Capítulo 3: Verdade

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  Antes de sair de casa para ir à escola, presenciei algo estranho. Elya tava chorando muito, não consegui saber se era de dor, de felicidade, de manha, não sei. Minha mãe também não sabia, não conseguiu interpretar nada que Elya estava tentando dizer. Por incrível que pareça, mãe conseguiu controlar a situação (gritando, por sinal) e Elya parou de chorar. Esses dias ultimamente estão muito estranhos em relação à minha irmã. Por que ela está 'assim'?

  Cheguei na escola e tive nem tempo de respirar que Emily já vem até mim para me encher o saco. Ela não fazia isso todo dia, pelo menos comigo.

— E aí, Carlo! Pra você ver como sou uma boa amiga, escrevi as anotações de ontem pra você. Como eu sei muito bem que você não faz nenhum proveito do que anoto, não vou acabar lhe dando. — Disse-a com uma rama de papel nas mãos.

— Tá certo, não quero mesmo. — Disse revirando os olhos. Eu, de fato, não poderia me importar menos.

— Ei, aquela pergunta que você me fez ontem: "existe algo que criou absolutamente tudo?", andei pesquisando sobre. — Confirma ela pensativa. Não esperava dela lembrar disso, do jeito que ela é, parece que tem alzheimer.

— É? Descobriu o quê?

— Descobri nada, mas por curiosidade, uma visão científica——

  Nesse momento, a interrompi na hora.

— É sério que vai começar a falar de Big Bang, relatividade, etc.?!

— Eu ia falar de Issac Newton, mas tudo bem. Para algo ter criado tudo, esse algo deveria começar pelo universo. O universo é constituído de vazio sendo infinito, pois está sempre crescendo. Nesse vazio, tem os átomos, que são eternos e indestrutíveis. Se o universo é só vazio e átomos, o algo criador tem que começar a ter criado alguma coisa que não se destrua de forma nenhuma para sustentar o universo, portanto o átomo. Isso dá sentido para tudo que existe possa realmente existir.

— Isso não responde quem criou...

— Verdade, mas te digo que esse criador aí é esperto. Criar os átomos para tudo fazer parte de si mesmo...! Ei, isso é foda. — Disse ela bem feliz. Parecia que tinha feito a invenção do século.

— Você pesquisou isso por conta própria?

— Claro, né? Quem você acha que eu sou?! Acho interessante as 'coisas' da ciência.

— Mas o que perguntei não é científico... — Disse de maneira duvidosa. Realmente era uma dúvida. No final, tudo se voltará para a ciência? Segundos depois, o sinal toca.

— Vai começar a aula, que droga! Justo hoje que esqueci meus óculos...! — Disse-a, que comprova o que afirmei sobre ela anteriormente.

  Aula bem preguiçosa, tanto por minha parte quanto por parte dos 'professores de hoje'. Só queria que chegasse o intervalo, ou ao menos a saída para conversar com Liandra. Engraçado, só lembrei dela justamente agora. Ela precisava sair antes ontem, o que fez nossa conversa ser breve, mas hoje deve ter mais, espero.

  Foram as 5 horas mais longas que tive o desprazer de esperar, e então, finalmente a saída. Fui direto para a biblioteca. O Soren nem falei direito com ele, pois tava focado nas aulas tediosas. Ao chegar, ele já estava conversando com ela. Cumprimentei-os de longe e cheguei na mesma mesa de antes, que estava do jeitinho de ontem, curiosamente. Desfrutar um bom suco e uma boa conversa que teríamos naquele momento era tudo que eu poderia querer nessa hora, sem querer, claro.

— Carlo, oi! Tudo bem? Nos ajude em um dilema aqui. — Disse Liandra acenando com a mão.

— Dilema?

A Linguagem de LiandraOnde histórias criam vida. Descubra agora