Capítulo 19: Amizade

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  Passaram-se duas semanas desde os eventos da peça. Agora, falta alguns dias para o tão esperado festival.

  Em plena segunda-feira, logo de manhã bem cedo, fui ao hospital para ver Elya. Infelizmente ficou por lá durante todo esse tempo. Depois das fortes dores e ter ficado de vez no hospital, ela começou a se coçar muito mais, principalmente naquela região do braço. Porém, o corpo todo dela começou a inflamar, ao ponto de passar certos produtos para aliviar e evitar que ela se coce ainda mais. Foi assim por vários dias, vários momentos dela gritando e chorando por nossa falta. Pegou um atestado indeterminado, e isso tudo é simplesmente inacreditável. Logo hoje, chegamos apenas para "autorizar" para que ela receba transfusão de sangue.

  Quando chegamos por lá, não podíamos ir vê-la diretamente, ficamos olhando-a em frente a uma janela de vidro. Elya estava dormindo — ou pelo menos aparentava —, bastante vermelha nas regiões dos braços e dos quadris. O doutor geral informou que ela tem uma grave alergia crônica, provavelmente devido à alguma bactéria ou vírus. Não sei que tipo de organismo poderia atingi-la dessa forma, mas espero que o doutor encontre uma solução logo. É muito inexplicável.

  Como nas últimas vezes, vim para a escola de carro. Estava bastante preocupado, mas acredito que Elya está perto de melhorar, mesmo depois de tantos dias. Porém, o clima não queria que eu pensasse assim. De repente, começou a chover, mas lentamente, pingo por pingo. Por impulso, corri para dentro. Todos ali perto me encararam na entrada, deixando bem claro a dúvida de qual motivo corri, e a resposta óbvia era a chuva.

  Tudo bem entediado, bem no começo. Por algum motivo, eu não estava instigado hoje. Fiquei com uma cara fechada a "aula sobre a peça" toda. Depois do intervalo, voltamos para aquele auditório insuportável. Não aguento mais ir para lá todos os dias, por sorte, o festival está mais perto do que longe.

— Carlo, já que não está fazendo nada, me ajuda aqui com esse banco. — Emily me chama tentando levantar um banco pequeno retangular. De saco cheio, vou até lá.

— Seguro por onde?

— O outro lado, para levar lá para trás.

— Para quê esse banco?

— Para a gente arrastar até o palco e servir de cenário para os atores, sua mula.

— Está bem... anda logo.

  Por outro lado, Soren ensaia mais uma vez com seu companheiro de palco. Liandra e Serene esperam a hora de entrar. Adrian se aproxima até elas.

— Vocês duas, em que momento vocês entram mesmo? Esqueci de trazer o roteiro.

— Bom, como somos as musas, entraremos depois que eles dois saírem de cena. Aí, entrarão os outros atores do outro lado e a gente ao mesmo tempo. — Diz Serene, com um sorriso no rosto, estando bem do lado do palco.

— Ah, lembrei, quais musas vocês são?

— Eu sou Calíope, e ela é... — Serene aponta para Liandra com um rosto curioso.

— Urânia... — Complementa Liandra, com um olhar vazio, sem esboçar nenhum sorriso.

— Certo. Agora, vocês irão usar algum instrumento?

— Ah, eu vou! Irei fazer uma harpinha bem pequenininha com papel dourado!

— Mas a Calíope usa uma harpa?

— Bom, no caso dela, ela não usa quando eu fiz uma pesquisa, e sim uma tábua de escrever, que nem uma prancheta.

— Pois é, são outras musas que estarão com a harpa, melhor você ficar com a tábua, ok? E a Urânia?

A Linguagem de LiandraOnde histórias criam vida. Descubra agora