Capítulo 2: Princípio

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[Atenção: A partir de agora começa os diálogos propriamente dito. Haverá momentos específicos em que serão construídos dessa forma. Para facilitar a leitura para vocês e para mim, irei fazer algo parecido com os livros de diálogos filosóficos (no caso uma minoria deles), abreviarei o nome e colocarei a fala logo em seguida. Calma que voltará a estrutura normal da história quando convém. Entendido? Boa leitura!

Exemplo: L = Liandra; C = Carlo; S = Soren.]

 Tínhamos todo o tempo do mundo para falar sobre várias e várias coisas, e quando começamos a falar sobre religião, eu acho, a performance dela mudou completamente. Ela ficou estritamente séria com o que ela iria começar a falar sobre esses assuntos. Na verdade, pensei que era esses assuntos não tão convincentes, mas não importou. Qualquer coisa, eu estava com Soren e ele iria me auxiliar dessa vez. Então, bebemos um suco que compramos minutos antes do debate, e, em seguida, ela começou de vez:

L: Antes de tudo, vamos falar justamente isso: O antes de tudo. O que será que veio antes de nada disso aqui existir?

S: Mas "tudo" você diz a Terra? O universo?

L: Por aí... Existe algo mais antigo que o próprio universo?

C: Olha, queria lembrar que nem Soren e eu temos propriedade de falar sobre algo tão didático, ou parecido...!

L: Eu também não tenho. Vamos ver até onde nossa conversa vai dar, certo? Bom, dizem que deve existir alguma coisa de "arranque" que fez tudo o que existe funcione. Ou será que tudo isso aqui veio do nada?

S: Para vir do nada, ainda virá de alguma coisa, não?

C: Esse algo seria Deus?

L: Vamos com calma, temos que procurar algum raciocínio que pode levar a essas hipóteses. O que quero dizer é que deve existir algo que fez o universo, mas também deve existir outro algo que fez esse algo existir. Dessa forma, estaremos regredindo ao infinito, então esse algo ele não pode existir.

C: Então algo que não existe fez o universo?

L: Eu diria um não-ser. Lembra da filosofia? "Um Ser é e o não-ser não é"?

C: Não estudei muito, mas lembro disso.

S: Cara, a gente não tem filosofia na grade... o que estudamos de "filosofia" nem chega perto disso que ela tá falando...!

C: Ainda assim, cara!

L: Enfim, meninos, esse não-ser, ele tem que ser eterno, pois concorda que ele não pode está a favor do tempo?

S: Sim, verdade. Mas só——

L: Desculpe interromper, mas se levarmos o tempo em consideração, estaremos indo a outro 'lugar'.

C: Por quê?

L: Por que o tempo acaba trabalhando outra coisa sobre isso que estamos falando. Ele tem a ver, mas não é o ponto que quero chegar. Enfim, esse princípio eterno é o que gerou os outros princípios.

S: Ou seja, o universo, a Terra, as pessoas...?

L: Bom, pode ser, mas parece que não faz muito sentido um não-ser gerar outro não-ser, pois assim parece não gerar certos princípios como a Terra ou a natureza dela.

S: Mais fácil, eu acho que tudo sempre existiu.

C: Não concordo, algo deve ter dado movimento às coisas que existem——

L: Exato! Movimento! Se algo gerou o movimento de tudo, ele tem que ser imutável, pois o fato das coisas se moverem caracteriza a passagem do tempo. Então o não-ser aparenta ser eterno e imutável!

A Linguagem de LiandraOnde histórias criam vida. Descubra agora