ler meus lábios? - Ele aponta para sua boca.

Ela concorda com a cabeça.

— Certo, certo.. - ele se mexe tentando se manter sério, mas os olhos brilhantes da moça o desarmavam. — Posso saber seu nome? - ele a pergunta com tanta gentileza que até ele se surpreende com esse ato.

A moça pega a plaquinha e escreve " Nanda" e mostra pra ele.

Os olhos foscos de Vitor se iluminam ao ver seu nome, ele sorri satisfeito, pega a caneta da mão dela e escreve na plaquinha " O meu é Vitor, prazer em conhecê-la." E entrega para ela.

Ela sorri e tenta se comunicar em linguagem de sinais, Vitor a encara confusa.

— Isso.. é linguagem de sinais, certo?

Ela confirma com a cabeça.

— Entendi.. você consegue se expressar melhor com a língua de sinais, correto? - Ele recebe outra concordância de cabeça. — Entendo.. tenha um bom dia, Nanda. - ele sorri de forma amigável.

Ela acena para ele, e então ele vai embora, e levando consigo um poço de curiosidade.

Passaram-se alguns dias, Otto havia terminado o relatório da última reunião e vai até o quarto de Vitor pedir uma informação.

— Vitor, cadê a imagens dos gráficos que.. - Ele se surpreende ao ver a cama do homem com vários livros de linguagens de sinais e ele praticando os movimentos em frente ao espelho. — O quê é isso?

Vitor rapidamente se recompõe e encara Otto com uma expressão envergonhada.

— Nada que te interessa. — Ele disse recolhendo os livros.

— Ei espera! — Ele consegue pegar um dos livros e vê a capa. — Linguagem de sinais? Quê isso? É um hobby?

— Me dá isso! — Ele fala em um tom irritado.

Ele devolve o livro para Vitor e encara o amigo, seu olhar perspicaz não deixa nada passar.

— Por quê quer aprender língua de sinais?

— Não tem interessa, por quê não bateu na porta?

— Ela estava meia aberta..  — Ele espreme os olhos. — Tá tudo bem?

— Está! Agora saia!

Otto sorri do temperamento do amigo e dá uma leve concordância de cabeça.

— Estou indo. — Ele então vai em direção a porta e antes de sair ele encara Vitor. — Você está se saindo bem pra tentar se comunicar com a mulher que você está gostando. - Então fecha a porta do quarto.

Vitor solta um leve murmurar, ele balança a cabeça negativamente tentando a convencer a si mesmo que não era isso.

Parece que não adiantou muito.

Continua...

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⏰ Última atualização: Apr 09 ⏰

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