Capítulo Oitenta e Três

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Leonardo Petrov

Respiro fundo antes de entrar no apartamento da minha falecida prima.

A polícia finalmente liberou o local, então eu decidi pegar algumas coisas dela e não sei, guardar comigo, doar para algum abrigo. Melhor do que jogar fora.

Entro no quarto que pertencia a ela e começo a guardar em uma caixa.

Enquanto faço isso, tento não me derramar em lágrimas.

Pego um porta-retrato dela e dou um sorriso ao ver seu rosto sorridente. Yasmin era feliz, mesmo com todos os problemas, era ela feliz.

Me viro e olho para a cama. Era como se ela estivesse ali, deitada, mexendo no celular com uma expressão de seriedade no rosto.

Olho para a penteadeira e eu poderia visualizar ela se olhando no espelho enquanto passava maquiagem.

Yasmin era muito vaidosa, ela gostava de estar sempre arrumada, mesmo que fosse apenas para ir comprar pão.

Seco minhas lágrimas e termino de guardar as coisas. Mas rapidamente paro quando escuto um barulho vindo da cozinha.

Talvez o assassino tenha voltado?

Pego um dos saltos que estavam ali e vou ver quem poderia ser.

__ O que está fazendo?

Joaquim se assusta e deixa o copo cair no chão.

__ Que susto, Leo - ele coloca a mão no peito - achei que fosse o fantasma da Yasmin - reviro os olhos.

__ Fantasmas não existem.

__ Isso é o que todo mundo diz. Mas eu não vou ficar aqui, não mesmo. Vim apenas pegar minhas coisas.

__ Eu também vim pegar coisas dela. Vou doar algumas e levar algumas lembranças comigo - ele assente.

Vou até o quarto e pego as caixas. Chamo por um segurança e faço que ele leve as que vou doar, eu apenas fico com a caixa que tem as coisas que irei guardar para mim.

__ Leo - me viro para o Joaquim - acho que deve pedir desculpas a nossa mãe.

__ Uhm.

__ Olha, eu estou sempre ajudando você, só que dessa vez não. Tudo bem que está chateado com o Gael, mas não desconte nela.

__ Você não entende.

__ Eu não entendo? Eu passei boa parte da minha vida ajudando você e o Gael. Todo mundo passou pelo luto do nosso pai chorando, mas eu tive que ajudar nossa mãe a cuidar de vocês. Eu estava sempre ajudando todo mundo. Mas você nunca me viu reclamar, ou jogar na cara, ou qualquer outra coisa.

Olho para o chão e pisco os olhos lentamente.

__ Sim, eu sei. Também sinto a mesmo raiva que sente pelo Gael. Mas nem você e nem ele sabem o que é ser deixado de lado, eu sim sei como é isso. Ganhei uma bolsa para medicina em uma das melhores faculdades, e quando fui contar para ela, nossa mãe estava ocupada demais preocupada com o Gael, ou onde ele poderia estar.

Joaquim coloca a mão no meu ombro e olha nos meus olhos.

__ Sabe o que eu fiz? Fui para a rua e 20 minutos depois voltei com o Gael. Ela passou o resto do dia cuidando dele. Yolanda só descobriu sobre a bolsa, uma semana depois. Mas até lá, toda a euforia já tinha ido embora.

__ Por que está contando isso?

__ Leo, eu nunca senti raiva da nossa mãe. Eu sinto de você, do Gael, mas nunca da nossa mãe. São 3 filhos com personalidades diferentes para cuidar. Mesmo que eu não tenha recebido a mesma atenção que você ou o Gael, eu recebi o mesmo amor.

Meu Misterioso Vizinho (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora