Misterioso ômega

304 67 28
                                    

O guarda conduziu Harry e Neville a uma sala distinta, empurrando a porta para permitir a entrada da dupla antes de fechá-la cuidadosamente atrás de si. Comparada aos demais espaços por onde haviam passado, esta sala se destacava por sua limpeza e ordem. A iluminação suave emanava de luminárias estrategicamente posicionadas, criando um ambiente acolhedor, apesar da sua funcionalidade evidente. Contra uma das paredes, uma bancada servia de suporte para um computador de design moderno, cuja tela ampla dominava o espaço de trabalho. Próximo a ele, uma cadeira ergonômica prometia um mínimo de conforto, a qual Harry prontamente sugeriu que Neville ocupasse, considerando seu estado físico.

O computador, já ativado, exibia na tela um ícone de telefone em animação, acompanhado da pergunta interativa: "Aceitar a ligação?". Harry, percebendo a ausência de periféricos como teclado ou mouse, deduziu que o sistema operasse por toque direto na tela. Sua suposição se confirmou ao aceitar a chamada com um leve toque, demonstrando a tecnologia touchscreen do aparelho. Contudo, nada aconteceu depois do toque, a tela assumiu a coloração escura e até mesmo piscou algumas vezes em um flash azulado.

"Será que quebrou?" Neville perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

"Isso é estranho..." Harry murmurou, pousando as mãos na cintura enquanto ponderava sobre o próximo passo. "Acho que vou chamar o guarda."

Contudo, antes que Harry pudesse se mover para buscar ajuda, a tela, que havia permanecido inerte e azulada, subitamente ganhou vida. Eles foram saudados pela imagem de um Amos Diggory visivelmente preocupado, flanqueado pelas figuras sorridentes de Fred e Jorge Weasley. O contraste entre a expressão ansiosa de Amos e o semblante brincalhão dos gêmeos Weasley era notável. O cenário ao fundo não era familiar para Harry; diferia grandemente da atmosfera acolhedora e familiar da sala de estar dos Diggory. A decoração sugeria que estavam em um espaço mais formal, possivelmente um camarote reservado.

"Agora sim estamos seguros", anunciou Fred, enquanto seus dedos dançavam freneticamente sobre as teclas de um computador. Seu rosto era iluminado por aquele sorriso travesso que Harry conhecia tão bem — um prenúncio de que algo astuciosamente ilegal estava sendo executado.

"Seguros? Como assim?" indagou Neville, a confusão clara em sua voz.

"Eles estão monitorando esta ligação. E não, não estou sendo paranoico", Amos interveio, sua voz carregando um peso de seriedade mesclado com exaustão. "Tornei-me suspeito pelo fato de que o pedido de uma ligação para uma dupla de competidores da corrida tenha sido aprovado tão rapidamente. Ainda que eu esteja registrado como treinador de vocês. Suspeito que os organizadores da corrida estejam monitorando as ligações, então..."

"Ele nos pediu para tornar o processo mais privado, entende?" Jorge complementou, movimentando as mãos de forma explicativa.

"Privado, como deveria ser", reiterou Fred, sem desviar o olhar do computador ou interromper o ritmo de sua digitação.

Harry, agora com um vislumbre de apreensão, assentiu compreensivelmente. Dadas as circunstâncias, e considerando o que tinham a discutir, era imperativo que sua conversa permanecesse inaudível para os organizadores da corrida.

"Então, antes de eu expressar qualquer reclamação, devo, primeiramente, parabenizá-los", declarou Diggory, permitindo que um sorriso suavizasse as tensas linhas de preocupação em seu rosto. "Vocês superaram a primeira fase, e isso merece reconhecimento.

"Obrigado, mas tenho a impressão de que existe um 'mas' escondido aí...", comentou Harry, com um meio sorriso que tentava disfarçar sua antecipação.

"De fato, existe...", Amos suspirou profundamente antes de prosseguir. "E esse 'mas' é sobre você, Harry. Creio que já suspeita do que se trata."

Harry revirou os olhos, antecipando a reprimenda que seu treinador estava prestes a lhe fazer.

A corridaOnde histórias criam vida. Descubra agora