A corrida

A Segunda Charada

Eles continuaram correndo, passando por cercas vivas e árvores bem aparadas, algumas delas esculpidas em formatos de animais. Os canteiros cheios de flores, combinados com o sol brilhante e o céu azul, pareciam destoar completamente da situação tensa e desesperadora dos ômegas em meio à segunda fase.

"Aquilo tudo parecia uma piada de mau gosto..." pensava Harry enquanto seguia Luna, que acabara de entrar em uma curva entre os ciprestes. Eles emergiram em um espaço aberto, adornado com bancos de ferro, um chafariz ornamentado e uma imponente estátua de um homem. A figura usava roupas de dois séculos atrás, com detalhes tão meticulosos que era possível ver os botões de seu casaco e os pelos de seu ridículo cavanhaque.

O local parecia um bom ponto para descansar, algo que Luna já estava fazendo, arfando enquanto se apoiava no chafariz decorado com sereias e peixes cujas feições eram quase humanas. Ela respirava pesadamente.

"É o chafariz a resposta?" quis saber Harry, apressado, já vasculhando o local em busca de algum cartão-charada. Eles tinham uma vantagem de 10 minutos, mas sem o grande telão mostrando a contagem regressiva, era difícil ter uma referência de tempo.

"Bem, saberemos que os 10 minutos acabaram quando os alfas chegarem," pensou sombriamente.

"N-não..." disse Luna, limpando o suor do rosto e apontando para a estátua. Harry estreitou os olhos, tentando ver mais detalhes na figura imponente do homem.

"Este é Charles Townshend, ou pelo menos a estátua dele. Não pode ser o próprio, já que morreu em 1767... Mas vocês entenderam!" disse ela, recuperando o fôlego.

"Harry, ali!" Neville apontou para o braço estendido da estátua do alfa mencionado. Charles estendia o braço à frente, com a mão para cima como se estivesse segurando algo – talvez, metaforicamente, seu grande ego, comum entre os alfas, especialmente os ricos. No entanto, de fato, havia algo em sua mão de mármore: um cartão!

Neste momento, eles ouviram sons altos vindo dos céus, acompanhados por fortes rajadas de vento. Helicópteros cinzentos com o logotipo do mascote lobo da Corrida estampado na lateral se aproximavam. Eram os alfas. Então era assim que eles iriam adentrar na segunda fase? Saltando de aeronaves em pleno voo? Mas não poderiam se dar ao luxo de se distrair com isso agora. O fato importante era que os 10 minutos de vantagem haviam se esgotado, e a verdadeira competição começava naquele instante.

"Ok, vamos pegar esse cartão!" disse Harry, correndo em direção à estátua. A estátua era alta e tinha um pedestal de mármore escuro que a elevava do chão. Neville rapidamente uniu as mãos para formar um ponto de apoio para Harry, que usou para impulsionar-se na estrutura.

"Devem existir outras estátuas como essa... Digo, eu não sabia que iríamos encontrar uma estátua aqui precisamente, mas a charada também falava do jardim, mencionando 'No coração verde onde flores despontam'. Corri pelo jardim buscando qualquer estátua... Mas deve haver outras, não podemos estar pegando o único cartão," tagarelava Luna, obviamente nervosa.

"Devem existir outras," disse Neville, tentando acalmá-la. O som dos helicópteros se aproximava cada vez mais.

Harry escalava com destreza a estátua, subindo pelo corpo do alfa e se pendurando no braço estendido para alcançar o cartão.

"Peguei!" exclamou triunfante, mas sua voz foi abafada pelo som ensurdecedor das hélices de um helicóptero que estava próximo, levantando uma forte rajada de vento e preenchendo o local com uma cacofonia irritante. Harry segurou firmemente o cartão de cor verde escuro, temendo que o vento pudesse levar com ele a única pista que tinham para a próxima charada.

Eles não deveriam ficar ali por muito tempo, não com os alfas tão perto. Harry sabia disso e se preparou para saltar para o chão, para que pudessem correr dali em busca de um local seguro para ler o cartão. Se é que existia, de fato, um local seguro. Mas antes que pudesse descer, se pendurando no braço da estátua para saltar, Neville gritou.