Arthur os guiou até o espaçoso quintal da Toca, um lugar que parecia um pequeno santuário da natureza. Diversas árvores de carvalho-europeu e sabugueiro pontuavam a paisagem, suas copas frondosas oferecendo sombra e abrigo. Em algumas áreas, a grama crescia alta e selvagem, um detalhe que poderia ser interpretado como negligência por alguns, mas que para a família Weasley era totalmente intencional. Eles apreciavam aquela estética rústica e natural, que frequentemente atraía visitantes como raposas e outros animais silvestres, os quais Molly Weasley tinha um carinho especial.
Falando em Molly, ela estava bem ali, ao lado de uma mesa comprida de madeira que havia sido colocada no quintal. Sobre ela, um grande caldeirão fumegante estava sendo cuidadosamente posicionado com a ajuda de seus filhos. Molly era uma mulher de estatura baixa e constituição robusta, com cabelos ruivos que emolduravam um rosto bondoso e expressivo. Ela vestia um simples vestido, complementado por um avental estampado com flores.
Ao perceber a chegada de Harry e dos gêmeos, ela largou imediatamente sua tarefa e correu para recebê-los. "Harry! Que bom que você veio!" ela exclamou, envolvendo o jovem ômega em um abraço caloroso e maternal. "Você está bem? Está se alimentando direito? Oh! Você parece mais cheinho e até com músculos! Veja só, Arthur, ele está até mais corado!"
Arthur assentiu, seu olhar encontrando o de Molly em uma troca silenciosa de orgulho e afeição pela família que tinham construído. Harry, por outro lado, sentiu suas bochechas se aquecerem com um rubor visível. Mesmo após todos os anos vivendo com os Weasley, ainda se sentia ligeiramente deslocado quando era o foco de tanta atenção e carinho, como se parte dele ainda não acreditasse que era merecedor de tal afeto.
Molly, percebendo o silêncio incomum dos gêmeos, voltou sua atenção para eles. Fred e Jorge pareciam fazer um esforço consciente para desviar o olhar, evitando o escrutínio materno. "Mas olhem para vocês! Parecem magros! O que têm comido? E essas roupas? Quando foi a última vez que foram lavadas? Meu Deus, Fred, esse casaco está rasgado?" Ela avançou para inspecionar mais de perto o filho.
"Eu sou o Jorge, mãe! Faz tanto tempo que não nos vemos, mas você deveria nos distinguir; afinal, você nos deu à luz! Disse um dos gêmeos, seu rosto contorcido numa expressão de incredulidade e um toque de humor.
"...Ela tem um ponto, mãe," o outro acrescentou, a indignação tingindo suas palavras de forma brincalhona.
"Oh, desculpe, Jorge... e Fred!" Molly exclamou, colocando as mãos na cintura. "Mas isso não invalida o que eu disse! Vão lá e comam um pouco do meu ensopado. Depois, me deem essas roupas para que eu possa lavá-las e consertá-las!"
Os gêmeos trocaram um olhar cúmplice e sorriram de forma travessa.
"Na verdade, você está certa... Eu sou o Fred e ele é o Jorge," disse Fred, recuando e plantando um beijo rápido na bochecha rosada de sua mãe antes de se afastar.
Molly resmungou algo ininteligível sobre a eterna malandragem dos gêmeos e ergueu a mão como se quisesse dar-lhes um leve tapa, mas eles já haviam se esquivado habilmente e correram em direção à mesa para se servir do ensopado.
"Bem..." Molly passou as mãos pelo avental florido, recompondo-se. "Vamos, Harry, você ainda se lembra de..."
Antes que ela pudesse terminar a frase, um homem se aproximou. Era um homem alto com o inconfundível cabelo ruivo da família e olhos azuis penetrantes. Sua barba rala dava um ar de maturidade, mas o que realmente chamava a atenção era um brinco na orelha esquerda, feito de algo que se assemelhava a um dente de tubarão. Vestido com um jeans escuro que se moldava bem às suas longas pernas e uma camiseta clara que acentuava sua estrutura física, ele irradiava uma aura de confiança casual.
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A corrida
FanfictionUma tradição antiga, que remonta aos primórdios da humanidade e aos albores da sociedade Alfa-Beta-Ômega, perdura até hoje: a Corrida. Apesar do nome aparentemente simples, esta prática é uma das pedras angulares dos mitos e crenças dessa civilizaçã...