Capítulo 7: Doença

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  Já estava chegando a hora de dormir. Depois da ligação de Emily, decidi ir à cama logo. Quando fui dar boa noite aos meus pais, no quarto da Elya, a vi em uma posição no mínimo curiosa. Ela estava sentada em cima da cama com a cabeça levemente baixa, com os olhos fechados, estando bastante séria. Mãe chegou na mesma hora para ver essa cena.

— Veja, tão linda rezando... — Disse minha mãe emocionada.

— Isso é ela rezando?

— Foi o melhor jeito que vi para ela rezar. Como os joelhos dela machucam muito fácil fazendo isso no chão apoiado sobre a cama, vi que se ela ficasse sentada em cima da cama seria muito mais confortável para ela.

— A quanto tempo ela faz isso?

— Não sei, mas espero que seja todos os dias. E você já vai dormir?

— Vou, boa noite.

— Boa noite, durma bem. — Minha mãe me dá um beijo na testa e foi para seu quarto.

  Fiquei vendo essa cena de Elya e entendi o quão importante é Deus para ela, com certeza mãe a indicou para fazer isso. Agora, Elya dá um leve sorriso para si e abre os olhos. Ao me notar escorado na batente da porta, levou um leve susto e ficou vermelha de vergonha.

— Muito bem, Elya! Tava rezando?

— Tava. — Ao concordar, me aproximo dela, sento na cama e olho-a diretamente.

— Tava falando com Deus?

— Não sei como conversar com ele. Mamãe disse que ele está perto, mas tão longe.

— Algum momento você irá falar com ele, e dizer que está grata pela família que tem.

— Mamãe disse a mesma coisa! Assim espero! — Disse-a sorrindo genuinamente.

— Agora precisará dormir, certo? Boa noite. — Dou-lhe um abraço e um beijo na bochecha.

— Boa noite. Sonhe com os anjos! — Disse-a empolgada.

  Não sei o que tanto minha mãe, talvez minha vó também, andou falando para Elya sobre reza, mas seja o que for, deu certo. Mãe nunca a levou para igreja, até onde eu lembro, talvez por falta de tempo. O dia hoje foi cheio, perdi aula e não falei com quase ninguém hoje, isso é muito estranho. Porém, pude dormir da maneira mais tranquila possível comparado aos últimos dias.

  Chegou o amanhã, e acordo já estando atrasado. Mãe e pai não estão em casa, talvez foram deixar Elya na escola e foram trabalhar logo em seguida. Vejo que deixaram um bilhete em cima da mesa da cozinha, escrito: "Deixei Elya mais cedo na escola. Tem pão e queijo na geladeira para o café. Beijos!". De cara, foi mãe que escreveu isso. Obrigado, mãe, mas estou sem tempo, fiz o pão com queijo bem rápido e já saí de casa.

  Quando estou próximo da escola, recebo uma ligação de quem? Pois é, Emily. Quando vou atender para xingá-la por me ligar logo cedo, em frente a um cruzamento, vejo quem também? Exato, Emily, com o celular no ouvido. Quando a percebo, recuso a chamada na hora. Depois disso, ela me viu e fomos seguindo o mesmo percurso. Quase chegando, começamos a falar sobre ontem. Ela me deu detalhes sobre o que aconteceu na escola.

— Aliás, conheci Liandra. Vi Soren com ela conversando na biblioteca. — Disse Emily.

— Sim, uma hora você iria conhecê-la.

— Ouvi ela falando de alma, foi poético demais! Aí a gente conversou sobre censura, um assunto todo bugado, sei lá. Mas, me diga aí, você acha que somos livres?

— Depende da liberdade. Acho que socialmente nem tanto, mas intelectualmente sim.

— Uma liberdade de si?

A Linguagem de LiandraOnde histórias criam vida. Descubra agora