Desacelere

#29 - fim.

ɴᴇɴʜᴜᴍᴀ ᴀʟᴍᴀ ᴇ́ ᴅᴏʟᴏʀᴏsᴀ ᴅᴇᴍᴀɪs ᴘᴀʀᴀ ɴᴀ̃ᴏ ᴍᴇʀᴇᴄᴇʀ ᴀᴍᴏʀ.

𝐄 𝒏𝒖𝒏𝒄𝒂 𝒆́ 𝒕𝒂𝒓𝒅𝒆 𝒅𝒆𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒑𝒓𝒂 𝒔𝒆 𝒕𝒆𝒓 𝒐 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒒𝒖𝒆 𝒕𝒂𝒏𝒕𝒐 𝒂𝒏𝒔𝒆𝒊𝒂.

*parte Aurora*

Crescer é uma experiência única e sem volta, saímos de onde vivemos, nossos sonhos mudam, nossa disponibilidade para a vida se altera.

As preocupações parecem diferentes, a alegria, a tristeza, tudo tem novos motivos, novos hábitos, novas pessoas.

Me lembro de ter o hábito de querer crescer rápido demais, roubar na medida de altura ficando na ponta dos pés só para ter uns centímetros de vantagem, por meias em sutiãs, maquiagens borradas, namorados imaginários.

As vezes afundar em livros de romance e morder os lábios ao imaginar um primeiro beijo.

Mas só sei agora que o que mais sinto falta é de realmente poder ser infantil, ter novamente a sensação de ser levada pra cama quando pegasse no sono na sala.

Sentimos falta de coisas tão simples.

Quando volto pra essa cidade, a minha cidade natal, e quando o Corvette passa pelas praças, sorveterias, monumentos, eu só consigo me apoiar no vidro e respirar um pouco do ar do lugar no qual cresci.

Aonde cresci junto de Claire.

Aonde meus pais se conheceram.

Aonde eu me apaixonei por Kellan.

São tantas lembranças aqui.

Tantas coisas que eu pensei já ter deixado pra trás.

Me pergunto por que a dor me levou pra tão longe desse lugar.

Eu poderia voltar algum dia e apenas ficar?

Passei tanto tempo fugindo que não me estabeleci em lar algum.

Tudo que pensei por muito tempo foi em vingança.

E agora parece que tenho tantas possibilidades, tantas chances de começar de novo.

E como um sinal disso sinto os dedos de Kellan deslizando sob os meus, entrelaçando eles e brincando com meu anelar fazendo uma carícia sutil.

- bom dia princesa. - ele diz, posso ouvir sua voz cansada da viagem por ter dirigido a noite toda, mas também sinto comodidade - dormiu bem?

Me lembro do amanhecer em que eu pensei sozinha o quanto gostaria de ter mais manhãs ao lado dele.

Esse desejo ainda permanece ardente no meu coração.

- dormi... - digo me revirando no banco para olhar diretamente para ele. - fazia dias que eu não descansava assim.

Tanto que acabei dormindo quase até a metade do dia.

Ele sorri para a minha resposta, como se estivesse planejando me provocar;

- você tem um ronco fofo dormindo, sabia?