Desacelere

#1 - fuja

𝑵𝒂̃𝒐 𝒔𝒆 𝒑𝒐𝒏𝒉𝒂 𝒏𝒂 𝒇𝒓𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒅𝒐 𝒂𝒎𝒐𝒓 𝒎𝒂𝒔 𝒔𝒊𝒎 𝒅𝒂 𝒂𝒅𝒓𝒆𝒏𝒂𝒍𝒊𝒏𝒂, 𝒂𝒎𝒃𝒐𝒔 𝒗𝒂̃𝒐 𝒕𝒆 𝒂𝒑𝒂𝒗𝒐𝒓𝒂𝒓 𝒆 𝒑𝒂𝒍𝒑𝒊𝒕𝒂𝒓 𝒔𝒆𝒖 𝒄𝒐𝒓𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒏𝒂 𝒎𝒆𝒔𝒎𝒂 𝒗𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒖𝒎 𝒊𝒏𝒇𝒂𝒓𝒕𝒐.

- 𝙢𝙖𝙨 𝙫𝙤𝙘𝙚̂ 𝙨𝙤́ 𝙫𝙖𝙞 𝙨𝙤𝙗𝙧𝙚𝙫𝙞𝙫𝙚𝙧 𝙖 𝙪𝙢 𝙙𝙚𝙡𝙚𝙨.

- eu não ouço nada - Claire disse, a respiração tão alta que me fazia acreditar que poderia ser ouvida a metros dali - despistamos eles?

- eu não sei - respondo sem poder dizer nada melhor ou mais aliviador.

Tudo que ouço além do fôlego da minha melhor amiga é o meu coração palpitando na garganta a secando totalmente, me fazendo engolir nada mais do que o desespero seco e arrependimento cru.

Estamos escondidas nas árvores do bosque da praça principal, vazia a essa hora da noite, assombrosa como se fossemos as próximas vítimas em um filme de terror.

E talvez, sejamos mesmo.

- não deveríamos ter feito aquilo... - ela diz como se fosse começar a chorar a qualquer segundo - droga Aurora por que fomos provoca-los?!

- silêncio. - eu digo para ela com rispidez.

- sério que vai me mandar ficar quieta agora?!

Eu diminuo ainda mais meu Tom de voz.

- shh... Eu tô falando sério, escuta.

Alguns galhos são quebrados ali perto, depois disso alguns passos pesados parecem ressoar na nossa direção.

- cadê você gracinha? - ouço Thomas grunhir como o porco que é.

Ele não está apenas puto da vida. Ele está completamente bêbado também.

- a gente vai achar você mais cedo ou mais tarde. - diz o outro garoto, Norman é o nome dele eu acho.

Ele está carregando uma câmera, como se realmente fosse documentar um seriado de horror.

E se nos acharem aqui. Será isso mesmo.

- merda, merda! - Claire geme de medo ao meu lado, vejo somente agora as lágrimas no rosto dela - devíamos ter deixado pra lá...

Vê-la chorando me desestabiliza, isso por que eu não a vejo assim desde o diagnóstico que recebeu no mês passado.

Nem quando ela começou a quimioterapia contra o câncer que está corroendo sua pele chorou de uma forma tão dolorosa quanto agora.

Começou apenas com umas manchas pequenas pelos braços, logo em seguida ela estava em uma cama de hospital, em prantos por descobrir o melanoma.

E eu não sabia como ajudá-la naquela hora.

Sei muito menos agora.

É culpa minha.

- corra. - digo sem pensar muito no que estou dizendo.