A festa no jardim

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Os jardins da mansão Fudge eram um deslumbrante labirinto de flora silvestre, meticulosamente arranjado em uma tapeçaria de cores, texturas e alturas. Grandes cerejeiras dominavam o cenário; na primavera, suas pétalas rosadas deviam criar um espetáculo etéreo, formando um tapete delicado sobre a grama aparada com precisão. Arbustos esculpidos em formatos de animais faziam companhia a canteiros exuberantes de margaridas, rosas, peônias e lavandas. O jardim também era enriquecido por plantas trepadeiras, arbustos variados, ervas aromáticas e árvores frutíferas. Como um toque final, um lago sereno com uma ponte de madeira estilizada cruzando-o adicionava um elemento aquático. Ruínas antigas, esculturas de mármore e bancos de pedra pontuavam a paisagem, conferindo-lhe um ar de majestade e mistério. Cornélio Fudge, chefe do conselho dos alfas, tinha um orgulho especial desse recanto, tornando-o o cenário frequente das festas organizadas pelo conselho britânico.

"Ah, Malfoy, que bom que veio!" exclamou um homem mais velho, careca, com cabelos grisalhos nas têmporas. Sua pele clara contrastava com seu nariz comprido e pontudo. Vestido com um terno verde-escuro, complementado por uma gravata listrada e um chapéu-coco preto com uma fita verde, Cornélio Fudge exibia uma bengala de prata adornada com a cabeça de um papagaio na extremidade.

"Cornélio Fudge, não perderia esta comemoração por nada neste mundo," respondeu Lúcio Malfoy, apertando a mão estendida de Fudge com cortesia.

"E de fato não deveria faltar, é um evento indispensável para os membros do conselho!" Cornélio Fudge soltou em tom jocoso, dando uma piscadela para Draco, que se encontrava ao lado de seu pai, Lúcio Malfoy. Draco vestia um traje formal impecável, mas a rigidez do terno de lã preta e a gravata de seda verde-safira pareciam o estrangular. Suas feições eram de contido desconforto, como se lhe custasse cada segundo com a gravata apertada.

Uma mão delicada e frágil tocou o antebraço de Draco, procurando apoio. Sem hesitação, o jovem alfa amparou sua mãe, Narcisa, ajudando-a a se equilibrar. Com uma elegância natural, mas claramente abatida, ela trajava um vestido de seda prateada que se moldava ao seu corpo esguio, escondendo mal o seu estado físico fragilizado. Draco tentara persuadir seu pai de que Narcisa não estava em condições de comparecer a um evento tão exigente. Ela havia retornado do hospital apenas uma semana atrás, após um aborto espontâneo, e ainda corria o risco de hemorragias, segundo os médicos. O conselho médico fora claro: repouso absoluto. Lúcio, porém, ignorou completamente as advertências médicas, mais preocupado com a imagem de força e unidade conjugal que queria projetar.

Fudge e Lúcio entabularam uma conversa, e Draco notou que o líder do conselho alfa sequer lançou um olhar na direção de Narcisa. O mesmo acontecia com outros membros do conselho que os haviam cumprimentado até então. Era como se ela fosse invisível. Então, por que a obsessão de Lúcio em trazê-la, forçando-a a usar roupas justas e camadas de maquiagem para mascarar sua palidez evidente? Por que obrigá-la a acompanhá-lo quando ela mal podia andar?

"Draco," a voz sussurrante de Narcisa interrompeu seus devaneios, "seus olhos estão ficando vermelhos."

"Oh..." Draco engoliu em seco, esforçando-se para controlar suas emoções. Com um piscar, seus olhos retornaram à sua coloração azul-piscina habitual.

Ele precisava pensar em uma maneira de sair dali, talvez encontrar um lugar para que sua mãe pudesse descansar e se alimentar. No entanto, ele simplesmente não podia se ausentar sem a permissão explícita de Lúcio. Seu pai havia instruído veementemente que ele deveria manter a pose e não mostrar qualquer sinal de fraqueza diante dos membros do conselho. "Somos líderes naturais deste mundo, quase semideuses, Draco. Devemos nos portar como tal," ecoaram as palavras de seu pai, proferidas algumas horas antes.

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