Após passar um bom tempo com o namorado no lado de fora, Hera chega em casa. Sem perder tempo, a primeira coisa que ela faz é capotar no seu sofá vermelho no meio da sala, mas se levanta rapidamente. Toma banho e troca-se de roupa, colocando uma roupa mais casual, um shortinho curto e uma camisa branca.
Ela se senta no sofá confortavelmente mais uma vez e acende seu cigarro. Estando sonolenta, ela reflete sobre seus pais, que até hoje não retornaram. Isso dá uma tendência de preocupação para ela, não só isso como também em outros pontos.
Eu esperava que esse trabalho me trouxesse estresse ou algum problema físico para mim, mas até que está bem tranquilo. Deve ser porque eu comecei faz uns dias, já que ainda estou sendo treinada. Imagino a reação dos meus pais quando souberem que consegui um emprego, muito provavelmente não vão se importar nem um pouco. Querem tanto que eu trabalhe para ter uma vida boa, ou para ter "algo para fazer". Independentemente se eu trabalhar ou não, nunca terei uma vida boa. Não deveria se resumir apenas isso, mas não ligo...
Ela escuta a porta principal abrir e abre de repente os olhos. Percebeu a chegada de Soren em casa. Ele passa direto da sala, vendo a irmã brevemente e vira a cabeça. Uma visão é cerrada ao deixar de ver Soren, e solta a fumaça do cigarro em sua boca.
Depois que comecei a trabalhar, Soren não me dá mais atenção como antes, e não é por falta de tempo. Por que ele está dessa forma? Não lembro da última vez que briguei ou gritei com ele... isso foi antes de eu trabalhar. Ele falava comigo só para me insistir de buscar um emprego e depois ficou por isso mesmo?! Querendo ou não, tem alguma coisa errada...
Hera apenas se deu conta disso só agora, é inexplicável o desfalque de comunicação entre ambos. Ela não perde tempo. Antes de Soren ir para o banheiro, ela o segue para tirar algum assunto.
— Soren, irá jantar o quê? Quer que eu faça algo? — Pergunta Hera com o cigarro na boca, estando no quarto dele.
— Eu olho na geladeira, precisa fazer não.
— Não gostou da minha comida?
— Não sei. — Soren passa depressa entre Hera e a porta em direção até o banheiro.
Chegou a hora do jantar. Hera separou os pratos para ambos. Ela prepara uma macarronada basilar com almôndegas descongeladas. Separou uma porção para ela. Assim que ela estava prestes a colocar para Soren, ele pega o prato e leva para a geladeira.
— Ei! Vai aonde com esse prato?
— Vou colocar umas bolachas para comer.
— Vai jantar bolacha? Sério mesmo? Fiz esse macarrão aqui à toa?!
— Eu não pedi para você fazer macarrão. — Falou-o debochadamente.
— E vai deixar de comer isso para comer bolacha?!
— Qual o problema...? — Hera, percebendo um início de irritação desproporcional repentina, ela fica séria.
— Nada. Pode comer aí...
Hera come a macarronada que ela mesma preparou na cozinha. Já Soren, está comendo suas bolachas com suco no quarto. Hera apoia a cabeça com uma mão e segura o garfo com a outra, pensando mais uma vez diante de toda a situação atual em relação ao irmão.
Como que começou tudo isso? A culpa deve ser minha, então. Isso é muito estranho. Estou nos melhores dias, sem tempo para sair de casa para divertir, sem tempo para ficar com meu namorado, sem tempo para planejar meu próprio tempo. Isso me faz eu estar sozinha, o que me é até proveitoso. O problema é eu me sentir sozinha. Que sensação horrenda...
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A Linguagem de Liandra
Fiksi RemajaCarlo e Soren são amigos, o qual Carlo tem ideias bizarras quando convém e Soren é só o cúmplice de tudo isso. Ao quererem fazer idiotices iniciais na biblioteca, se surpreendem ao verem Liandra, uma garota que eles nunca viram e que não se interess...