Capítulo 6: Censura

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  Durante a conversa entre Soren e Liandra, Emily chega repentinamente, já que sabia que Soren estava na biblioteca.

  O bate-papo continua, dessa vez, com Emily.

  Não sei se Emily tem mais alguma coisa para fazer, ou para ter tempo de vir me importunar com Liandra. Porém, a conversa sobre a alma rendeu ótimas ideias que eu nem sequer pensei sobre. Dessa vez, Emily fez questão de participar da conversa. Nós três fomos nos conhecendo melhor, e o novo papo foi traçado.

S: Você é míope, Emily?

E: Não, tenho astigmatismo. Sem os óculos não enxergo nada.

S: Vendo daqui, dá para perceber o alto grau. Caramba...

E: Pois é, acontece. Mas, ei, Liandra, você passa o tempo todo lendo?

L: Mal leio.

E: Entendo, mas esses detalhes sobre a alma e religião é muito interessante. Tome cuidado.

L: Com o quê?

E: Pode haver gente que vai interpretar isso errado. É uma minoria, mas tem.

L: Eu não falei nada de mais...

E: Mas sabe que existem pessoas que conhecem a verdade, distorcem ela para que elas saiam com a verdade própria?

S: Isso aí é uma forma de censura, não é?

E: É uma das formas de fazer censura. Agora que você tocou nisso, o mundo sempre esteve à custa da censura, né? Boa parte de atitudes más devém da censura.

L: Para mim, censura é a mesma coisa que mentira. O fato de ocultar, modificar ou apagar informações é um ato de mentira em massa.

S: E como fica a liberdade de expressão? Fazer as pessoas não se expressarem não é um ato de mentira.

L: Verdade, mas acredito que a liberdade de expressão seja outro fator da censura que não se encaixa na mentira.

E: Cara, isso tem muito a ver mais sobre a liberdade do que a mentira em si. 

L: Mas falar de censura é também falar de liberdade?

S: Sim, a falta de liberdade.

L: Certo, mas o que é liberdade?

S: É um sentimento ou a sensação em que não somos influenciados por nada, acho.

L: Então, agora, nesse exato momento, estamos livres?

E: Pela escola, sim, estamos liberados!

L: Sim, mas vamos voltar para cá de novo amanhã, então que liberdade eu tenho se estou condenado a vir para cá? Não acha meio estranho a liberdade só ser voltado apenas para nossas escolhas e livre-arbítrio?

S: Entendi. Porém, acredito que somos condenados a ser livre, mas não de qualquer jeito. Podemos fazer o que quiser, mas existem leis e regras que limitam nossas ações.

L: Então existem vários tipos de liberdade, certo?

S: Eu acho que sim, parando para pensar...

E: Se estamos condenados a ser livre, por que não posso fazer o que eu quero sem me importar com que a lei e a sociedade diz?!

S: Se para você liberdade é isso, então vai lá e sai por aí fazer coisas ruins. Acho que você não tem consciência para isso.

E: Valeu pela resposta. Acho que o detalhe é que a liberdade não pode ser 100% atribuída ao ser humano.

L: Acho que não temos liberdade de maneira geral. O que nos dá o livre-arbítrio são nós mesmos. Dessa forma, como ser humano, somos uma essência colocada neste mundo para fazer o que bem entender, mas nem o ser humano em total dignidade tem esse 'poder'. Então, para eu ter liberdade, é preciso da vontade, sendo o que me dá a necessidade de ter ou fazer alguma coisa. Se eu tenho que agir com a minha vontade sobre a liberdade, vou acabar me frustrando, pois não consigo me limitar à liberdade. Não consigo chegar na liberdade de fato, é só ilusório.

A Linguagem de LiandraOnde histórias criam vida. Descubra agora