O último obstáculo

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A luz era tênue, mal suficiente para iluminar o estreito quarto. As lâmpadas pendiam de um lustre envelhecido no teto, lançando sombras longas e inquietantes sobre as paredes. Harry e seus companheiros adentraram o quarto com rapidez, e a porta foi logo trancada atrás deles. Embora soubessem que uma simples porta não seria capaz de conter um grupo de alfas furiosos, a barreira provisória oferecia um mínimo de proteção, algo que eles desesperadamente precisavam.

"Onde nós estamos...?" perguntou Neville, esforçando-se para enxergar na penumbra. A iluminação, embora melhor do que a do corredor por onde tinham vindo, ainda era insuficiente. O quarto era simples, quase espartano, com uma cama de madeira encostada em um canto. Não havia janelas, e o espaço era notavelmente menor e mais desprovido de luxo do que os outros quartos da mansão. Parecia mais uma cela do que um quarto.

"Isso faz sentido..." balbuciou Luna, abraçando o próprio corpo como se tentando afastar um calafrio que vinha do próprio ambiente. "Se a teoria de que Lady Dorothy foi trancafiada nesta mansão por seu marido como uma prisioneira é verdadeira, então este quarto pode muito bem ser o local onde ela foi punida, onde morreu sozinha e abandonada."

Harry tocou nas paredes, sentindo a textura áspera das marcas de unhas que pareciam arranhá-las. Uma imagem perturbadora surgiu em sua mente: uma mulher de tempos passados, batendo e arranhando aquelas paredes em desespero, clamando por perdão por um adultério que talvez nunca tenha cometido. Seus gritos e lágrimas ignorados, deixando para trás apenas uma sombra, um fantasma assombrando aquele lugar.

"Há outra porta..." anunciou Fleur, trazendo Harry de volta de seus pensamentos sombrios. Ele virou-se para onde ela indicava e, com a visão agora mais adaptada à fraca luz, notou uma porta de madeira estreita do outro lado do quarto.

"E ela está destrancada..." enfatizou Fleur, lançando a Harry um olhar significativo. A dúvida era evidente em seus olhos: seria seguro? Seria aquela a porta que os levaria à linha de chegada, ou apenas mais uma armadilha?

"Vamos... Não podemos ficar aqui," Harry sentenciou, resoluto. Ele avançou em direção à nova porta, seus passos firmes ecoando suavemente no chão de pedra. Harry atravessou a porta e encontrou-se diante de um lance de escadas. Escadas de pedra, escorregadias e desgastadas pelo tempo. O ambiente ao redor estava escuro, mas assim que ele deu o primeiro passo, lâmpadas antigas dispostas nas paredes acenderam-se de uma só vez, emitindo uma estranha luz esverdeada que lançava sombras inquietantes sobre as pedras.

"Sinistro..." comentou Luna, espiando por cima do ombro de Harry, seus olhos brilhando de curiosidade.

"Isso não parece nada convidativo," acrescentou Neville, a preocupação evidente em sua voz.

Harry concordou com um leve aceno, mas sabia que não tinham outra escolha senão seguir em frente. Eles não podiam voltar atrás. Respirando fundo, ele começou a descer as escadas, seus companheiros logo atrás. A jornada descendente era lenta e cautelosa, cada um se segurando nas paredes úmidas para evitar escorregar. As luzes verdes bruxuleantes proporcionavam apenas o suficiente de visibilidade para que não tropeçassem, mas o ambiente estava longe de ser tranquilizador.

Após alguns minutos de descida, eles finalmente chegaram ao fim das escadas. Estranhamente, nenhum deles estava cansado. O silêncio entre eles era pesado, apenas os olhares apreensivos trocados denunciavam a tensão e a adrenalina que os mantinham em alerta, suprimindo qualquer sensação de fadiga.

Eles se encontraram em uma pequena antecâmara, cujo portal de pedra os conduzia a uma sala maior, iluminada por tochas que lançavam uma luz oscilante sobre as paredes. As chamas revelavam um cenário grotesco: as paredes estavam decoradas com fileiras de caveiras, como se fossem parte de um ossuário ancestral.

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