CAPÍTULO 8 A MANIPULADORA

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Jungeun leva Luke para casa enquanto eu levo Arch de volta ao casarão. Ele me pediu para ir à sua, mas eu me senti muito mais segura em minha própria casa. Mais no controle.

Recapitulando, não deveria levá-lo a uma casa que fica em um penhasco, rodeado de bosques e a vários quilômetros da civilização.

Sobretudo, com uma stalker por perto que gosta de invadir.

Meu Deus, isso foi estúpido.

Minha casa não é mais segura de forma alguma, mas não consegui ir até a casa dele. Não gosto de estar em lugares desconhecidos com estranhos. Como se eu pudesse entrar em uma casa da qual nunca mais sairei. Isso me faz sentir muito mais frágil, embora eu esteja em uma posição de maior vulnerabilidade que poderia estar neste momento.

— Você tem uma bela casa — elogia Arch, seus olhos percorrem toda a sala de estar e cozinha. Atualizei o papel de parede para um paisley preto mais moderno, livrei-me das trágicas cortinas douradas, substituí-as por cortinas vermelhas e mudei os sofás para outros de couro vermelho.

Mas seus olhos continuam desviando para os degraus de madeira preta como se ele soubesse que levam ao meu quarto.

Exceto pelo fato de eu ter planos diferentes.

— Essa não é a melhor parte — brinco, agarrando sua mão e levando-o pelo corredor até meu quarto favorito no Casarão Peaches.

O solário.

Eu não costumo vir aqui com muita frequência. É onde Nana e eu passávamos a maior parte do nosso tempo juntos. Dói entrar aqui quando a sala ainda está coberta pela sua presença.

Respirando fundo, abro as portas duplas e entro.

Este quarto é uma caixa de vidro. No teto, nas paredes, por toda parte à nossa volta, formando uma grande janela. É também o melhor lugar para se estar. Tem vista para a beira do penhasco, as águas brilhando sob o luar.

Mas a parte mais notável está logo acima de nós. As estrelas são de tirar o fôlego. Aqui não temos poluição luminosa. O céu noturno brilha com orbes de diamantes, reluzindo e piscando contra o pano de fundo preto.

A cabeça de Arch vira lentamente enquanto ele observa a visão diante dele. E então ele inclina a cabeça para trás, olhando para o céu com a boca aberta.

Imagino que seja um dos poucos momentos em que este homem tenha parecido pouco atraente. Mas para mim, ele nunca esteve mais atraente a noite inteira.

Ele não está preocupado em controlar seu rosto e seus movimentos, tampouco se preocupa em praticar e seguir um roteiro. Ele é apenas um homem admirado com a beleza que o rodeia.

— Caramba — ele murmura finalmente, sua voz profunda encantada com a vista. Ele vira sua cabeça para mim, os cantos de seus olhos arregaram com deleite.

As luas azuis em seus olhos estão brilhando com uma emoção que não consigo identificar. Só quando aquela máscara volta sobre seu rosto é que percebo que ele parecia triste. Melancólico.

E quero saber o motivo, mas pela forma que seus olhos estão aquecendo como a boca de um fogão, eu sei que perdi a oportunidade.

— Você tem algo especial aqui — diz ele com a voz baixa, rondando em minha direção. As estrelas há muito esquecidas, e a única coisa que ele não consegue desviar o olhar agora sou eu.

— Tenho — falo em um sussurro, vendo-o chegar mais perto enquanto prendo a respiração.

Há um pequeno puxão na parte de trás da minha cabeça – uma sensação instintiva que me lembra que estou em uma caixa de vidro com uma sombra possivelmente escondida do lado de fora. Agraciada com uma visão completa do que está acontecendo.

1°  Livro| Assombrando Jiwoo (G!P Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora