#17 - todos os nossos pecados

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Todos nós tentamos,
esforçadamente, esconder nossos
pecados da luz do dia.

Mantê-los sob a escuridão para que
não possamos ver a nós mesmos no
meio da perdição, no desastre que
Causamos.

E eu e Kellan estamos no mesmo
castigo perpétuo. Com a mesma
condenação.

Mas por um momento, por uma única noite.

Eu me permiti esquecer todos os nossos pecados.

A luz do sol é tênue e fraca no corredor, o som do trânsito é calmo e sem gritos raivosos ou buzinas impacientes.

É como se o mundo todo estivesse finalmente calmo.

O que me acorda é o calor, eu empurro as cobertas com meus pés de forma preguiçosa e me viro de costas tentando me arrumar no travesseiro, mas quando meus dedos sobem na altura do meu rosto para afofar aonde me deito percebo que não se trata de travesseiro nenhum.

É o braço de alguém.

O braço longo e forte de Kellan.

Demoro para processar essa idéia e com uma supresa repentina de ter esquecido de que dormi aqui e com ele acabo arqueando meu corpo para trás, esbarrando contra o peito dele.

Só então percebo minhas costas tocam diretamente sua pele.

Estou dormindo nua.

E não foi só minhas costas que sentiram seu corpo, minha bunda também está tocando na pelve dele, sentindo seu membro descoberto e adormecido tocando minha pele desprovida de roupa.

Por que Kellan também dormiu nu.

Preciso sair daqui. Antes que acorde ele.

Ter passado a noite provavelmente foi um erro.

Na verdade só de tê-lo beijado pra início de conversa já fora um tremendo erro.

Mas se que quero tanto me arrepender por que agora sob o amanhecer,
quando seu corpo é iluminado pela
luz clara do sol da manhã eu só
consigo admirá-lo?

Quando me vejo sentada na sua cama o lençol também escorregou pelo corpo dele.

E Kellan permanece deitado na mesma posição, como se até dormindo tentasse me deixar confortável.

Cada detalhe está tão claro quanto o
amanhecer que surge, seu maxilar
relaxado, seu peito esguio subindo
e descendo sem esforço enquanto respira, os cabelos negros meio bagunçados, até mesmo
seus machucados atraem meu olhar.

Eu o vejo por completo. O vejo de
verdade.

Meu inimigo.

Meu ódio pessoal.

O homem que eu deveria querer ver
sofrendo.

Então por que tudo o que consigo
sentir éo desejo de acariciar seus
cabelos rubros e me encolher dentro
do espaço de seu corpo para sentir
seu calor outra vez?

Por que ao invés de querer embora estou ansiando por ficar?

E principalmente, porque me
dói tanto sair de fininho do seu
quarto?

Eu sei o porque, mas não posso
aceitar, eu não suportariaa verdade.

Céus.

Que Deus me proteja.

Estou me apaixonando por ele outra
vez.

Isso não pode acontecer.

Depois de hoje isso nunca mais vai voltar a acontecer.

DesacelereOnde histórias criam vida. Descubra agora