O alfa dominante

448 89 23
                                    

Uma das analogias mais comuns para descrever alfas os coloca como predadores no topo da cadeia alimentar. Neste esquema, as presas seriam os ômegas, e os betas atuariam como intermediários ou auxiliares. No entanto, essa visão simplifica demasiadamente a complexidade do sistema ABO e dá a entender erroneamente que não há hierarquia entre os alfas, como se todos compartilhassem igualmente o poder sobre a sociedade. Na realidade, dentro da exclusiva comunidade alfa, existe uma estrutura hierárquica. Normalmente determinada por normas sociais, esta hierarquia comumente exige que o alfa mais velho de uma família seja respeitado e reverenciado como o líder do clã.

Outro fator mais instintivo também separa os alfas: o poder de dominância. Draco se lembra de ter ouvido de seus professores que certos alfas especiais têm a capacidade de emitir mais feromônios do que outros. A implicação disso é que esses alfas podem exercer uma influência mais poderosa sobre seus pares, posicionando-se como líderes mais naturais dentro do grupo. Embora isso seja raro — a produção de feromônios costuma ser bastante uniforme entre alfas — quando um se destaca além da média, ele se torna inegavelmente influente.

Victor fixou seu olhar em Draco de uma maneira que fez o coração do jovem acelerar. Draco se sentia encurralado, aprisionado por aqueles olhos de íris escuras. Seu corpo estava em um conflito interno entre fugir ou lutar, enquanto sua mente gritava em pânico, incapaz de decidir o que fazer. Parecia que uma eternidade havia se passado, com Draco à espera nervosa de um ataque por parte do alfa dominante. No entanto, Victor o surpreendeu em sua atitude despreocupada.

"Aqui, trouxe comida," disse Victor Krum, desviando sua atenção de um Draco ansioso para entregar a Hermione um prato transbordante de carne e outros alimentos do bufê. Hermione mal conseguiu segurar o prato, tanto pelo seu peso quanto pelo medo de que a comida pudesse cair.

"Victor," suspirou a beta, com um tom crítico, "foi exatamente por isso que eu tomei a iniciativa de ir ao bufê! Você sempre exagera. Sua única tarefa era encontrar uma mesa para nós. Conseguiu cumprir?"

Draco arregalou os olhos, incrédulo. Uma beta ousava falar assim com um alfa dominante? Dando-lhe instruções? Para qualquer alfa, isso já seria surpreendente; mas vindo de uma beta e direcionado a um alfa dominante, parecia uma afronta quase fatal. O olhar de Draco se voltou para Victor, à espera de uma explosão de fúria ou de um comportamento bestial. No entanto, Victor parecia completamente imperturbável. Apenas deu de ombros, o que fez Hermione revirar os olhos em impaciência.

Remo conteve uma risada, enquanto Draco ainda estava boquiaberto.

"Se quiserem," ofereceu Lupin, "podem se juntar a nós. Temos um lugar à sombra em nossa mesa."

Hermione lançou um olhar faiscante para o outro beta e sorriu, entusiasmada. "Isso seria maravilhoso, não acha, Victor?" O alfa assentiu brevemente em concordância.

O grupo se dirigiu à mesa onde Narcisa e Sirius estavam sentados. Sirius, como era de se esperar, foi o primeiro a perceber a aproximação deles, provavelmente farejando a presença de um novo alfa. Não era apenas ele; outros alfas na festa também pareciam notar a aura dominante de Victor Krum, abrindo caminho para o grupo enquanto se deslocavam. Victor, por sua vez, parecia indiferente a tais reações, ou talvez, como Draco começou a suspeitar, sua expressão era deliberadamente neutra para evitar ser facilmente interpretado.

Ao alcançarem a mesa, Draco sentiu uma palpável tensão entre Sirius e Victor, mas isso durou apenas um instante. Remo Lupin rapidamente tomou a iniciativa para as apresentações:

"Encontramos alguns convidados que pareciam um pouco perdidos na festa do conselho. Acredito que, como anfitriões, é nossa função ajudá-los a se enturmar. Estes são Victor Krum e Hermione Granger, mas, infelizmente, não sei mais do que isso sobre eles."

A corridaOnde histórias criam vida. Descubra agora