Capítulo 22: Tonalidade

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  Agora é noite. Emily organiza melhor sua bolsa com todos os itens necessários para colocar no festival que já é no dia seguinte. Com uma cara bem desprezível e melancólica, fica em um impasse sobre as desculpas para Soren depois do ocorrido nesse mesmo dia. Vendo sua atitude completamente imatura e imoral, não sabe como deve encará-lo em pleno festival.

  Ela vê o quão ele estava certo sobre sua falta de sinceridade consigo mesma. Afinal, como ela poderia dizer que viu seu "assediador" em pleno local de trabalho, o qual se relaciona com a irmã de seu amigo? Não parece uma tarefa fácil para ela contar a alguém sobre isso. Lembrando de alguns dias atrás ao vê-lo na loja de conveniência lhe encarando demasiado duvidoso, lhe dá um certo nojo e ódio. Mas, não era só ele, tinha mais alguém, mas, no momento, pouco lhe importava.

  Mudando de sentimentos, Emily separa seus kits que serão utilizados para o festival dessa vez, já vendo o tamanho do peso que irá levar para o grande dia. Com uma leve empolgação, sai andando para outro quarto para pegar outros suprimentos. Convenientemente, ela tropeça consigo mesma e cai de cara no chão, ainda estando com seus óculos. Por falar neles, por um milagre não foram quebrados. Em contrapartida, seus pés e braços não poderiam dizer o mesmo, nesse caso, machucados. Ela se levanta e retorna aos seus objetivos.

  Na mesma hora, em Soren;

  Está jogando tranquilamente, até ouvir a porta sendo aberta. Ele pausa seu passatempo e vai em direção a entrada. Hera chega bufando, jogando seus sapatos já em plena entrada da sala de estar.

— Caralho, por que demorou tanto? Já viu a hora?! — Indignado, pergunta Soren.

— Fui fazer compras e passar um tempinho no shopping. Por quê? Sentiu minha falta?

— Não, é por que vai dar quase 22h!

— Qual é... já cheguei em casa mais tarde que isso. Esquece, tá? Trouxe comida, dessa vez boa, para o jantar. — Ela caminha alegremente até a cozinha.

— Jantar agora? Sabe que vai acordar cedo amanhã, né?

— Nunca é tarde para comer. Aliás, Soren, você já comeu?

— Umas sobras na geladeira.

— Que lindo. Depois sou eu que passo fome...

— Sai dessa, para com isso. Caramba, não tenho um sossego... — Ele se retira indignado na cozinha. Hera o olha de longe pensativa, e vai até seu quarto, que ele retorna.

— Sabe, Soren, sobre o meu trabalho, é meu dia de folga amanhã...

— E daí? — Diz enquanto se distrai em seu vídeo game.

— E vi a divulgação da sua escola sobre o festival que vai ter, que vai durar o dia inteiro...

— Sim...

— Então, estava pensando que, para aproveitar esse momento, vou pegar esse meu tempo para ir ao festival.

  Ele pausa mais uma vez seu jogo.

— Tem certeza...? — Pergunta-o sério.

— É, tenho nada para fazer e estou a fim de ver gente, entendeu?

— Quando você tem nada para fazer, você começar a fumar e liga para a primeira pessoa disponível em sua lista de amigos. Além disso, nessa brincadeira, você vê gente todo dia, ainda mais no trabalho. Então, para que você quer ir ver um bocado de adolescente, uns fantasiados, outros felizes porque são obrigados, em um "festival" que não tem relevância nenhuma em nosso convívio social?

— Porra, Soren, se quer que não vá, é só falar! Precisa me atacar desse jeito?!

— Foi mal, mas você nunca se interessou com as coisas que tenho na escola.

A Linguagem de LiandraOnde histórias criam vida. Descubra agora