Todas as salas de espera em Hospitais são iguais, são as mesmas cadeiras desconfortáveis, mesmo que mude de cor.
As mesmas plantas de plástico que só mudam de vaso e de forma. Sempre mais verdes do que deveriam realmente ser.
Sempre a mesma aflição, a inquietude de se sentir impotente. De não poder fazer nada além de esperar.
Essa é a pior parte.
Não tenho notícias a horas e os pais de Claire não parecem estarem com mais sorte.
E pensar que a última coisa que fiz a ela foi deixá-la preocupada, se eu não me metesse naqueles boatos ou tivesse atrasado no estacionamento eu a teria visto antes, teria dito algo melhor.
Eu preciso vê-la mais uma vez para compensa-la.
Me escolho na poltrona ao perceber que estou pensando de uma forma horrível, claro que irei ver a Claire de novo ela vai melhorar e vamos voltar pra escola e nos ver nos fins de semana para dormir na casa da outra como fizemos da última vez.
Sei que sempre que ela saí do hospital tem medo de dormir sozinha, não que queira preocupar seus pais com isso, então fazemos as festas do pijama.
Isso parece tranquiliza-la, e no fundo faz o mesmo comigo, me sinto melhor quando passo um tempo com ela. Simplesmente esqueço que também estou doente.
Detesto isso, os hospitais.
- você já comeu alguma coisa Aurora? - a médica da Claire aparece de repente ao meu lado, eu quase me assusto ao vê-la parada ali.
Não sabia que médicos tinham um passo tão leve.
- ela já acordou? - Ela suspira ao ver que ignorei sua pergunta - ainda não comi nada, desculpe.
- já faz umas horas, temos umas máquinas de lanches aqui sabia? Eu recomendo as barras de cereal, caem bem no jantar.
Nem sequer percebi que já anoiteceu, olho para o relógio de fundo meio apagado na parede ao nosso lado, já são sete horas da noite.
Estou aqui a tarde inteira.
- não estou com fome ainda, pra ser sincera. - digo esperando que ela responda minha pergunta também, sobre como minha amiga está.
- seus pais sabem que ficou aqui esse tempo todo?
Por que ela tá fugindo do assunto?
Médicos são sempre estranhos assim?
- liguei pra minha mãe mas ela e meu pai trabalham até tarde, vão vir logo.
- que bom. - ela diz olhando para o relógio em seu pulso. - pode vir comigo?
Ela diz sem tirar os olhos do seu braço.
O que está acontecendo?
Eu a sigo por uns corredores, sou a única que parece estar rígida aqui e quando o silêncio consome todo o espaço ela começa a falar outra vez.
- descobrimos que a Claire estava com uma metástase depois de uns exames - ela explica - basicamente o melanoma pode se espalhar para outras partes do corpo, como pulmões, fígado, cérebro e ossos, tornando o tratamento mais difícil.
Eu aperto a manga da minha blusa com as unhas. Isso não é nada bom.
- e a metástase é muito perigosa para ela?
A doutora parece pensar em como me responder aquilo, significa que não deve ser boas notícias também;
- encontramos apenas no pulmão dela, o que é perigoso mas também não é tão ruim, se estivesse em mais lugares seria mais preocupante. Então por hora, ela não está respirando muito bem sozinha, tenha isso em mente, ela pode de repente parecer sem fôlego e precisar parar para consumir o dobro de oxigênio.
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Desacelere
FanfictionAurora Brooks nunca teve um convívio justo com seu destino, ela teve que abrir mão de sua carreira como atleta por conta da asma que se desenvolveu drasticamente em seu corpo, além de carregar a culpa da morte de sua amiga de infância Claire Arkins...