O sermão

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A emoção ainda vibrava no ar quando Gina quebrou o silêncio, seus olhos brilhando com admiração após a saída imponente do alfa. "Isso foi tão empolgante, Harry," ela exclamou, uma faísca de entusiasmo em sua voz. "Você precisa me ensinar como fazer isso!"

Ron não pôde conter um sorriso orgulhoso, que crescia enquanto falava. "Sabe, isso me remete aos dias de Harry no rugby. Ele era ardiloso como um relâmpago na posição de Wing, desviando dos oponentes com a mesma destreza que hoje." Seus gestos eram amplos e vivos, pintando no ar a imagem da agilidade que tanto admirava em Harry.

Carlinhos, com um olhar pensativo e dedos roçando a barba rústica que adornava seu queixo, ponderou com seriedade: "Foi impressionante, sem dúvida." Uma pausa, e então um sorriso malicioso surgiu. "Mas eu teria gostado de ver o alfa com um pouco mais de lama na cara, só para apimentar a humilhação."

Fred levantou seu celular com um ar de conspiração. "Capturamos cada momento," ele revelou, a tela iluminando seu rosto travesso.

Ao lado dele, Jorge já conspirava o que fariam em seguida. "Que tal editarmos o vídeo com uma trilha sonora cômica? Só para salgar a ferida do alfa," sugeriu com um brilho malicioso nos olhos.

Gui, carregando a sombra de um remorso mais maduro, aproximou-se de Harry com passos pesados. "Eu peço desculpas..." Sua voz era um murmúrio, e sua mão pesava sobre o ombro de Harry. "Eu deveria ter intercedido, como o irmão mais velho... E eu fiquei lá, parado, enquanto você corria riscos. Perdão, Harry, Gina."

Harry, por sua vez, sentiu o peso do silêncio e da atenção se acentuarem. "N-não precisa pedir desculpas..." Sua voz vacilou, trazendo à tona o desconforto de estar no centro de uma atenção não desejada. A verdade é que, enquanto enfrentava o alfa, sua mente estava tão focada em proteger sua família e Gina que não mediu as consequências de suas ações audaciosas.

A tensão foi cortada pela voz firme e inconfundível de Molly Weasley. "Harry Potter!" Todos os presentes, filhos por sangue ou coração, estremeceram diante da matriarca, que se impunha com as mãos firmes em sua cintura e um olhar que prometia sermões. "Para a sala, agora!"

Sua ordem era seguida por uma marcha determinada em direção ao coração da Toca, com Arthur ecoando o sentimento dela, embora com uma pitada de gentileza na severidade. "Estamos esperando por você, jovem. Vamos discutir essa corrida imprudente que você se meteu."

Harry sentiu um nó se formar em sua garganta, assentindo em silêncio enquanto seguia Arthur para dentro. O remorso o inundava; não era assim que queria apresentar seus planos de adentrar na Corrida aos pais adotivos, especialmente não a Arthur, seu guardião legal e chave para suas futuras permissões. "Espero que eu não tenha estragado tudo..." ele ruminava, coração pesado e passos lentos ao caminhar em direção ao que certamente seria uma longa conversa.

~**~

A Toca se desdobrava em um mosaico de espaços vividos e amados, cada canto impregnado de histórias e o calor da família Weasley. A sala principal, um cômodo generoso em espaço, servia como o coração pulsante da casa. Ela abraçava a sala de jantar, onde o aroma de refeições caseiras ainda pairava no ar, a sala de estar com suas poltronas convidativas, a biblioteca modesta repleta de volumes lidos e relidos, e o escritório de Arthur, um santuário de bugigangas e invenções.

Harry se aconchegava no grande sofá, um relicário de memórias com suas capas de almofadas meticulosamente costuradas e panos de crochê coloridos, obras das mãos habilidosas de Molly. O móvel, posicionado estrategicamente de frente para a lareira crepitante, era aconchegante e convidativo, sobre um tapete felpudo que acariciava os pés e contrastava com o chão de madeira que contava o tempo em cada rangido.

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