Capítulo 16: Amor

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  Como esperado, Carlo ainda não saiu do banheiro, porém, como Emily não aguentava mais esperar depois de um bom tempo de silêncio, a conversa fluiu.

L: Perdão, mas não sou de falar mal dos outros. Tenho nada contra Serene, mas esse jeito dela não me agrada.

E: Diz logo que é porque ela é "certinha" demais!

L: Também não é assim. Aff, ela disse que não tenho amor-próprio. Como pôde?

S: Ah, Liandra, não é melhor deixar isso quieto?

L: Espera... como que ela sabe que não tenho amor-próprio?

E: Então, você não tem?

L: Não sei, mas como sei que eu tenho?

S: Acho que pelos sentidos, mostrando coisas que lhe fazem bem à si e ao outro.

L: Mas não seria amor-próprio se eu demonstrasse ao outro. Agora estou confusa. Como busco o amor-próprio, se me for possível?

E: Acho que depende da maneira de como você enxerga o mundo ao seu favor. É ver o lado bom das coisas e ter um sentimento saudável.

S: Então o amor-próprio seria autoestima?

L: Se for, então isso não é amor-próprio.

E: Não! Amor-próprio não seria autoestima, e sim a base para desenvolver a autoestima. Não tem como ter autoestima elevada sem se amar antes.

L: Ter uma alta autoestima parece ser bem difícil para nós, não?

E: Parece que varia pelo estilo de vida.

S: Se eu estiver vivendo mal, eu não vou conseguir me amar? Não acho que tenha alguma relação uma coisa com a outra.

L: Mas é inegável a participação do modo de viver sobre o amor-próprio. Desse modo, se você viver uma vida relativamente triste ou achando que não tem nenhum propósito, você estará condenado a não ter amor, pois esses pensamentos não retratam a propagação do amor.

E: Amor no geral?

L: Sim. Alguém que reclama de tudo, ou que se deprecia tanto, ou que trata mal as pessoas, não tem como amar a si próprio.

S: Então é por isso que, dizem que para amar o próximo, precisa amar a si mesmo?

L: Não sei se é isso, mas faz sentido.

E: Calma lá... a doidinha lá disse que Liandra não tem amor-próprio, então não tem como ela amar o próximo. Você ama alguém, Liandra?

L: Como?

E: Ama alguém no geral? Qualquer pessoa.

L: Bom... na verdade——

S: Os pais contam?

E: Lógico. É isso que quero dizer. Se ela não se amar, nem os pais será capaz de amar. Isso é muito profundo. Se eu pudesse aproveitar mais...

S: Do que está falando?

E: Sobre meus pais, são divorciados. Meu pai está em outro país por trabalho e minha mãe me deixou independente logo cedo.

L: Ela não mora com você? Mas, você é de menor, não?

E: É... não sei como ela fez isso, mas fez. Enfim, por lógica, é bem isso essa questão do amor-próprio. Porém, acho que ela está mais conectado com a felicidade do que a autoestima.

S: Autoestima é mais a valorização de si, né?

E: Pois é, e a felicidade é o se sentir bem, leve, livre, de bem com todas as coisas. Me parece que o amor tem mais a ver com isso.

A Linguagem de LiandraOnde histórias criam vida. Descubra agora