CAPÍTULO 13 A MANIPULADORA

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— Acabei de receber a primeira rodada de edições — digo à Choerry pelo telefone. — Vou começar esta noite.

— Maravilhoso, me avise se precisar de alguma coisa — diz ela.

Estou andando pelo meu corredor pouco iluminado em direção ao meu quarto quando um flash de movimento me chama atenção. Eu congelo, meu dedo apenas aperta o botão vermelho quando vejo o que parece ser uma mulher desaparecendo pela porta do sótão.

Um sorriso se forma no meu rosto antes que eu possa evitá-lo.

Em todos os anos que estive nesta casa, só vi uma aparição algumas poucas vezes. Mais frequentemente, ouvi vozes, passos, portas batendo e senti correntes de ar geladas, mas raramente algo visual.

Mas eu sei o que acabei de ver.

Uma mulher com um vestido branco com cabelos loiros cacheados.

Eu não vi seu rosto, mas há uma sensação clara de que era Gigi.

Quase derrubo meu celular ao ir atrás dela. Eu corro pelo corredor e abro a porta do sótão. Está escuro como breu em direção as escadas, e há aquele comichão na parte de trás do meu cérebro, mas isso não me impede.

Eu ligo a lanterna do meu telefone e subo rapidamente as escadas. O peso de um mau pressentimento se assenta sob meus ombros, mas eu me esforço para o ignorar. Quem quer que fosse, eles queriam que eu visse algo. Eu estremeço de medo e de alegria.

No momento em que chego lá em cima, parece que respiro dentro d'água. O ar aqui é sufocante e pesado, carregado de negatividade.

Parece que algo escuro consumiu este espaço. E não gosta que eu esteja aqui em cima. Eu posso o sentir olhando para mim de todos os ângulos.

Há uma única lâmpada aqui em cima em algum lugar com um fio longo preso a ela. Eu giro minha lanterna ao redor até que acho o fio.

Ele está balançando para frente e para trás em um sótão sem fluxo de ar e onde a atmosfera parece mais densa do que a floresta do lado de fora deste casarão.

Apressada, pego o fio balançando e o puxo, clicando sobre a lâmpada. Um zumbido rompe o silêncio, acrescentando uma extra nota de medo.

Eu aperto meus olhos, preparando-me para ver um monstro assustador escondido no canto, mas não tem anda aqui em cima.

Pelo menos, não que eu consiga ver.

— Por que você me trouxe até aqui, Gigi? — pergunto em voz alta, olhando ao redor da área e tentando descobrir o que eu poderia ver aqui em cima.

É claro, não recebo resposta. Nunca é tão simples assim.

Meus olhos rastreiam cada item empoeirado que enche o lugar. Eu evitei o quanto pude vir até aqui e até optei por não renovar este espaço.

Não sei o que era, mas senti que se o fizesse, algo maligno seria liberado.

Eu já tenho monstros suficientes me assombrando.

Há um espelho velho e rachado no canto com um lençol branco pendurado parcialmente sobre ele. Eu me certifico de evitar olhar para ele a todo custo. Eu amo ter medo, mas ainda não tenho nenhum desejo de ver um demônio parado atrás de mim no espelho.

Pilhas de caixas empoeiradas e sacolas estão espalhadas por toda a área. É uma sala bastante grande, portanto, há muitos lugares para se olhar.

Enfiando meu celular no bolso, respiro fundo, sentindo como se tivesse acabado de encher meus pulmões com lixo tóxico. E então, vou até uma das caixas e começo a vasculhar.

1°  Livro| Assombrando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora