Capítulo 21

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Era inverno, mais outra estação do ano.. em pleno dezembro, o tédio tomou conta do garoto de cabelos loiros.. bem, as provas não eram algo que precisava se preocupar, pelo menos não por enquanto, e lá estava ele, mas uma vez naquele lago ao qual lhe trazia as únicas lembranças boas que restara de seu pai, ele cerrava seus dentes e segurava firmemente o cristal brilhante em sua mão enquanto deixava suas lágrimas descerem e molharem toda a extensão de seu cardigã verde claro

Quem estava de fora achava que estava tudo bem, "um garoto simpático e com um belo sorriso no rosto deve estar muito nem na vida"  disseram, aquela máscara de bom garoto que sempre a colocava em locais públicos era sua forma de mascarar suas reais emoções, há dois dias atrás quando foi comprar uma sacola de pães de forma juntamente com um queijo fatiado, exigência de Luísa, se deparou com uma cena que o fez desabar e quase derramar suas lágrimas em frente a panificadora. Apenas uma cena comum do dia a dia de um pai brincando de basquete com o filho em plenas 7 da manhã, mas o que foi o bastante para deixá-lo sem jeito e até mesmo envergonhado quando a atendente perguntou-lhe se estava bem, pegou a sacola e subiu em sua bicicleta aonde seguiu seu caminho até a mansão dos D'Avilla.

O barulho do revoada dos canários faz ele sair de seu transe, ele olha para os lados e sente seu rosto arder quando nota que Luísa o observava atentamente.

— Está há quanto tempo aí? - Ele se inclina para admirar seus olhos verdes.

— Ah... - Ela sorri sem graça. — Acabei de chegar, na verdade. - Ela caminha até ele e se senta ao seu lado. — Algum motivo especial para visitar esse lago todos os dias?

— Nenhum na verdade.. - Ele coça a nuca. — Senhor Manoel tem algum recado para mim?

— Não, não. - Ela sorri quando sente os peixes morderem seu pé. — Vim para te ver na verdade.

— Pra me ver? - Suas sombrancelhas arqueiam mediante tal afirmação.

— É! Não lhe vi o dia inteiro, como sempre visita esse lago resolvi te procurar neste lugar.

O sorriso genuíno da garota destabiliza Cézar, como ele pode ficar tão venerável perto de uma garotinha tão pequena? Ele engole a seco tentando disfarçar.

— E... acho que.. já está na hora dos meus remédios. - Ele faz menção em se levantar mas ela aperta em seu pulso, um sinal para que ele fique.

— O quê foi pendlenton? Quer sair só por quê estou aqui? - Ela arqueia uma das sombrancelhas.

— Não é isso Luísa.

— Eu atrapalho você né? - Cézar morde o interior da bochecha e desvia o olhar para a grama.

— Você não me atrapalha. - Ele  morde os lábios. — Só me distrai. - Sussurra, só não contava que ela tinha escutado, ela arregala os olhos para se certificar que tinha ouvido direito.

— O quê disse?

Ao notar o rosto do garoto ficar rosado ela teve certeza que tinha ouvido direito, os olhos arregalados dele juntamente com a expressão de pânico a faz ter uma crise de riso ali mesmo, mas ainda segura em seu pulso para não deixá-lo escapar.

— Eu lhe distraio, pendlenton? - Seus lábios se formam um sorriso sagaz.

— Vo-você entendeu errado.

Aquela pequena garota de cabelos loiros estava lhe atormentando e invadindo seus sonhos, seus olhos verdes a intensos sempre o observava e facilmente o desestabilizava, com o passar dos anos e todos os dias convivendo na mesma casa era praticamente impossível ele não pensar nela a cada minuto, mas algo o empatava de ser sincero consigo mesmo, ele só ainda não descobriu.

Foi só sentir a mão macia dela deslizar por seu rosto que um corrente elétrica passa por Cézar, ela está perto, até demais. Seus olhares se encontraram e logo suas pupilas se dilatam quando ele põe sua mão por cima da dela. O coração do garoto parecia que saltaria de seu peito a qualquer hora, suas mãos e rosto suavam quando Luísa aos poucos se aproximava de seu rosto.

Será seu primeiro beijo?  Luisa é será seu primeiro amor? Certamente ele era jovem demais para saber indentificar o quê estava sentindo, a cada centímetro de distância que ela quebrava entre eles Cézar ficava ainda mais ansioso, quando começou a se interessar por isso e não por robótica? Ele estava amadurecendo rápido demais por quê a vida lhe obrigou a fazer isso. Ele sai de seus pensamentos quando uma voz feminina o chama repetidas vezes.

— Cézar! Cézar!

Ele chacoalha a cabeça e abre seus olhos dando de cara com seu rosto refletido nas águas cristalinas daquela lagoa.

— CÉZAR! - Grita seu nome fazendo Cézar sobressaltar do chão.

— Ahn? - Encara a garota encostada na árvore atordoado.

— Eu lhe chamei várias vezes! Papai disse que é para se arrumar logo, a ceia será na casa dos pessoas.

— Ah.. obrigado.. - Diz frustrado, os medicamentos nos quais está tomando para aliviar a dor de sua perna estão mexendo com sua cabeça, ou é a própria Luísa que está fazendo isso e não percebe.

— Vamos logo Cézar! Eu sei que se não te arrastar até em casa você não irá para lá! - Ela pega na mão do garoto e o guia para dentro de casa aonde irão se arrumar para a festa de Natal aonde foram convidados.





Meu Querido colega de classe 🌻|°• luotto Onde histórias criam vida. Descubra agora