CAPÍTULO 2 A SOMBRA

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Os gritos de dor aumentando e depois diminuindo em torno das paredes de cimento estão ficando um pouco irritantes.

Às vezes, é uma merda ser a hacker e a executora. Eu gosto pra caralho de machucar as pessoas, mas esta noite, não estou com paciência para esse idiota chorão.

E eu costumo ter a paciência de uma santa.

Sei esperar pelo que eu mais quero. Mas quando estou tentando obter algumas informações e o cara está muito ocupado cagando nas calças, e chorando em vez de me dar uma resposta coerente, fico um pouco irritada.

— Esta faca está prestes a atravessar metade do seu globo ocular — aviso. — Não terei nem um pingo piedade de você ao enfiar isso direto no seu cérebro.

— Porra, moça— ele chora. — Eu te disse que fui ao armazém algumas vezes. Não sei nada sobre a porra de um ritual.

— Então, está dizendo que você é inútil — deduzo, avançando a lâmina em direção ao olho dele.

Ele os aperta como se a pele, que não é mais espessa do que um centímetro, fosse impedir a faca de atravessar o seu olho.

Ridículo pra caralho.

— Não, não, não — ele implora. — Conheço alguém lá que pode lhe dar mais informações.

O suor escorre por seu nariz, misturando-se com o sangue em seu rosto. Seu cabelo loiro enorme e oleoso está emaranhado na testa e na parte de trás do seu pescoço. Acho que neste momento não é mais loiro, já que a maior parte está pintada de vermelho.

Eu já tinha decepado uma de suas orelhas, bem como arrancado dez unhas, cortado dois calcanhares de Aquiles, dado algumas facadas em locais específicos que não permitiriam que o filho da puta sangrasse muito rápido e quebrado muitos ossos para contar.

Não tinha como o imbecil se levantar e sair daqui andando.

— Menos choro e mais conversa — vocifero, raspando a ponta da faca contra sua pálpebra ainda fechada.

Ele se afasta da faca, lágrimas despontando sob seus cílios.

— O-o nome dele é Fernando. Ele é um dos líderes da operação, encarregado de enviar mulas para ajudar a capturar as garotas. El-ele é importante no armazém, b-basicamente administra a coisa toda lá.

— Fernando do quê? — exclamo.

Ele soluça.

— Eu não sei, moça— ele geme. — Ele só se apresentou como Fernando.

— Então como ele se parece? — resmungo com os dentes cerrados, já impaciente.

Ele funga, ranho escorrendo pelos lábios rachados.

— Mexicano, careca, tem uma cicatriz na linha do cabelo, e barba. Não tem como confundir a cicatriz, é muito fodida de se olhar.

Eu giro meu pescoço, gemendo quando os músculos estalam. Foi um longo dia de merda.

— Legal, obrigado cara — digo casualmente, como se não o estivesse torturando lentamente nas últimas três horas.

Sua respiração se acalma, e ele olha para mim com os feios olhos castanhos, cheio de esperança irradiando deles.

Eu quase ri.

— V-você vai me deixar ir? — ele pergunta, olhando para mim como um maldito cachorrinho de rua.

— Claro — sibilo. — Se você conseguir se levantar e andar.

Ele olha para os tendões rompido dos calcanhares, sabendo tão bem quanto eu que se ele ficar de pé, seu corpo vai cair para a frente.

1°  Livro| Assombrando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora