CAPÍTULO 21 A MANIPULADORA

95 8 5
                                    


Eu estou cozinhando.

Vovó costumava fazer esse ensopado horrível quando eu era jovem. Cheirava a lixo e tinha um gosto ainda pior. Minha atitude, nesse momento, está tão sórdida quanto aquele ensopado.

— Eu nem sei o nome dela — gemo, minha voz abafada pelas minhas mãos. Elas estão grudadas no meu rosto desde que Jungeun chegou aqui, e eu confessei que ela invadiu novamente.

Ainda não me dei conta do que aconteceu. Não há um pingo de coragem em meus ossos. Ela está esperando pacientemente, sabendo que estou escondendo algo. Algo terrível e vergonhoso. E algo que eu não consigo parar de pensar.

— Você transou com ela, não foi? — ela pergunta calmamente.

Meus olhos se arregalam, e eu desgrudo minhas mãos do meu rosto para que possa encará-la com um olhar.

— Não, eu não transei com ela — rosno, como se ela estivesse sugerindo algo insano e como se eu não tivesse chegado muito perto disso. Eu posso sentir o sangue subindo em minhas bochechas e meu olho esquerdo se contraindo.

Porra. Jungeun sabe que esse é o meu tique.

— Você transou! — ela explode, levantando-se de sua cadeira e olhando para mim com choque.

— Eu não fiz isso! Juro — eu me apresso a dizer, agarrando sua mão. — Mas... algo aconteceu.

Ela solta um suspiro e se ajeita na cadeira, voltando para a ilha na minha cozinha e pegando sua margarita. Ela toma dois goles enormes, a apreensão em seu rosto. — Ela é intersexual. — Um detalhe que ainda estou processando dês que ela falou que eu iria pro céu desta forma.

— Hm... Você chupou o pau dela? — ela chuta, levantando a mão para mexer em seu piercing na orelha.

As imagens que essas palavras acabaram de colocar na minha cabeça fazem minha pressão arterial subir a níveis perigosos. Eu mordo meu lábio e balanço minha cabeça lentamente, o olhar culpado ainda presente no meu rosto.

Ela chupou você?

Quando eu apenas olho, a culpa em meus olhos queima mais forte, sua boca se abre e seus olhos se arregalam.

— Cadela, que merda! — ela grita. Ela se inclina mais perto, uma emoção ilegível queimando em seus olhos. — Foi consensual?

E é aqui que eu me enrolo. Porque não foi. Mas se ela tivesse continuado, se ela tivesse tirado as roupas do corpo e me fodido, não posso dizer, com certeza, que eu a teria impedido. Ou que eu não queria isso.

Ainda assim, balanço a cabeça negativamente.

Fúria brilha em seus olhos castanhos, e seus lábios se torcem em um rosnado. Eu me inclino para trás, honestamente com um pouco de medo dela.

Eu coloquei minha mão na dela.

— Jungeun... bem, não foi consensual... no começo? — Digo a última parte como uma pergunta, envergonhada por admitir algo assim.

Ela pisca.

— No começo — ela ecoa. — Significa o quê? Ela foi tão boa que te fez mudar de ideia?

Minhas mãos cobrem meu rosto, mas ela as afasta, quase encostando o nariz no meu enquanto ela espera atentamente por uma resposta.

— Você tem olhos tão bonitos — digo a ela.

Ela rosna para mim.

— Fala logo, vadia.

Fecho os olhos com um suspiro resignado.

1°  Livro| Assombrando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora