Capítulo 11: Ikigai

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  Acordei extremamente cedo antes de ir à escola, umas duas horas antes. Meus pais me levaram para o hospital para ver como estava Elya. Estava bem preocupado nessas horas. Ficar angustiado com alguém que você tanto ama no hospital é algo muito horrível, nunca pensei que ocorreria com alguém tão próximo da minha família.

  Chegamos e fomos direto onde Elya estava. Achamos o quarto, levemente bagunçado de alguns objetos, e cheio de panos e lençóis brancos pendurados e dobrados na cama, outros desarrumados. Ela estava dormindo, bem profundamente, que, por sorte, não estava sob aparelhos médicos. A enfermeira entra no quarto e se candidata a acordá-la. Ela dá uns empurrões bem leves em Elya, e acorda depois de alguns segundos. Ela nota a nossa presença, parecia encantada ao nos ver, e parecia que passou vários anos.

  Ela me abraça de saudades, embora tenha passado quase 2 dias. Ficamos conversando com mamãe e papai. Questionei a enfermeira o que aconteceu durante esse tempo. A grosso modo, ela sofreu um colapso quando chegou ao hospital. Depois, acalmaram ela com analgésico e a examinaram. Segundo o médico que a examinou, não encontrou nada de indício do que causou esse surto, mas tudo leva a uma pressão baixa.

  Resumindo, ela teve uma crise de ansiedade e meus pais não conseguiram lidar com isso e a trouxeram para cá. Não sei nada de doenças, mas interpretei dessa forma. Acho que ela precisa mais de um psicólogo ou um psicopedagogo do que um pediatra. A essa altura, Elya não está doente fisicamente. A enfermeira disse que ela irá "receber alta" amanhã, pois hoje será feito mais exames.

  Fico decepcionado, e Elya nota isso. Ela fala diretamente aos meus olhos que está melhor e que, se Deus quiser, irá voltar para casa logo. Mas algo parecia errado, ou estranho...

  Ela me deu outro abraço, mas de despedida. Notei que seu braço direito está arranhado. Estava vendo isso pela primeira vez, mas ficou por isso mesmo. Saímos do hospital e meus pais me levaram para escola. No caminho, decidi não perder tempo.

— Vocês viram os arranhões no braço de Elya?

— Aquilo é arranhão? Não é consequência da anestesia? — Diz meu pai, se antecipando.

— É arranhão de alguma coisa, e com certeza tem nada a ver com a anestesia, Thai. Ela estava com isso antes de levarmos ao hospital. — Disse minha mãe.

— E como vi aquilo só agora?!

— Não sei, você anda trabalhando muito, ou não está prestando atenção na sua filha.

— Vou nem responder, Míria...

  Minha intenção não era complicar a relação de meus pais, mas, hoje em dia, parece que qualquer ocasião fará eles conflitarem. Isso já estava começando a me irritar.

  Finalmente, cheguei na escola, dessa vez meus pais me deixando por lá. Pelo jeito, cheguei bem atrasado, mas, ao mesmo tempo, com Liandra. Surpreendo-me ao vê-la.

— E aí, Liandra? Está sem o casaco hoje...

— Pois é, usei por muito tempo e estava sujo. Aproveitando, hoje quero debater com você e Soren.

— Pode deixar. Você veio ontem?

— Bom, vim e saí durante o intervalo. Estava meio doente e precisei voltar para casa.

A Linguagem de LiandraOnde histórias criam vida. Descubra agora